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Julie é exemplo de como incluir autistas no mercado de trabalho

Julie Goldchmit, assistente de marketing, lançou livro sobre sua história e os desafios das pessoas com Transtorno do Espectro Autista no trabalho

Por Letícia Furlan
Atualizado em 1 abr 2022, 19h16 - Publicado em 1 abr 2022, 18h54
Julie Goldchmit está com os cabelos soltos, divididos ao meio, utiliza um óculos marrom e uma blusa azul com babados. Ela está sentada em um sofá enquanto sorri
 (Divulgação/Divulgação)
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O

mês de abril é marcado pela conscientização sobre o Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) e também pelos desafios que esse público enfrenta no mercado de trabalho. Julie Goldchmit, 25 anos, mostra que pessoas dentro do espectro podem, sim, construir uma carreira, mas que adaptações devem ser feitas. Assistente de marketing desde 2019 na Unilever, multinacional de bens de consumo, Julie é autora do livro ImperfeitosUm relato íntimo de como a inclusão e a diversidade podem transformar vidas e impactar o mercado de trabalho (Maquinaria Editorial), que aborda sua trajetória e seus desafios.

O relato de Julie vai ao encontro com a importância de capacitar e promover pessoas dentro do espectro autista, prática fundamental aos princípios da inclusão e diversidade. “É preciso desmistificar definitivamente o preconceito de que essas pessoas não são capazes, e, paralelamente, ter a percepção em desenvolver as atividades corporativas olhando para as habilidades de uma pessoa autista, pois fica muito fácil fazer a inclusão no mercado de trabalho quando conseguimos enxergar as habilidades de pessoas dentro do TEA”, afirma a neurocientista Carolina Videira, especialista em inclusão e diversidade.

Boas práticas 

A psicóloga Fernanda Alarcão alerta que promover a inclusão não é apenas lançar luz sobre o que a pessoa com autismo precisa desenvolver, e sim preparar as empresas para receber essas pessoas. Isso envolve a sensibilização sobre como oferecer oportunidades adequadas para as habilidades e interesses das pessoas com autismo, para que trabalhem e impactem positivamente as empresas”, afirma Fernanda. Na Unilever, Julie tem um plano de orientação, de feedback e de carreira ajustado ao seu perfil.

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“É uma oportunidade muito especial ter a Julie nessa jornada com a gente. Com ela em nosso time, podemos vivenciar e aprender diferentes perspectivas, experimentar novos modelos e processos de gestão, questionar o estabelecido e desenvolver nossa liderança”, afirma Luana Suzina, gerente de educação, diversidade e inclusão da Unilever Brasil.

Andrea Vayanos, coordenadora de customer marketing da empresa, área em que Julie trabalha, conta que as pessoas da equipe passaram a buscam saber mais sobre o autismo e sobre como é possível falar sobre isso. “E sempre combinamos as ‘regras do jogo’”, diz Andrea: tudo para Julie deve ser bem definido, com planos feitos por etapas — o que dá muito mais segurança à profissional.

Julie também contou com a abertura da empresa para que tivesse o auxílio de sua mãe, Dafna Goldchmit, no início da adaptação ao trabalho. “Eles entraram em contato conosco para entender mais sobre a Julie”, diz Dafna.

Inclusão de profissionais dentro do TEA

A neurocientista Carolina Videira explica que a lei de cotas não diferencia pessoas com TEA e com deficiência (PCDs) — juridicamente, portanto, ambos estão no mesmo grupo. “No entanto, ainda é difícil as empresas contratarem pessoas com TEA ou com deficiência intelectual, muito em razão do desconhecimento na forma de desenvolver esse grupo. Ocorre que, atualmente, as organizações buscam pelas deficiências, digamos, mais visíveis, como as físicas, e que sejam mais leves, que não precisem da remoção de tantas barreiras”, afirma a especialista.

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Para incluir pessoas com autismo primeiramente é preciso conhecer a fundo as práticas inclusivas que ajudam a proporcionar ambientes de trabalho mais acolhedores e produtivos. “O que a gente faz atualmente dentro das escolas, que é o planejamento individualizado, mapeando as habilidades de cada aluno, tem que continuar no mundo corporativo”, diz Carolina. Para isso, é primordial que as empresas tenham um núcleo de inclusão capaz de mapear todas as barreiras e removê-las antes da chegada dessa pessoa. “Isso serve para não correr o risco de fazer a inserção pura e simples, apenas para dizer ao mercado que está cumprindo a cota, não dando a chance de essa pessoa de fato se desenvolver como qualquer outro profissional. Essa visão aprofundada das atividades que podem ser adaptadas ganha enorme importância para que a pessoa com autismo não se torne uma figura pouco produtiva no ambiente de trabalho”, finaliza Carolina.

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