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Fábio Milnitzky

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Sócio fundador e CEO da iN, consultoria de propósito e gestão de marcas
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Diversidade: vital na música e no ambiente de trabalho

Diferenças que se complementam podem ser capazes de levar ao nascimento de grandes obras da música e a extraordinários ecossistemas de trabalho

Por Fábio Milnitzky, colunista de VOCÊ RH
6 dez 2022, 16h29
Um homem toca um violão junto a outro que toca um saxofone. Os dois se apresentam na calçada de uma avenida movimentada brasileira
 (Pexels/Kaique Rocha/Divulgação)
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om base na palestra “Meet Me at the Crossroad”, da série de palestras “Hidden in Plain View: Meanings in American Music”, do jazzista Wynton Marsalis, na Universidade de Harvard, o terceiro artigo tem como tema a diversidade.

Isto porque me chamou a atenção a forma como Marsalis correlacionou os diferentes estilos musicais da cena americana, como o blues, a música folclórica, o gospel, a música popular americana, o caipira, o bluegrass, o country western e o jazz, ilustrando semelhanças e diferenças entre eles, até o momento em que mostra como se complementam.

Tendo a música como pano de fundo da palestra, o jazzista conseguiu transportar seus ouvintes e espectadores para diferentes universos, como a mim, que consigo fazer analogias com o mundo corporativo entendendo como as diferenças podem ser complementares.

E quando falo sobre essa possibilidade, é porque existe uma semelhança-chave: a espécie. Seres humanos, de diferentes gêneros e condições de gênero, idades, raças, níveis intelectuais, classes sociais, culturais, entre outras, são capazes de conviver e se harmonizar em variados ambientes, inclusive no corporativo.

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São profissionais que, dentro de suas diferenças, contribuem com o potencial intelectual, a bagagem de experiências e conhecimentos e com as habilidades naturais. E são as soft skills, ou habilidades naturais, que vêm revelando pessoas extraordinárias nas organizações. Elas, independentemente de suas naturezas, escolhas e condições, evidenciam suas capacidades de empatia, generosidade, diplomacia, comunicação, criatividade, inteligência emocional, aprendizado contínuo, resiliência profissional, comprometimento, inovação, entre tantas outras que favorecem uma atmosfera organizacional cadenciada, próspera e coerente.

São pessoas que somam, inclusive, com as diferenças que lhes são inerentes. Uma pesquisa recente do grupo Talenses mostra que em um futuro próximo, os profissionais estarão constantemente aprendendo e desenvolvendo novas habilidades em vez de procurar novos diplomas. Talvez por isso que, em resultados gerais do estudo sobre a força de trabalho, as habilidades comportamentais humanas serão indispensáveis para progredir na carreira e aumentar a remuneração.

E a habilidade de conviver com o diferente e estar disposto a agregar com o distinto, tem sido cada vez mais considerada pelas companhias, tanto na hora da contratação, quanto no processo de aculturamento de diversidade.

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Trazendo a terceira palestra de Marsalis, lembro que ela ainda contou com ilustrações musicais de artistas aclamados, que, embora todos atuantes na cena do jazz, têm em suas raízes e histórias, inúmeras diferenças. Exemplo de Doug Wamble, guitarrista que nasceu e consolidou carreira no Tenessee, estado reconhecido como núcleo da música country nos Estados Unidos; Luck Peterson, pianista reconhecido no blues; Reginald Veal, baixista que se formou no berço gospel estadunidense, entre outros que levam para o jazz suas raízes, suas habilidades de conviver e agregar com o diverso e, claramente, a experiência absorvida em seus diferentes estados, estilos musicais e instrumentos.

Essa ornamentação musical apresentada pelo jazzista, na palestra, pode ser um convite para a reflexão sobre como a diversidade, contemplando a jornada de cada pessoa, pode ser sintônica.

Quando eu descrevo aqui a beleza, no sentido literal da palavra, da diversidade nas companhias como uma habilidade individual e coletiva, não estou romantizando. Não é minha intenção fazer você acreditar que todo mundo, nesse tipo de ambiente concorda entre si e se ama incondicionalmente. Pelo contrário: conheço empresas que lidam com a diversidade como valor, como pilar e isso transborda em seu quadro de colaboradores, sendo muitos deles discordantes entre si, sendo que alguns deles não se gostam. Mas todos se respeitam. São dicotômicos, mas complementares também porque se respeitam e aceitam as contribuições oriundas do diverso.

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Daí entramos em outra habilidade natural: a de aceitar a maturidade. De deixar a porta aberta para ela a ponto de não confundir diferença com rivalidade. A empatia nasce aí.

Ainda sobre a pesquisa que comentei, ela revela que as mulheres, em sua maioria, afirmam acreditar que as empresas buscarão mais ativamente políticas de diversidade e inclusão; e sugere que:  ao invés de as companhias entenderem a permanência de profissionais seniores no mercado de trabalho como ponto de dificuldade para a entrada de jovens, é importante lembrarem que  as organizações vão se beneficiar de políticas de gestão de capital humano que procuram construir complementaridade geracional.

São dados intuitivos que reproduzem percepções, vivências, experiências e até comportamentos de pessoas que já vivem a diversidade de forma efetiva no mercado de trabalho, ou que pelo menos buscam por ecossistemas inquestionavelmente diversos.

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Mais uma vez a música oportuniza uma reflexão humanizada sobre caminhos possíveis para um ambiente de trabalho saudável e equilibrado.

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