língua materna é aprendida de maneira natural no meio onde o bebê é criado. Como ele não nasce falando, é capaz de aprender qualquer língua a que for exposto. Mas, se quisermos dominar uma língua estrangeira, teremos de passar por um processo “artificial”.
Todos podem se tornar fluentes, independentemente da idade em que comecem a estudar. No entanto, fluência não quer dizer necessariamente ausência de sotaque. A grande questão está no processo e no período de estudo. As crianças até cerca de 12 anos aprendem um novo idioma com muito mais facilidade e rapidez por causa da altíssima e refinada plasticidade cerebral. Essa característica as permite usar os dois hemisférios para a aquisição da proficiência de um jeito mais equilibrado. A plasticidade é a capacidade que o cérebro tem de se modificar, de se reorganizar, de se reestruturar e de aprender, estabelecendo novas conexões neurais e aumentando sua reserva cognitiva.
A formação completa do cérebro é uma longa jornada, ocorrendo em torno dos 20 anos de idade. Diferentemente do que acontece com as crianças, no cérebro adulto o aprendizado fica concentrado a um hemisfério, geralmente o esquerdo. Isso explica por que os adultos são mais racionais quando estudam e usam o idioma estrangeiro. Para usar a língua materna, isso não acontece. Inclusive, muitas pessoas dizem que é mais fácil brigar, negociar e até xingar em português porque envolve muito o emocional.
O desafio em aprender o inglês está em ensinar ao cérebro um caminho diferente do que ele percorreu até então em português. Por exemplo, o som do TH, a entonação, a gramática, o uso dos verbos auxiliares para estruturar frases interrogativas e negativas, o vocabulário, o uso dos phrasal verbs.
A combinação de estímulos mais os desafios ampliam a teia neural, ou seja, as sinapses entre os neurônios. Quando isso acontece, há aumento da velocidade, da conectividade e da qualidade dos nossos pensamentos. Potencializamos a plasticidade do cérebro adulto. Essas são algumas ações concretas:
1. Sair da zona de conforto e da rotina, porque, assim, só se iluminam as mesmas conexões neurais de sempre. Essa ação leva ao item 2.
2. Fazer coisas diferentes ou que nunca fez, como andar de skate, surfar, tocar um instrumento, escrever com a mão não dominante, escrever ou desenhar de olhos fechados, dançar, pintar, cozinhar, aprender outro idioma estrangeiro se já está estudando inglês.
3. Conhecer novos lugares, novas pessoas.
4. Fazer ginástica cerebral, utilizando jogos de tabuleiro, videogames, quebra-cabeças, caça palavras, jogos educativos etc.
5. Fazer exercícios físicos regularmente, com treinos diferentes.
6. Cuidar da alimentação, ingerindo mais peixes, frutas vermelhas, ovos, azeite e oleaginosas.
Todas essas ações são estímulos e desafios. O número de horas em exposição e o uso da língua que desejamos aprender também são estímulos. Quanto mais horas tivermos de exposição variada, melhor a retenção e a automação. O processo de assimilação é muito mais lento para quem estuda ou usa o idioma por apenas uma ou duas horas semanais. A frequência intensa e a regularidade contribuem para as questões motoras, uma vez que nosso aparelho fonador (dentes, língua, nariz e cordas vocais) automatiza os sons, e para o cérebro, que automatiza o vocabulário e a estruturação gramatical do português. Vale ressaltar que esse estímulo não é só aula com professor… mas isso é assunto pra outro artigo!
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