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João Roncati

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João Roncati é especialista em mudança organizacional, cultura e estratégia e CEO da consultoria People+Strategy
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Revolução 5.0: estamos preparados para ela?

Vem aí uma era em que o excepcional poder criativo de uso da inteligência artificial será cada vez mais valorizado

Por João Roncati, colunista de VOCÊ RH
28 fev 2023, 18h48
Homem trabalha com várias telas em um ambiente pouco iluminado
 (Pexels/Syed Qaarif Andrabi/Divulgação)
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E

stamos “ganhando tração” no ano de 2023. No ano “pós-pandêmico” continuamos num processo de adaptação e forte insegurança. Não é novidade que volatilidade e incerteza não só gravitam temas de palestras, textos e conversas, mas fazem parte contínua de nosso cotidiano. Evidentemente que são variáveis de nossa sociedade, desde que nos conhecemos convivendo em grupos ou bandos, mas não é preciso ir longe para percebermos a frequência com que eventos de toda natureza nos trazem sobressaltos. Ainda os vemos como “situações” que interrompem o curso “normal” das coisas.

Em meio a esse contexto que ninguém mais ousa chamar de “novo normal”, ou por cansaço do termo ou porque era chamativo e excessivamente generalizante, me chama a atenção o quanto ainda temos dificuldade com a inovação. Essa dificuldade não é traduzida por incômodos ou desconfortos, mas pela forma generalizante e superficial com que tratamos a palavra. Nas organizações privadas, tenho forte impressão que substituímos facilmente a necessidade de desenvolver capacidade competitiva e/ou diferenciadora, pela palavra ou pelo verbo “inovar”, “precisamos inovar” é um bordão comum.

Outra abordagem frequente e que um amigo chamou de forma caricata e exata de “sexy”, é pelo uso de imagens lindas, edições de vídeos de robôs que pulam e dançam ou, recentemente, textos curiosos de IA´s como o do ChatGPT.

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As duas formas são superficiais. Servem para o consumo de notícias e artigos, mas não para o desenvolvimento específico ou para a discussão de seus dilemas e contradições. Tema para longas e necessárias discussões.

Mas o ponto que queria abordar é que hoje, a chave inovação, como impulso e como solução, é a capacidade criativa de um ser humano. E ainda é.

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Viemos da Revolução 4.0 (configurada na Hannover Fair em 2011!) que provocou excelentes discussões sobre a conexão do biológico com o digital, que progressivamente vai sendo inserida em nosso cotidiano. Ainda com olhar superficial, esperamos ansiosos como a tecnologia se “materializará” em nosso dia a dia, consagrando a Indústria (ou o cotidiano) 4.0.

Este é o olhar “externo”, ou do consumidor. Se você é um líder ou pretende estar envolvido na transformação da sociedade, precisa mergulhar mais fundo. Qual o cerne e a principal alavanca de desenvolvimento da Indústria 4.0?

De acordo com Zarpellon, diretor de inovação e tecnologia da Camara Brasil Alemanha (berço e difusora dos princípios da Revolução 4.0): “ “A Alemanha vê as pessoas como centro de sua estratégia (…) de desenvolvimento desta “revolução””.

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Este é o meu maior ponto de destaque: ao enxergamos o potencial e as competências de indivíduos como a semente essencial para germinar esta revolução em qualquer indústria, estamos abrindo espaço para talvez, a Revolução 5.0 (termo não-técnico e aqui, metafórico).

O centro da 4.0 são as pessoas em três aspectos fundamentais da expressão e exercício da capacidade humana: primeiro, a construção da tecnologia que viabiliza e materializa a soma biológico + digital. Segundo, a mudança das funções do ser humano no processo produtivo (para funções mais nobres e com menor risco) e terceiro por considerar o cliente (um ser humano!) como um norteador dos parâmetros necessários de eficiência, qualidade e valor percebido e esperado.

Mergulharmos na pandemia e aceleramos o uso de tecnologias de comunicação e mobilização e “normalizamos” a palavra tecnologia. Se ela já estava inserida nos aparelhos que utilizamos cotidianamente e de forma quase imperceptível mediando relações (app de banco, celulares etc), passamos a utilizá-la como instrumento básico e primário de contato (reuniões on-line, conversas em família em grupos virtuais etc). Mas de novo, esta é a parte perceptível, ou seja, as soluções já na mão dos consumidores.

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No campo da pesquisa e desenvolvimento, estamos assistindo à aceleração da Inteligência Artificial, já “cantada em verso e prosa”, em filmes e livros (Isaac Asimov…) há décadas. Mas que se torna perceptível pois passa a estar acessível, ao alcance de alguns cliques, para grande parte das pessoas com um computador ou smartphone.

IA´s, que são desenvolvidas por humanos (ainda…)  é esta que eu chamo metaforicamente de Revolução 5.0. Nesta, não estamos nos referindo à associação do biológico e digital, mas da criatividade (mente) e digital. Aqui, capacidade analítica, criativa e sistêmica são competências altamente diferenciadoras, capazes de criar e destruir valor em escala global. E por estes efeitos, somaria ao trinômio acima (em negrito), valores dentro de um código de conduta moral e social.

A Revolução 5.0 é a que procuramos e desenvolvemos pessoas com excepcional poder criativo de interação e geração de valor do potencial das IA´s, mas que poderão também serem influentes ou determinantes sobre a forma que iremos utilizá-las.

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Essa Revolução é a que exige o reconhecimento da competência de “inovar”, como algo necessário e possível de desenvolvimento, mas sem a superficialidade romântica da dependência de um gênio ou de um momento “ahaa” ou “eureca” de explosão criativa. Acompanhada, necessariamente, de um compromisso com uma sociedade democrática na perspectiva da inclusão e do exercício da cidadania.

E exige, sob o risco da Revolução 6.0, ser toda definida e comandada por IA´s autônomas e altamente sedutoras a ponto de serem admiradas como divindades.

A preocupação não é alarmismo, nem tem como objetivo o fatalismo fácil de retórica mobilizadora, mas assumirmos que somos “(…) o senhor de meu destino; Eu sou o capitão de minha alma”1.

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