odos os dias eu me pergunto: “O que eu não estou vendo?”. Tenho medo de achar que, em vez de estar contribuindo para a disrupção, na verdade apenas faço algo como “juntando gente boa pra produzir DVDs cada vez mais bacanas, com processos mais simples, a um custo menor. E me empolgar tanto com tudo isso a ponto de não perceber que as pessoas não estão comprando DVDs há bastante tempo.”
“Nós somos muito bons em fazer coisas velhas e familiares mais rápido ou em fazer as coisas erradas melhor.” (Olli-Pekka Heinonen e Hermanni Hyytiälä)
Essa frase tem a ver com gestão, com liderança, e também com aprendizagem. A aprendizagem incremental é aquela que nos possibilita melhorar o que fazemos, que adiciona informação e conhecimento. É quando aprendemos técnicas e até simplificamos processos. Parece bom, e é.
O problema é que nos tornamos especialistas dentro de nossas bolhas — das áreas, da empresa, do segmento. Dentro da bolha, por vivermos mais ou menos as mesmas coisas, concordamos umas com as outras, pensamos meio parecido, nos apoiamos e nos fortalecemos nas nossas certezas. Se discordamos, chegamos a um consenso. Temos ideias, aplicamos, ajustamos, mas não percebemos que nosso foco estreito e aprofundado, nosso apego ao que nos é familiar, nossa relativa preguiça, potencializada pela falta de tempo de construir outra coisa, tudo isso junto nos faz acreditar que estamos construindo algo incrível. Só que não.
A aprendizagem transformacional é aquela que nos possibilita identificar e repensar o que estamos fazendo. Quando temos um ambiente que nos estimula a esse tipo de aprendizagem, vem uma coragem não sei de onde para propor novas rotas, para fazer novas conexões, para testar o que antes era só teoria.
Vem uma vontade genuína de mudar a vida, de pivotar, de construir e não só reformar. É quando nos desapegamos de crenças, sentimentos, atitudes, ações, produtos, mercados, certezas, pessoas, abrindo espaço de acolhimento interno para:
- Descobertas
- Sentimentos diversos que antes eram rejeitados
- Atitudes corajosas que antes eram tolhidas ainda no pensamento
- Incertezas que antes eram consideradas fraquezas profissionais
- Pessoas que chegam em nossa vida, como resultado de incríveis coincidências
O ambiente pode contribuir. Mas a aprendizagem transformacional só ocorre quando nos conectamos com nosso aprendiz interno, que nasceu com a gente, mas que foi sendo sufocado por tantos comandos, controles e expectativas externas. Como resgatar e fortalecer esse aprendiz em nós, e nas pessoas à nossa volta?
Vi um post no perfil do mentor Éddy Augusto que representa um pouco essa ideia: “Sabe quando um trem está lotado e ainda assim as pessoas estão tentando entrar, enquanto outras precisam sair e não conseguem? Aprendi que até pra liberar espaço é preciso de espaço”.
Como você se esvazia, libera espaço no seu “HD”?
Como você acolhe a aprendizagem incremental, buscando também a transformacional?
Como você cria iniciativas de aprendizagem transformacional em sua empresa?
Que em 2023 nós saibamos criar e nutrir iniciativas de aprendizagem nas nossas vidas e nas organizações onde trabalhamos.
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