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Isis Borge

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Executive Director Talenses & Managing Partner Talenses Group
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Como a ciência de dados interfere na tomada de decisão das empresas

O mundo corporativo está migrando do empírico - e muitas vezes do achismo - para tomar decisões mais fortemente apoiadas em fatos e dados

Por Isis Borge, colunista de VOCÊ RH
6 Maio 2022, 06h05
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    e uns tempos para cá, tenho notado a criação de muitas vagas novas relacionadas à análise de dados ou business analytics. Pode ser uma posição de BI propriamente dita, uma função que tem o BI como base, como vagas de inteligência de mercado, excelência comercial (commercial excellence), estratégia de gestão de produto, experiência do cliente (CX ou customer excellence), planejamento estratégico – não só o macro, mas subdividido em diversas áreas como planejamento estratégico industrial. Também há demanda nas áreas de marketing, comercial e de tecnologia, em funções das mais variadas, incluindo a segurança da informação.

    A verdade é que o mundo corporativo está migrando do empírico – e muitas vezes do achismo – para tomar decisões mais fortemente apoiadas em fatos e dados. Eu sou engenheira de formação e, por isso, tenho tendência a gostar bastante de números. Mas, de uma forma mais macro, nem sempre via todas as áreas das empresas muito preocupadas em ter indicadores para definir os próximos passos das suas ações, como acontece hoje. É a ciência de dados melhorando os processos analíticos e de tomada de decisão em ambientes organizacionais

    Dentro do departamento de Recursos Humanos, existem empresas criando funções de inteligência de dados para estabelecer comparativos entre funcionários nas suas análises de desempenho. Aliás, essa geração de indicadores dentro de RH tem sido uma forte tendência para a gestão de talentos, medir desempenho e comportamentos e avaliar com mais profundidade dados de benefícios, folha de pagamento e aquisição de talentos.

    O formato da gestão e do tratamento dos dados pode ser tanto em Excel e dashboards quanto em Power BI e tableau, entre outros sistemas mais complexos. O que eu vejo muito em pauta hoje, durante as reuniões que faço com líderes, é justamente a definição de quais são os dados que cada área precisa, como medi-los e o que fazer com eles. Tratam-se tanto de informações internas, da própria empresa, quanto do funil de vendas da área comercial ou relacionadas ao desempenho industrial das plantas da empresa e, também, dados externos comprados do mercado de empresas, como Nielsen, Dunnhumby, Kantar e GFK, entre outras. As discussões são muitas, pois ainda vemos muitas organizações se descobrindo com a decisão de quais dados são realmente importantes de serem medidos ou comprados e quais tipos de decisões pode-se tirar deles.

    O desafio dessa nova Era

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    O grande fator de sucesso aqui é justamente a capacidade de transformar os números e a modelagem de dados em direcionamentos claros para a organização. As empresas que relataram criar áreas de ciência de dados dentro de suas grandes áreas afirmam também que existe uma melhoria por parte dos colaboradores no uso e registro de dados em sistemas. Mas há sempre o alerta para que não se crie burocracias desnecessárias que possam interferir no foco para a realização das atividades.

    A importância da liderança

    O balanço entre obter os dados e o que se faz com eles é bastante importante para que as pessoas não se sintam sobrecarregadas, o que pode gerar lentidão ou paralisação das ações. Nesse caso, uma gestão que consiga sintetizar e transformar os dados em direcionamentos simples de se entender e gerar mais motivação para seguir ganha destaque.

    E junto com a ciência de dados, as metodologias ágeis nas gestões de processos e no dia a dia das áreas ajudam a fazer com que a companhia seja mais prática e rápida, minimizando burocracias desnecessárias. Nesse sentido, a metodologia ágil migrou da área de tecnologia para estar presente em todas as áreas das empresas e com ela os processos ficam mais fluídos, rápidos e integrados.

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    Recomendação aos profissionais em geral

    De uma forma geral, vejo que profissionais de praticamente todas as áreas precisarão se adaptar a terem maior familiaridade com números e relatórios baseados em dados. Isso será necessário para que se possa desempenhar melhor as funções e conseguir influenciar as demais áreas em seus direcionamentos, não só para manter a própria empregabilidade como também para se desenvolver na carreira.

    Quanto aos dados, é fundamental que eles sejam precisos e fáceis de coletar. Além disso, o investimento nessa ação deve ser justificado pelos resultados que ela gera. O custo de obter os dados não pode jamais ser maior do que os benefícios estratégicos oriundos dessas informações. Gerir uma área sem dados é como andar em um quarto escuro. Tem uma frase interessante do Bill Gates que fala “a maneira como você gerencia as informações determina se você vai vencer ou perder”.

    Por que operar com base em dados é tão difícil

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    Existe um texto do Randy Bean, publicado na Harvard Business Review que fala “o por que se tornar uma organização baseada em dados é tão difícil”. Na reflexão, ele cita que as dificuldades das empresas não tem a ver com tecnologia e sim com a mudança cultural, além da habilidade de pessoas e organizações de se adaptarem às mudanças. É a transformação dos negócios tomando a frente de tradições que estão enraizadas nos processos há gerações. Bean menciona que o cenário da pandemia acelerou a importância da ciência de dados e destaca que estamos na Era de poder escolher o tipo de informação que consumimos, o que traz a noção do que ele chama de fatos alternativos. Em uma pesquisa feita pela New Vantage Partners, citada nesse artigo de Harvard, apenas 26,6% das organizações se declararam uma empresa baseada em dados e 91,9% dos líderes relataram como maior dificuldade os obstáculos culturais.

    Ciência de dados: mais do que tecnologia, uma mudança cultural

    Nos processos seletivos que eu tenho conduzido dessas novas áreas, é justamente isso que os executivos que entram nas posições relatam. Uma grande resistência por parte das áreas em fornecer informações e – mais ainda – em seguir novas diretrizes. De uma forma geral, esses executivos muitas vezes entram nas empresas e apontam mudanças em processos que a equipe que já estava na organização consideram que eram processos bem sucedidos. Também existe um receio por parte das empresas – pelo sinal que vem intrínseco – de que os processos, talvez, não estivessem tão bons e nos trilhos quanto se pensava.

    A equipe precisa ser engajada na mudança

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    Nessa jornada, o apoio da liderança, dando retaguarda para os relatórios que são apresentados, é fundamental, bem como uma atitude positiva de engajar as pessoas na mudança e não só de apontar que as coisas que vinham sendo feitas eram falhas. A equipe precisa sentir que os dados vêm para ajudar todos a terem mais sucesso e produtividade. Mas não dá para negar que todo processo de mudança é árduo, exigindo dos colaboradores envolvidos resiliência e bom humor.

    Eu imagino que daqui a alguns anos as pessoas irão expressar surpresa ao saberem que, no passado, as empresas nem sempre tinham os dados como diretrizes para a tomada de decisão. Mas o mais interessante desse processo de mudança não são as informações em si, mas o perfil de cada liderança de fazer as analogias corretas e direcionar o time da maneira adequada.

    Um computador nunca vai superar a criatividade, a ousadia e a capacidade de pensar além, que está intrínseca nos seres humanos. E um bom líder, nesse cenário atual, é aquele que se baseia em dados para definir o rumo das organizações, mas com uma pitada de algo a mais: a visão e a coragem para levar organização e os membros do seu time para outro patamar. É isso o que vai diferenciar uma liderança da outra.

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