A importância da resiliência para 2022
Não podemos controlar o que não está ao nosso alcance, mas, sim, fazer uso da resiliência para nos preparar para momentos difíceis
ano de 2022 começou com mais incertezas do que eu imaginei que estaríamos experimentando e a única palavra que vem à minha mente é resiliência e os ensinamentos dos estoicos, filósofos empenhados em nos ensinar a viver com mais calma, jogo de cintura e estabilidade emocional. Entre eles, gosto, especialmente, de Sêneca, o autor da frase: “eu me esforço para viver cada dia como se fosse uma vida completa.”
A explicação se encaixa exatamente no que estamos vivendo agora. Em momentos de crise, nosso futuro é obscuro e somos praticamente tolhidos da chance de viver na expectativa de que dias melhores virão. É também em momentos como esses que os estoicos nos lembram que a chave para a realização está em aceitar a incerteza: lidar com um dia por vez e aprender a valorizar cada momento de prazer que ele contém.
Quando dezembro começou e o verão chegou, tínhamos uma expectativa de uma realidade bem diferente da que estamos enfrentando agora, com uma nova onda pandêmica e incertezas quanto ao futuro. Quem já estava se habituando ao retorno de uma rotina um pouco mais presencial, teve que voltar a se resguardar; líderes que planejavam o fim do home office estão revendo suas decisões; off sites estão sendo cancelados, entre outras muitas mudanças que a Omicron vem trazendo.
Eu mesma escrevo estas linhas da sede da The School of Life em São Paulo, onde estou sozinha. Nossos colaboradores, que já estavam entrando em ritmo de trabalho híbrido, foram orientados a permanecer em casa. Nossos eventos, que finalmente começariam a se alternar entre presenciais e on-line, por ora permanecerão virtuais.
Essas e outras situações, às vezes, nos geram aquela sensação de desânimo do pós-festas de fim de ano. Realmente não esperávamos estar vivenciando tudo isso novamente. No entanto, podemos nos valer de outro ensinamento estoico, o de Epíteto, que disse: “só há um caminho para a felicidade: é renunciar às coisas que não dependem da nossa vontade.” Isso quer dizer que não podemos controlar o que não está ao nosso alcance, mas podemos, sim, fazer uso da resiliência para nos preparar para esses momentos difíceis e de incerteza.
Independentemente do que aconteça, sempre teremos a chance de olhar para o nosso interior e buscar — dentro das nossas próprias experiências vivenciadas em outras situações complicadas que já passamos e superamos — forças, estratégias e boas ideias, além de recursos de apoio, que, no meu caso, são os livros e os amigos. Há muito para nos inspirar e fortalecer ao redor. Afinal, já passamos por dificuldades antes.