Recentemente temos coordenado alguns processos seletivos focados em inovação. Alguns deles requerem que o candidato tenha experiência em pesquisa e desenvolvimento, enquanto outros pedem vivência no departamento de marketing. Porém, a palavra inovação é uma habilidade desejada por muitas empresas para os mais diversos cargos e não apenas para cargos que tenham a nomenclatura de inovação.
O que cabe ao profissional
A capacidade de inovar, ser criativo e pensar fora da caixa são habilidades cada vez mais desejadas pelas empresas. Acredito que todo mundo tem um lado criativo e inovador, que às vezes só precisa da ferramenta certa para ser desenvolvido ou aprimorado, seja por conta própria ou com a ajuda de cursos ou profissionais especializados.
Um primeiro passo, como profissionais, é fazermos uma avaliação sincera sobre o nosso posicionamento diante do tema inovação. Será que estamos pensando em inovação no nosso dia a dia de trabalho? Como reagimos quando alguém propõe algo novo? Estamos nos mostramos abertos a ouvir a ideia do outro? Tentarmos fazer as coisas de uma forma diferente antes de nos darmos por vencidos? Somos reativos e avessos às mudanças?
É sempre válido fazer essas e outras reflexões com bastante sinceridade. Mas também é certo que o ambiente corporativo precisa dar a sua contribuição para estimular essa inovação nos colaboradores.
9 exemplos de boas práticas das empresas
Nos últimos meses, entrevistando dezenas de profissionais que atuam em cargos ligados à inovação, identifiquei algumas iniciativas interessantes de empresas que estimulam a inovação. Acredito que elas podem ser úteis para o mercado como um todo. Por isso, pensei em compartilhar algumas dessas ações aqui. Afinal, boas ideias nunca são demais, não é mesmo?
1. Parceria com universidades
Empresas que querem inovar têm feito uma série de parcerias com universidades, tanto para a atração de estagiários quanto para se aproximar de alunos de mestrado e doutorado que se disponham a estudar soluções para algum desafio da empresa, em alguns casos esses mestrando e doutorandos são inclusive contratados posteriormente pelas empresas.
Algumas empresas também se comprometem a estruturar laboratórios em universidades, tanto para treinar os alunos em habilidades que estão em falta no mercado de trabalho quanto para fortalecer a marca institucional tanto diante do público em geral e dos futuros formandos que almejam atrair para seus processos seletivos.
Nessas parcerias também vi empresas propondo jogos e desafios para grupos de alunos com a promessa de contratar aqueles que mais se destacarem. Há casos de companhias que contratam as empresas juniores das universidades para unir alunos e professores em um desafio da organização contratante que precisa de uma solução fora da caixa.
2. Parcerias com startups e empresas menores
Essa prática é extremamente utilizada por grandes empresas que buscam inovação. É bastante comum a situação em que algumas companhias abrem espaço nas agendas para receber empreendedores e firmarem parcerias com organizações de menor porte, sendo que algumas, inclusive, são incorporadas posteriormente. Em outros casos algumas startups passam a receber royalties por permitirem o uso de uma determinada patente.
Tem sido, ainda, cada vez mais comum incubar empresas menores, cedendo recursos e, muitas vezes, investindo em novos desenvolvimentos dessas companhias por períodos que variam de alguns meses e que podem chegar a três anos. No final, decide-se por usar uma determinada nova tecnologia ou não.
Existem também iniciativas de empresas que disponibilizam no próprio site um espaço para que qualquer pessoa possa inserir uma ideia, juntamente com uma estimativa de quanto precisaria, em termos de recursos financeiros, para desenvolver a iniciativa. Esses papers são analisados pela diretoria das organizações em fóruns voltados à inovação. Algumas das ideias são selecionadas para receberem investimentos das próprias empresas.
3. Eliminação das barreiras departamentais
Algumas empresas estão apostando na criação de grupos de trabalhos multifuncionais. A ideia é ter um grupo diverso no desenvolvimento de um projeto, com pessoas de diferentes backgrounds, departamentos, níveis hierárquicos e gerações, entre tantas outras diversidades. Esses profissionais deixam de ser de um determinado departamento para trabalhar em células de projetos.
4. Foco na diversidade durante os processos seletivos
Quanto mais diversas forem as equipes e a liderança, maiores são as chances de um departamento, uma área ou uma empresa ganhar em inovação. Aqui, podemos pensar em todo tipo de diversidade: idade, gênero, origem, preferência sexual e raça, entre tantas outras. Vale lembrar que é importante termos diversidade de perfil e de pensamento em todos os níveis hierárquicos para que as ideias inovadoras possam seguir adiante.
