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Sobre velhos e novos hábitos em 2023

Às vezes é mais fácil criar uma rotina do que fazer várias pequenas escolhas cotidianas, que levam à fadiga decisória

Por Rose Souza, fundadora da Companhia de Idiomas
9 mar 2023, 07h20
Uma mulher está enchendo uma xícara de café
 (Unsplash/Kelly Sikkema/Divulgação)
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Nossa mente ama hábitos, rotinas, sabia? Quando uma atividade é só uma atividade, e ainda não está no modo rotina, a gente tem de… tomar decisão.

“Vou hoje pra academia ou não? Ah, hoje eu to bem cansada, amanhã eu vou” 

“Faço o jantar ou peço comida?”  

“Estudo ou vou ver série?”

Todos os dias, muitas pequenas e grandes decisões. Gastamos energia com isso, e podemos até ficar exaustos é a chamada fadiga decisória.  Por isso, nossa mente adora uma rotina.

“Um hábito é um comportamento que foi repetido tantas vezes que se tornou automático.” 

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Li essa frase, assim como outras que vou citar neste artigo, no livro “Hábitos Atômicos, de James Clear. Estou lendo em inglês, então a tradução é minha, pode estar diferente da frase do livro traduzido. 

Cada tarefa que realizamos no nosso dia a dia, é como uma trilha que estamos desbravando. Na primeira vez, é só mato, é mais difícil. Se percorremos a trilha (ou fazemos a tarefa) todos os dias, vai ficando mais fácil, até virar uma estradinha boa, que a gente percorre sem pensar (pronto, é um hábito).

Mas o próprio James Clear diz que os hábitos podem trabalhar para você ou contra você.

Imagina estudar um idioma – ter essa prática tão automática que você nem fica pensando se vai estudar hoje ou não, se está a fim ou não – quando percebe, já está estudando, porque virou um hábito. Aqueles tão sonhados 30 minutos por dia, totalmente incorporados na agenda! E, assim como o banho, alimentação ou escovação dos dentes, nem precisa ser exatamente no mesmo horário. Com algumas variações em cada dia, tudo isso acontece, de um jeito ou de outro. Então, é hábito. Quando o hábito vai nos levar a ser quem queremos ser, acho bom! E você?

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E tem também os hábitos nocivos. Assim como os bons, quando a gente vê, já está fazendo. Pegar o celular, entrar no Instagram, pedir aquele hambúrguer, deitar no sofá e só sair pra ir pra cama – coisas que a gente faz, que são boas quando acontecem beeeem de vez em quando, mas quando em excesso, quando viram hábito, se tornam muito nocivas. E se a gente já não tem domínio, se quando a gente vê já está fazendo, aí está um grande perigo.   É a soma de muita coisa potente. A gente sabe os hábitos nocivos que tem, né? Normalmente….

  • É bom
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  • Preenche nossos vazios

Gosto de pensar que nossas percepções sobre o mundo e sobre nossa vida impulsionam nossos pensamentos, sentimentos, palavras, ações e reações, e que tudo isso pode se tornar um hábito.  Quando vemos, já estamos sentindo de novo, falando as mesmas coisas, agindo como sempre agimos e por aí vai. Identificar nossos padrões é conhecer nossa própria essência.  Se esses padrões nos são nocivos, tiram nossa energia e tempo para realizar o que queremos realizar.

Mas vamos voltar às dicas do James Clear? 

  1. Os resultados mais poderosos e sustentáveis de qualquer processo demoram para aparecer, por isso temos de ser pacientes. Gostar do processo, da jornada, do dia a dia que nos levará a um resultado é muito importante. Se focarmos apenas no resultado, na meta, podemos desistir por não vermos esse resultado logo. Então, a rotina tem de ser divertida pra você.
  2. Um “hábito atômico” é um pequeno hábito que é parte de um sistema maior.  Como os átomos formam uma molécula, os hábitos fazem parte de um resultado significativo. Quais são os pequenos hábitos que você pode incorporar hoje na sua vida?  Nada grandioso, coisa de “ler por 10 minutos aquele livro”, “me alongar antes de tomar café da manhã”, “ouvir inglês por 5 minutos, enquanto dirijo, prestando atenção” . Qual o menor passo que você pode dar hoje, na direção do que quer? Foque nesses pequenos passos diários, e não no resultado.
  3. Resultados são sobre o que a gente conquista. Processos são sobre o que fazemos. Identidade é sobre o que acreditamos”. Comece pela identidade, focando em quem você quer se tornar. Quanto mais alinhado o novo hábito estiver com a sua identidade, com quem você se orgulha ou se orgulharia de ser, mais fácil é incorporar.  Por exemplo: ressoa muito em mim a causa ambiental, os cuidados com a saúde, a séria questão dos alimentos ultra processados, cheios de elementos químicos. Eu quero ser uma pessoa que contribui com isso. Então, me tornar vegetariana foi bem fácil, porque havia em mim muitos elementos alinhados com essa ação.  Você pode ser uma pessoa que gosta de esportes, você se orgulharia de correr uma maratona, acha lindo ser uma pessoa atleta. Então, há elementos dentro de você que vão contribuir para que você tenha o hábito de caminhar todos os dias.  Pensar e escrever sobre quem você quer ser, ou quais são os seus porquês (teoria do Simon Sinek), ou qual a sua identidade da qual se orgulha (teoria do James Clear) também pode ajudar. E isso também vale para hábitos nocivos. Se você gosta da ideia de ser uma pessoa que sai para comer pizza com os amigos, que adora receber em casa pra uma noite de massas, que é feliz nessas horas, pode ser muito difícil eliminar o glúten, se um dia quiser fazer isso. Fica muito desalinhado com quem você gosta de ser. É mais difícil, tem de reconhecer isso, e incorporar estratégias – de continuar fazendo aquilo como exceção, deixar pra um dia especial, essas coisas.

Segundo o Sinek e Clear, é mais fácil começar com seus porquês, revendo sua identidade idealizada. Querer ser uma pessoa que…. pode ser mais poderoso do que querer atingir uma meta. E depois, é se comprometer com uma atividade diária que te levará a ser quem você quer ser. Assim a gente não foca na meta, mas nas ações diárias. Bora tentar?

Continuo essas reflexões e dicas em breve, aqui mesmo!

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