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Vívian Rio Stella

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Doutora em Linguística pela Unicamp. Idealizadora, curadora e professora da VRS Academy, pesquisa e desenvolve trabalhos voltados à lifelong learning
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O que os memes do trabalho dizem sobre as empresas

Com o crescimento de redes sociais internas e de grupos de afinidade, é comum que o humor esteja cada vez mais presente no mundo corporativo

Por Vivian Rio Stella, colunista de Você RH
Atualizado em 1 jul 2022, 13h28 - Publicado em 1 jul 2022, 09h55
Três mulheres estão sentadas à mesa enquanto olham para a tela de um celular e dão risada
 (Pexels/Ketut Subiyanto/Divulgação)
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Q

ual foi a frase mais bizarra que você já ouviu no mundo corporativo? Essa pergunta feita na postagem do perfil Festa da Firma, no Instagram, abriu espaço para mais de 7 mil pessoas se expressarem, com pérolas como: “pato novo mergulha baixo e raso”; “quando a maré baixa a gente vê quem tá pelado”; “melhor segurar um louco que empurrar um tonto”; “muito show e pouco cachê”; “não é porque sextou que tu sextarás”; “o problema está entre a tela e a cadeira”, entre tantas outras algumas até impublicáveis.

Além de rir e pensar em muitas outras, te convido a refletir sobre três aspectos. Primeiro, em como o humor faz parte das interações no trabalho. Comentários leves, bem-humorados, frases que relembram momentos e viram piadas internas permitem mais espontaneidade e geram conexão. Na convivência das equipes, seja digital, seja presencial, esse tom lúdico pode aliviar tensões e criar espaço para a colaboração (Eckert, 2008). Vale apenas o cuidado com piadas de caráter preconceituoso (evitáveis em qualquer contexto) e com a dose de humor. Como afirma Dale Carnegie, o humor é a sobremesa, não o prato principal.

A segunda reflexão é como abordagens diferentes nos permitem perceber as práticas da cultura corporativa. Afinal, cultura é feita pelas pessoas e não para elas. Nem sempre discursos e conteúdos, produzidos para reforçar valores e práticas organizacionais refletem o cotidiano real e diverso da empresa. Por vezes, o que se vê são narrativas de algumas áreas e não a pluralidade de vozes da companhia. Ousar, provocar, escutar as pessoas em seu dia a dia pode trazer à tona mais da cultura real, e não da idealizada.

Terceiro, como a lógica de memes e posts que viralizam revela sobre participação e colaboração. Na cultura da convergência em que vivemos, todas as pessoas participam, em diferentes níveis de status e influência (Jenkins, 2006). É justamente a participação das pessoas nos comentários do post e em qualquer outro que cria um cenário favorável para um assunto se disseminar amplamente pelo ciberespaço.

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E o que isso tem a ver com mundo corporativo? Tudo. Ainda mais quando se vê, nas empresas, o crescimento de redes sociais internas e de grupos de afinidade em plataformas de gestão e comunicação; o papel da curadoria como fator central para cultura de aprendizagem; a linguagem em transformação para atender novos contextos de interação. Atuar de forma menos centralizada e mais dialogada pode propiciar mais participação e envolvimento, tão almejadas pelas lideranças.

Além dessas três reflexões, o post sobre frases bizarras poderia sim nos alertar sobre o papel da liderança e a segurança psicológica nas equipes; a lógica do comando e controle ou da ultraprodutividade; os julgamentos e as microviolências embutidas em várias frases. Mas posts como esse, memes, figurinhas e outros recursos de linguagem são tão presentes em nosso cotidiano que precisamos ter um olhar apreciativo para refletir e aprender com e sobre leveza, mesmo em tempos difíceis.

E, como esse texto começa com uma pergunta, termino com outra.

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Qual a ação mais efetiva para afastar as pessoas?

Talvez nessa resposta você encontre mais aprendizados sobre conexão.

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