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Isis Borge

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Executive Director Talenses & Managing Partner Talenses Group
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7 indícios de machismo estrutural no mundo corporativo

Todas as pessoas devem estar atentas a situações de depreciação da existência do outro, para que ações defendidas no Dia da Mulher durem o ano inteiro

Por Isis Borge, colunista de VOCÊ RH
10 mar 2023, 14h45
Mulher em pe segura um notebook
 (Christina Wocintechchat/Unsplash/Divulgação)
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E

stamos na semana do Dia Internacional da Mulher, em um momento em que um grande número de empresas diz já ter evoluído bastante no percentual de equidade de gênero e acredita que valoriza as mulheres e a diversidade de uma forma mais macro. Reconheço que estamos em uma jornada de evolução no combate ao machismo, mas, considerando os relatos de muitas candidatas, é importante destacar que o preconceito infelizmente ainda existe. E, para ajudar na conscientização de homens e mulheres sobre esse desafio, listo a seguir algumas situações ainda muito comuns.

1. No momento da fala

Nesta semana, uma competente executiva de uma empresa grande, renomada e que diz ter um forte programa de equidade de gênero relatou o que viveu durante uma reunião com o presidente da empresa e outros diretores homens. Durante o encontro, todos os homens conseguiram expor livremente suas ideias. Mas toda vez que ela única mulher do grupo  ia comentar algo, inclusive no que dizia respeito a sua área, o presidente fazia um sinal com a mão interrompendo-a e fazendo-a se calar.

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A situação, que foi difícil de ouvir, parece ainda mais absurda quando escrevo. Mas o número de relatos similares é gigantesco e alarmante. Nessa reunião especificamente era a “mãozinha” que a fazia calar. Em outras, com participação de outras executivas, tenho notícias de homens simplesmente falando por cima da fala das mulheres ou chamando a atenção para outros assuntos sem se importar com quem está falando, entre tantas outras situações muito desagradáveis.

2. Na hora do cafezinho

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Acredito muito que você já tenha se deparado com a péssima expressão que diz que “lugar de mulher é na cozinha”. Essa ideia antiga traz consigo um conceito de que uma das funções da mulher é servir. Algo que, infelizmente, invade o mundo corporativo quando em reuniões mistas em que não existe um copeiro ou uma copeira disponível, homens do encontro solicitam que uma mulher, inclusive da mesma hierarquia, lhes sirva café ou água em vez de levantar e ir buscar.

3. Na escolha da profissão

Sou graduada em engenharia mecânica e de produção, uma experiência incrível, mas que me rendeu contato com todo tipo de piada machista por ser um ambiente ainda bastante masculino. Tenho uma amiga, por exemplo, que cursou engenharia têxtil e trabalhava em uma montadora. Ela ouviu tantas piadas considerando a sua escolha como “a mais fácil entre as engenharias existentes”, que acabou voltando para a faculdade para cursar as matérias da engenharia mecânica e, então, acabar com os comentários preconceituosos. Vale mencionar que todas as engenharias são igualmente difíceis — não existe uma melhor ou pior que a outra. Situações como essa, de homens menosprezando mulheres, se repetem em finanças, compras, logística e na área comercial.

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4. Na gravidez

O número de comentários machistas relacionados a gravidez, licença-maternidade e filhos é gigantesco. Certamente, a maioria de vocês já deve ter escutado algum. Acredito que essa realidade, inclusive, é um dos fatores que contribuem para que muitas mulheres entrem em pânico diante da necessidade de contar a seus gestores ou suas gestoras que estão grávidas ou desejam adotar um bebê. E, infelizmente, também vemos com muita frequência mulheres sendo desligadas no retorno da licença-maternidade. Da mesma forma, vejo muitos homens abrindo mão da licença-paternidade estendida por medo de serem malvistos.

5. Em uma decisão estratégica

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Estou completando 12 anos na área de recrutamento e seleção de média e alta gestão. Faz parte da minha rotina diária mapear e compreender as necessidades de empresas de todos os portes e segmentos e os candidatos que avaliam uma movimentação no mercado. Conheço profundamente o que envolve carreira, gestão e mercado de trabalho. Mesmo com toda essa experiência, já aconteceu de, no início da reunião com um cliente, eu ser questionada por um executivo se somente eu conduziria o processo ou se contaria com a ajuda de algum homem. Já teve casos do executivo se recusar a conversar somente comigo dizendo abertamente que não gostava de trabalhar com mulheres, sair da sala e enviar outra pessoa para dar sequência à reunião. Isso aconteceu mais de uma vez. O que, para mim, é muito alarmante.

6. Em situações de assédio moral

O machismo estrutural no mundo corporativo também se apresenta por meio do assédio moral. É retirar a autonomia da mulher sem justificativa, contestar a todo o momento suas decisões sem um forte argumento, substituir trabalhos habituais por atividades menos importantes sem razão, invalidar opiniões, ignorar a presença da mulher ou falar com ela aos gritos, criticar ou fazer piadas sobre sua vida pessoal ou seu comportamento e vigiar excessivamente a profissional, dentre tantas situações. Usualmente, o assédio moral acontece de forma contínua, atentando contra a integridade, identidade e dignidade da pessoa atacada, podendo causar, inclusive, danos psicológicos.

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7. Em situações de assédio sexual

Os exemplos de assédio sexual contra mulheres são muitos. Eles incluem contato físico intencional, piadas obscenas, mensagens verbais e escritas que indiquem solicitações de favorecimento sexual e/ou retaliação em caso de recusa, comentários, brincadeiras, provocações e insinuações de conteúdo sexual, além de flertes e convites insistentes de encontro a dois. Se você perguntar para mulheres ao seu redor, de uma forma geral, arrisco dizer que a maioria vai relatar já ter passado por alguma situação de assédio sexual, do nível mais leve ao mais pesado, porém com mais frequência do que você possa imaginar.

Não tenha dúvida de que essas e outras situações incomodam as mulheres

É claro que essas situações e outras situações incomodam e constrangem as mulheres. Muitas, porém, ainda ficam sem reação, entendem que denunciar ou se posicionar contra o agressor pode piorar a situação. Elas acabam ingressando em uma relação abusiva dentro da própria empresa em que trabalham. Em alguns casos, o ambiente corporativo está tão enraizado no machismo estrutural que poucas pessoas se dão conta do quão tóxicas são determinadas situações. Há casos em que as profissionais dessas empresas acabam tolerando certas situações como se fossem um preço a ser pago, como se não existisse outra alternativa.

Mas eu gostaria de fazer um alerta: mantenham atenção às situações de machismo e de qualquer tipo de depreciação da imagem ou da existência do outro. Veja se existe algo que você possa fazer para melhorar a situação ou o dia a dia de alguém nesse sentido. Avalie se você tem tratado pares de trabalho de uma forma justa e gentil. Busque conversar com o agente da ação constrangedora para entender se ele se deu conta de como agiu.

Vamos aproveitar a semana do Dia Internacional da Mulher para não só dar uma flor, um chocolate ou um parabéns para as mulheres que estão ao redor, mas também para observar com mais atenção se algo poderia ser diferente no que tange ao dia a dia das profissionais de todos os níveis hierárquicos no trabalho. Façamos cada um a nossa parte!

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