Ao falar sobre alta performance, é natural pensarmos nas conquistas de atletas, medalhas e recordes. Eu costumo fazer essa associação, inclusive, por conta de uma experiência anterior à The School of Life: viajei o mundo como PR Manager do tenista Gustavo Kuerten, acompanhando os maiores jogadores do esporte e observando como eles se preparam diariamente para alcançarem desempenhos extraordinários em algumas disputas.
No mundo corporativo, a busca pela alta performance não funciona assim. Não podemos passar os dias “treinando” para fazer uma boa participação em eventos pontuais. Deve-se performar bem no cotidiano, ainda que nosso desempenho oscile ao longo dos dias. Por isso, uma questão importante e muito atual é: como alcançar a alta performance sem adoecer?
Na The School of Life, acreditamos que para alcançarmos nosso melhor estado físico e mental precisamos reconhecer nosso potencial individual – nos inspirando em outros colegas, por exemplo, sem cair na armadilha das comparações. Então, precisamos planejar como alcançar nossos objetivos.
Mas como defini-los? Pode soar estranho, mas a inveja pode guiar essa reflexão. Toda emoção existe para nos mostrar algo, e a inveja surge quando alguém tem algo que você julga merecer. E se, em vez de ficar paralizado com a cobiça, você traçar um plano para – de forma legítima, responsável e ética – ter o que faz seus olhos brilharem?
Isso quer dizer que a jornada para a alta performance começa com uma investigação sobre si mesmo. Você consegue identificar como se sente quando está no seu melhor e pior desempenho? Quais possibilidades você vislumbra para sua vida no futuro? Como essas visões de futuro se conectam com os seus valores? O que te deixa empolgado? Essas questões podem te guiar em direção ao seu propósito.
Porém, para alcançarmos nosso melhor desempenho não precisamos apenas de força mental e conhecimento técnico. É necessário integrar nossas competências físicas, emocionais, mentais e espirituais, ilustradas na pirâmide abaixo.
1. Competência física: a base da pirâmide. Não conseguimos um bom desempenho se não cuidarmos do nosso corpo. Como alimentá-la? Com exercício, alimentação adequada, sono regular e hidratação.
2. Competência emocional: o clima interno (inteligência emocional e autoconhecimento) que sustenta a alta performance. Como alimentá-la? Procurando ter consciência de como nos sentimos; percebendo sinais corporais e padrões de pensamento; criando espaço para nossos sentimentos e, às vezes, ficando curiosos sobre a existência deles; e trabalhando para encontrar a calma interna.
3. Competência mental: a capacidade de performar bem, incluindo foco, habilidades, gerenciamento de tempo e pensamentos críticos. Como alimentá-la? Meditando para melhorar a atenção e o foco; encontrando tempo para divagar; cultivando afirmações positivas; e visualizando o que você deseja alcançar.
4. Competência espiritual: valores e senso de propósito. Como alimentá-la? Encontrando tempo para refletir sobre si mesmo; e definindo objetivos alinhados com os nossos valores.
O mundo corporativo incentiva que nós trabalhemos sem parar. Mas, se estivermos esgotados, dificilmente alcançaremos um bom desempenho com consistência suficiente para nos mantermos em uma posição de destaque. Só é possível fazê-lo equilibrando o gasto energético (crescimento) com a renovação (descanso).
Como o filósofo Alain de Botton sempre diz, ouse colocar o seu melhor em prática para que os seus talentos não morram inutilizados.