um encontro de família, falávamos sobre a formatura de um dos sobrinhos. Ele tinha concluído o ensino médio técnico em programação em uma escola pública de renome. Dos três anos de curso, metade do período foi de aulas online. Até aí, nada diferente de toda a humanidade que se viu obrigada a estudar e trabalhar de casa por conta da pandemia.
O grande problema foi que a maioria dos professores não dava aula, não corrigia tarefa, dava notas aleatórias para as avaliações e as faltas excessivas não foram consideradas. Para o meu espanto e a minha indignação, mesmo depois de voltar a ter aulas presenciais, tudo continuou igual. Quase igual, porque, como meu sobrinho disse, alguns professores voltaram a usar o quadro, explicando a matéria enquanto enchiam-no de informações, alguns poucos alunos copiavam e a maioria apenas tirava fotos com o celular.
Falo e estudo o processo de aprendizagem há mais de 30 anos, defendo mudanças nas escolas, na postura de professores em benefício do maior engajamento e aprendizado efetivo do que realmente importa. Quando ouvimos esse tipo de relato, que é uma amostra ínfima da educação no Brasil, não é de se estranhar nos depararmos com alunos adultos que esperam um professor que detém o conhecimento, discursando e professando sobre sua disciplina. Em nosso caso, um dos idiomas estrangeiros que ofertamos.
Como esperar que esses alunos, ao se tornarem colaboradores, tenham postura autônoma, protagonista, vindo de escolas tradicionais; escolas valorizadas com professores descomprometidos e escolas de qualidade duvidosa? É preciso discutir, debater explorar, refletir sobre as ações de aprendizes autônomos e protagonistas em seu processo de aprendizagem na vida pessoal e profissional, não só na escola.
Charles Wedemeyer é famoso como o pai da educação a distância entre os especialistas da área. Ele criou a Teoria de Estudo Independente, que defende a aprendizagem ao longo da vida por meio de sistemas educacionais abertos e flexíveis. Ele mesmo pertenceu a uma família de poucos recursos e seus pais faziam questão de oferecer livros e revistas para criar um ambiente de estímulo à aprendizagem. Ele também frequentava a biblioteca pública regularmente.
Wedemeyer criou, em 1969 — ou seja, há quase 50 anos —, uma lista de 11 ações de aprendizes autônomos que estão sempre dispostos a aprender. Como a lista está super atual, convido você a uma atividade de autorreflexão sobre sua postura para o aprendizado autodirigido.
( ) Gosto de planejar com antecedência — um dia, uma semana, um mês — e mais.
( ) Geralmente adoto um plano, modificando-o à medida que avanço, mas nunca o abandono sem melhorá-lo.
( ) Organizo minha vida para fazer o melhor uso possível do tempo, o ingrediente mais crítico do estudo independente bem-sucedido.
( ) Percebo que não posso iniciar uma nova atividade de aprendizagem sem abrir mão de algo que antes ocupava o tempo agora reservado para o estudo.
( ) Gosto de ler, escrever, ouvir e discutir.
( ) Tenho mente aberta para aprender coisas novas.
( ) Gosto de questionar, testar e analisar.
( ) Não tenho medo de ser diferente.
( ) Gosto de fazer generalizações, busco princípios e lógica, encontro as estruturais básicas em qualquer assunto.
( ) Desenvolvo habilidades para tomar notas, lembrar delas e relacioná-las.
( ) Trabalho cooperativamente com os outros, mas também gosto de estar “por conta própria” no aprendizado.
Como você se saiu? Sente que precisa de ajuda para incorporar hábitos, se expor, ou tem outras dificuldades de aprendizagem? A equipe da Verbify, empresa do grupo Companhia de Idiomas, está oferecendo cinco vagas em nossa mentoria gratuita sobre Aprender a Aprender, para leitoras e leitores desta coluna (é só citar que viu as dicas na vocerh.abril.com.br). Fale diretamente conosco por DM ou por e-mail: atendimento@verbify.com.br