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Fábio Milnitzky

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Sócio fundador e CEO da iN, consultoria de propósito e gestão de marcas
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Liberdade criativa da improvisação: do jazz ao mundo corporativo

Da improvisação nascem grandes criações dentro das bandas de jazz, que podem inspirar líderes a trabalhar em um modelo mais flexível, estruturado e seguro

Por Fábio Milnitzky, colunista de VOCÊ RH
3 nov 2022, 15h57
Executivo vestido com camisa azul marinho toca saxofone
 (Andrea Piacquadio/Pexels/Divulgação)
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este segundo artigo, que tem como base a palestra “The Double Crossing of a Pair of Heels: The Dynamics of Social Dance and American Popular Musics”, da série Hidden in Plain View, do jazzista Wynton Marsalis, na Universidade de Harvard, trago uma reflexão sobre inspiração, conduta, comunicação, espírito de time e paixão no mundo corporativo.

Ao falar sobre a relação entre música e dança social na cultura americana, Marsalis foi cirúrgico ao explicar para uma multidão que, se uma pessoa consegue entender a música, ela passa a se interessar por todos os seus aspectos, aprofundando seu conhecimento, tendo cada vez mais admiração e inspiração a partir dela.

No mundo corporativo, esse movimento faz parte de uma dança envolvente em que o líder, quando se expressa com verdade, abre espaço para que seu time o conheça em essência. Ele inspira pessoas a serem quem são e cria um ambiente de segurança para que elas expressem e transbordem suas habilidades, competências, personalidade e criatividade.

O que se ganha com isso? Um ambiente diverso, que aproxima profissionais para realizarem juntos, colocando em prática suas habilidades naturais (soft skills) e o conhecimento adquirido ao longo da jornada profissional (hard skills). E vou mais adiante: para além da realização de projetos e atendimento de demandas, estas mesmas pessoas passam a motivar umas às outras por meio do compartilhamento dessas habilidades e conhecimentos.

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Muitas vezes, é nesse processo de união, do fazer junto, que profissionais despertam para a paixão que têm por determinadas atividades. Alguns viram a chave e mudam de área, continuando inclusive na mesma companhia; outros complementam sua área de atuação com os então novos conhecimentos e habilidades descobertas. E se tem algo que Wynton Marsalis levou para a palestra, que tem perfeita simbiose com esse tema, é “encontre algo que você gosta e que o inspira, e apenas ouça e sinta”.

No jazz, sentir é o fio condutor da improvisação, que é a base da livre criação – por isso esse estilo musical contribui tanto para a reflexão sobre a complexidade e os desafios da gestão no universo empresarial. Porque é na criação espontânea de novas melodias, é nesse processo, que a música ganha robustez. Leve essa flexibilidade para o ambiente organizacional e, muito provavelmente, o que se conquistará com a liberdade de criar a partir da improvisação, a partir dos insights, é um modelo estruturado e assertivo de gestão.

Nesse movimento, as regras também podem evoluir. Elas existem, fazem parte das cartilhas organizacionais, no entanto não precisam engessar profissionais, que podem encontrar no trabalho mais do que um meio de sobrevivência; mas um ambiente colaborativo, diverso, equitativo, harmonioso e, apesar de muitas vezes desafiador, pode ser apaixonante.

Assim como os músicos de uma banda de jazz aprendem a confiar uns nos outros, inspirados no baterista, que é o líder do grupo, um time precisa ter uma relação de confiança entre si, tendo como exemplo o líder, que é o gestor. É saber que, como disse o jazzista, se há pessoas cuidando de você, você pode trabalhar o tempo todo com confiança.

É essa confiança que leva os profissionais a buscarem aperfeiçoamento para suas tarefas e colaboração para o time como um todo. A capacidade de improviso, assim como nas jam sessions, habilita os colaboradores a solucionar problemas de forma muito mais ágil.

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Tudo o que fazemos na iN é um processo de criação conjunta, seja com nossos colegas ou com nossos clientes. Cada um tem suas intenções, expectativas e referências para trazer a um projeto. Em uma cena improvisada é a mesma coisa. E, se cada um apenas joga sua referência e intenção sem filtro e escuta, tudo vira uma bagunça. O trabalho não anda, a cena não vai para frente. Então essa natureza incerta da descoberta, do processo de design, de criar junto sem saber necessariamente onde vai chegar e estar aberto para seguir junto nessa jornada é o que mais tem em comum.

A escuta ativa, a presença e aceitação das ideias que vem dos outros são necessárias para que qualquer cena dê certo – especialmente as improvisadas. É a complexidade dos processos que torna os resultados ainda mais fascinantes. A condução de um concerto, unindo tantas sonoridades e equilibrando todas habilidades e técnicas, é certamente uma lição de como harmonizar um time e uni-lo, resultando em produtividade a partir da diversidade, capacidade de improviso e colaboração.

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