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Diana Gabanyi

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CEO da The School of Life
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A importância de dar um feedback para o seu cérebro

Parece algo óbvio, mas precisamos ser lembrados com frequência de que não somos máquinas

Por Diana Gabanyi, colunista de VOCÊ RH
18 set 2022, 09h05
Mulher lê livro na praia sentada em uma espreguiçadeira de madeira diante de um mar turquesa
 (Chen Mizrach/Unsplash/Divulgação)
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J

á imaginou dar um feedback para o seu cérebro? A proposta pode parecer estranha, mas seria o equivalente neurológico a um feedback que damos a outras pessoas ou recebemos delas no meio ou no final do ano sobre, por exemplo, assuntos como o desempenho no dia a dia do trabalho.

Se você parar agora para avaliar o seu cérebro, pode começar agradecendo pelos objetivos importantes que foram alcançados, pelos investimentos de tempo e energia que fez, pelas decisões certas na vida pessoal e profissional – das mais simples à mais complexas. Mas, em um segundo momento, talvez fosse preciso lembrá-lo sobre as horas perdidas navegando nas redes sociais em vez de ler um bom livro, a procrastinação, os comentários inapropriados na hora errada, entre muitas outras atitudes impulsivas.

Diferentemente das máquinas criadas pelo homem, o cérebro é um equipamento que não foi feito para ligar e desligar como acontece na rotina de uma fábrica. Queremos ser produtivos e eficazes o tempo todo. O mundo e a sociedade nos empurram para essa dinâmica. Mas como aproveitar com qualidade e saúde o máximo potencial que temos diante dessa constante sensação de estarmos sendo engolidos pelo tempo?

Parar é tão importante quanto produzir

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Sabemos que, ocasionalmente, precisamos parar. No entanto, nosso cérebro responde, na velocidade da luz, a ameaças e tentações. É como se ele estivesse programado para ser totalmente relutante diante da ideia de ficar parado por um tempo para que possamos, simplesmente, pegar uma caneta e um papel, sentar e, com calma, transbordar e analisar nossos sentimentos e desejos.

O embasamento para tudo isso é científico. Um estudo recente do Hospital Universitário Pitié-Salpêtrière, em Paris, mostrou que longos períodos de exaustão mental causam o acúmulo de toxinas no córtex pré-frontal. Com o tempo, isso degrada seriamente nossa capacidade de tomar decisões e pode trazer problemas de saúde a longo prazo. Antes disso, em 1978, uma equipe de cientistas do laboratório inglês EMI, conseguiu ver o cérebro humano através de uma ressonância magnética revelando que não podemos tratá-lo como máquina.

Tudo isso reforça a minha crença de que o cérebro é um órgão sensível e para ser eficaz com o tempo que nos é concedido, temos que aproveitar ao máximo os períodos em que ele se sente revigorado e pronto para se concentrar. Mas também precisamos nos manter atentos para que ele não chegue ao ponto de fadiga ou dar um passo atrás quando essa sensação se apresentar.

Dê voz ao que está dentro de você

Se essa minha reflexão faz sentido para você, eu te convido a fazer revisões periódicas no seu cérebro. Crie o hábito de anotar suas melhores e piores decisões, seus níveis de cansaço, suas atitudes impulsivas e suas reações exageradas a situações não tão extremas. Essas anotações podem servir como um guia muito importante para pensamentos futuros, para entender melhor quando é preciso dar uma pausa para a sua mente. Gosto muito desse exercício porque, como diz o filósofo suíço e fundador da The School of Life, Alain de Botton, “uma das grandes vantagens de escrever é criar sua identidade por meio das palavras”.

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Desconecte-se nos períodos de descanso

Se estivéssemos nos anos 1980/90 eu me definiria como uma workaholic apaixonada pelo trabalho. Já emendei um ano no outro com, no máximo, uma semana de férias em cada período anual, sempre hesitando em me desconectar completamente nos dias de descanso. Recentemente tirei duas semanas de férias. Precisei de alguns dias para relaxar. Confesso que foi muito valioso ser relembrada da importância do descanso, da desconexão com o dia a dia de intermináveis afazeres e decisões a serem tomadas. Voltei ao trabalho como se estivesse vendo tudo por uma perspectiva renovada.

Faça pausas programadas ao longo do dia

Além das necessárias férias, podemos também incluir pequenas pausas no nosso dia a dia. Quem defende essa tese é o irlandês radicado no Brasil, Stephen Little. Primeiro professor da The School of LIfe no Brasil e um dos precursores do método de Mindfulness no País, com pesquisa publicada na revista suíça Frontiers sobre os benefícios de Mindfulness no Trabalho, ele me ensinou a analisar quando estou preenchendo meu tempo com atividades sem nenhuma pausa. Certa vez, ele me disse: “O estresse se acumula quando estamos no modo automático exatamente porque não estamos fazendo verdadeiras pausas. Por isso, inclua momentos para parar – de verdade – no seu dia a dia”.

Parece algo óbvio, mas precisamos ser lembrados com frequência de que não somos máquinas e que para sermos mais produtivos e eficazes precisamos também dar um descanso para o nosso cérebro. Fazer malabarismos com as diversas demandas diárias sem o devido zelo com nossa saúde e bem-estar não nos leva simplesmente à ineficiência, mas também ao arrependimento.

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