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Alexandre Pellaes

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É professor, pesquisador e palestrante. Especialista em modelos flexíveis de gestão, significado do trabalho, liderança e fundador da Exboss.com
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Otimismo é ingenuidade ou estratégia no trabalho?

Muitas pessoas ainda acreditam que profissionalismo é sinônimo de rigidez, mas o otimismo ajuda a ter boas ideias e a liderar melhor

Por Alexandre Pellaes, colunista de VOCÊ RH
5 Maio 2021, 08h00
Foto mostra uma mulher branca e loira, de cabelos presos e casaco amarelo, sentada em uma mesa de trabalho e rindo muito. Ao seu lado, um colega homem de blusa preta está sorrindo.
 (Leon/Unsplash)
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Não sei você, mas eu conheço diversas pessoas com alto nível organizacional que vendem e representam o papel de rigidez e severidade como premissas essenciais de “profissionalismo” (cof!).

Na verdade, o problema vai além de uma postura de trabalho e acaba se tornando uma forma de perceber o mundo e os relacionamentos humanos. Como resultado, grande parte dessas pessoas acaba se tornando a evolução do próprio personagem que interpretou por tanto tempo: um ou uma líder pessimista.

Inclusive, me lembro de uma vez em que o presidente da empresa onde eu trabalhava me disse: “Só me faltava isso… um controller otimista”. Eu ri e, como otimista que sou, interpretei como um elogio.

Otimismo é ingenuidade ou estratégia?

O otimismo, muitas vezes, é visto como ingenuidade no mundo organizacional. Como uma “síndrome de Poliana”, sabe? No entanto, teorias acadêmicas, análises filosóficas e estudos científicos apontam que pessoas otimistas tendem a viver mais, com mais felicidade e mais saúde do que pessoas que não apresentam esse traço. Além disso, o otimismo é uma competência emocional capaz de elevar o moral das equipes, incrementar a produtividade, evitar conflitos ou ajudar a gerenciá-los com mais leveza, trazendo resultados positivos na linha final dos negócios.

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Otimistas são mais orientados ao futuro, tendem a se comunicar melhor, usam gatilhos de motivação e são focados na busca de soluções (sem cair na tentação de se apaixonar pelos problemas). Como diria Winston Churchill: “O pessimista vê dificuldades em toda oportunidade. O otimista vê oportunidades em toda dificuldade. ”

Nesse sentido, o otimismo não é uma característica, é uma estratégia, que deve ser aplicada por qualquer pessoa que deseje exercer uma liderança humanizada e bem-sucedida. Um bom líder ou uma líder de impacto é capaz de descrever uma visão de futuro que outras pessoas não conseguem vislumbrar ou não acreditam ser possível.

Competência importante

Preste atenção nisso: o otimismo é a competência que permite enxergar que um futuro desejável pode se tornar um futuro possível. E aí, não cabe mais o blablablá “aqui sempre fizemos assim”; “isso nunca vai mudar”; “tá na cara que vai dar errado”.

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Otimistas conseguem angariar seguidores, o que os torna, potencialmente, líderes – por isso, otimismo representa uma característica especialmente importante em uma época em que a liderança deixa de ser propriedade de um cargo e passa a ser uma mentalidade de impacto sobre pessoas e negócios. Ou seja, você não precisa ser líder para se otimista, mas pode se tornar assim com essa estratégia.

Cinco passos para ter uma postura otimista

Para você, que busca ter impacto verdadeiro e impulsionar as pessoas rumo ao desenvolvimento e entrega de valor, aqui seguem cinco dicas para adotar uma postura otimista:

1. Troque as lentes excessivamente racionais por lentes otimistas

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Sabe aquela poeirinha que você vê no canto da cozinha e te distrai de todo um almoço delicioso, ou aquela célula errada na planilha Excel que desmerece todo o conceito do raciocínio? Pois é… O foco no “problema” é um mecanismo de defesa, cheio de boas intenções, mas que detona a criação de vínculos humanizados e de motivação para criar. Busque encontrar um “novo positivo” para cada “negativo” que invadir a sua mente.

2. Mude sua linguagem

Sem cair na pregação de “as palavras têm poder” (do ponto de vista de energia e de criação de futuros), a maneira como nos comunicamos vai, sim, imprimir um ritmo e inclinação para solução ou para o processamento de problemas. Isso demanda escutar uma ideia com interesse ativo em compreendê-la e não em responder com a sua visão. Ou seja, reconhecer o que há de bom no que está sendo dito – e engolir o comentário negativo que volta automaticamente à sua língua. Está tudo bem se você acabar a conversa, de fato, apenas elogiando uma ideia, sem buscar remendá-la com um “sim, mas…”.

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3. Tenha clareza do impacto que você busca

Muitas vezes, pelo cansaço, excesso de demandas, solidão, falta de reconhecimento etc. (a lista é grande), nós descontamos frustrações nas outas pessoas. Ou seja, temos dificuldade de demonstrar amorosidade e interesse, quando não recebemos isso. É um comportamento infantil e recorrente! Cresça e apareça! Qual é afinal o impacto que você quer ter sobre as pessoas? Se você demonstrar atenção, carinho, um sorriso, um elogio, isso vai potencializar a felicidade alheia – o que é um superpoder bastante subestimado…

4. Enxergue o agora

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Longe da ansiedade, que foca no futuro, e do trauma, que foca no passado, precisamos treinar o olhar para o momento. Conseguir desenvolver a presença durante a realização de tarefas, de conversas, de estudos. O senso de realização do agora nos dá mais forças para assimilar conquistas e deixar de olhar para o copo meio vazio. Comece a praticar mindfulness – você vai adorar.

5. Abrace o sentimento de compaixão

Diferentemente do que muitas pessoas acreditam, compaixão não tem a ver com absolver alguém que fez algo errado ou com ajudar alguém que “passa por necessidades” – afinal, todos estamos com alguma necessidade, o tempo todo. Compaixão significa usar as suas capacidades atuais para reduzir a dor de alguém, para tornar uma experiência menos penosa, para tornar mais leve um desafio. Há inúmeras maneiras de fazer isso. Compartilhar uma visão positiva de futuro, fazer uma ligação, abrir um sorriso, trocar um olhar, enviar um meme divertido, exercitar um ouvido atento, sugerir uma brincadeira, fazer um bolo de chocolate.

Ainda que a postura otimista nem sempre seja algo fácil de adotar ou uma competência inata para a maioria das pessoas, enxergá-la como uma decisão estratégica é uma vantagem competitiva. Afinal, reconhecendo o potencial de superação do ser humano e nossa força conjunta para a criação de soluções, apesar de todas as dificuldades pelas quais passamos nesse momento, não tenha dúvidas: inocência, na verdade, é ser pessimista.

Assinatura de Alexandre Pellaes
(Arte/VOCÊ RH)

 

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