Seria um erro estruturar um processo seletivo para incorporar à companhia diversidade e boas ideias, enquanto a liderança se mantém como uma cúpula fechada, com pensamentos conservadores que, consciente ou inconscientemente, vai barrar as novas ideias. Certamente, gerir um time diverso não é uma tarefa simples, mas, com certeza, a riqueza dessa experiência vai gerar à essa liderança muita evolução, enquanto a empresa ganha um impacto positivo em seu Ebitda.
5. Concursos internos de boas ideias com premiação
O ideal é criar um ambiente que valorize as boas ideias internas. Um dia desses, eu ouvi o caso de uma moça que trabalhava na produção de uma indústria. Ela sugeriu uma forma diferente de montar uma peça. Essa ideia gerou milhões de reais em economia para a companhia e, por essa razão, a colaboradora recebeu um prêmio.
Agora, vale observar que, para que as pessoas se sintam à vontade para sugerir mudanças, elas precisam saber que serão ouvidas de forma genuína e com boa vontade. Isso, sem um julgamento pejorativo. A empresa, por meio de seus líderes, precisa demonstrar que, de fato, está aberta a tentar o novo.
Vale mencionar também a abertura para ouvir a sociedade do entorno da empresa – uma simples caixa de sugestões na portaria da empresa e a abertura de ouvir quem mora perto da empresa também pode trazer novas ideias, ouvi relatos de sugestões interessantes que foram implementadas oriundas de ações assim.
6. Implementação de ferramentas de Seis Sigma
Algumas organizações têm se proposto a treinar praticamente 100% dos seus colaboradores como green belts além de treinar uma boa parcela dos colaboradores para serem black belts e master black belts na metodologia Seis Sigma. Quando as pessoas são treinadas para enxergarem oportunidades de otimizações com ou sem reduções de custos, com o objetivo principal de eliminar complexidades desnecessárias dos processos, surgem muitas iniciativas interessantes em todos os departamentos.
Acredito que, hoje, a grande maioria das pessoas já sabe que essas metodologias podem ser aplicadas em qualquer departamento e não só no chão de fábrica de uma indústria. O simples fato de parar para desenhar um DMAIC ou fazer uma curva ABC já inspira as pessoas a enxergar as atividades do dia a dia com outros olhos.
7. Implementação de um escritório de projetos
Tem sido bastante proveitoso ter um escritório de projetos não vinculado a nenhum departamento especifico para acompanhar todas as iniciativas em andamento, mensurar suas implementações e retornos. Prática que traz bons ganhos para as empresas.
8. Não sobrecarregar a equipe
Hoje, uma das maiores reclamações dos profissionais é ter a agenda totalmente tomada por reuniões, sobrando pouco ou nenhum tempo para que eles consigam de fato exercer os seus trabalhos. Nesses casos, sobra ainda menos tempo para simplesmente se dedicar a pensar em algo novo.
Reduzir o número de reuniões ou o tempo de duração delas tem sido o foco de diversas organizações para mitigar o estresse e aumentar a produtividade. Algumas empresas têm, inclusive, proibido reuniões internas em determinados dias da semana e reuniões que ocupem o horário de almoço. O objetivo é que as pessoas tenham suas pausas respeitadas e mais tempo livre para produzir.
Em relatos de colaboradores e gestores sobre essa prática, a maioria ressalta que a experiência tem resultado em ganho de produtividade, de novas ideias e de inovação. Até mesmo a adoção de práticas mais avançadas, como o short Friday, uma vez por mês, ajudam para que as pessoas tenham tempo de pensar em ideias fora da caixa.
9. Reuniões off site
Antes da pandemia, algumas empresas tinham o hábito de levar as equipes para ambientes diferentes, como parques e hotéis, algum ambiente que fugisse dos locais habituais do dia a dia. Esses momentos eram reservados para exercícios de brainstorming dos mais diversos temas. Empresas com mais verba chegavam a propor viagens com as equipes, focando no aumento do engajamento e na abertura para novas ideias. Hoje, sabemos que essas práticas não são possíveis devido à pandemia. Mas, quem sabe no futuro, quando estivermos em uma fase melhor, essa seja uma prática que pode ser adotada.
O mundo tem evoluído em uma velocidade muito grande. As empresas e os profissionais que não estiverem lado a lado com os movimentos de inovação ficarão para trás. Algumas companhias que não evoluírem correm o risco inclusive de deixarem de existir. Em se tratando dos profissionais, o risco está associado à empregabilidade.
Cabe a cada um de nós se ajustar para se manter ativo e produtivo nessa nova realidade.
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