Dados do Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento (SNA) do Conselho Nacional de Justiça mostram que há mais de 30.000 crianças e adolescentes sem famílias vivendo em abrigos espalhados pelo Brasil e mais de 5.000 prontas para serem adotadas. Os números são altos, mas a adoção ainda é um assunto delicado na sociedade brasileira.
Para trazer a questão à tona e estimular pessoas que gostariam de se tornar mães ou pais adotivos, a biofarmacêutica MSD, com quase 2.000 funcionário, tem o programa Apoio à Adoção. O projeto oferece um auxílio de 15.000 reais por filho para empregados que forem aprovados pelo governo a adotar crianças e adolescentes de até 18 anos. Além disso, a companhia ainda disponibiliza licença-maternidade de 180 dias e licença-paternidade de 90 dias.
Em entrevista para VOCÊ RH, Andres Massoni, atual líder global de RH da divisão de manufatura da MSD em Nova Jersey, afirma que a iniciativa visa criar impacto social para o Brasil desmistificando a adoção.
Qual foi a motivação para trazer o programa de estímulo à adoção para o Brasil?
Durante a pandemia, surgiram reportagens que mostraram que a crise aumentou as dificuldades de movimentar os processos de adoção. Nosso objetivo, na MSD, é auxiliar os pais que querem adotar um filho, com apoio financeiro, emocional e de qualidade de vida. Isso será oferecido para todos que quiserem adotar, sejam homens, mulheres, heterossexuais ou LGBTI+.
Como serão esses auxílios?
Do ponto de vista financeiro, damos um suporte de 15.000 reais por criança depositado na folha de pagamento do funcionário ou da funcionária depois de confirmada a outorga da criança. Claro que o custo de criar um filho é muito mais alto, mas esse valor irá auxiliar em despesas médicas, advocatícias e de infraestrutura, como a montagem do quarto.
E o aspecto emocional?
Os adotantes passam por um processo de avaliação e atendimento psicológico pelo Estado, mas existe o pós: a criança chegou em casa, o que eu faço? Nosso programa Resources for Living, que é um serviço telefônico que oferece assistência de vários tipos, incluindo a psicológica, traz uma ajuda emocional para lidar com a primeira fase da adoção. Além disso, o adotante ou a adotante tem direito a uma licença – independentemente da idade do filho. Estamos igualando as necessidades dos pais adotivos e biológicos porque existe um processo de adaptação muito importante para quem adota.
Como foi a receptividade do programa?
Teve uma percepção fantástica. Quando eu apresentei o projeto no comitê executivo, recebi muito apoio e um executivo disse que me ajudaria porque ele próprio tem três filhos adotivos. Nossos presidentes aprovaram e implementamos. Fico feliz por colocarmos no ar mais essa política. Por mínimo que seja, estamos gerando impacto social ao estimular a adoção de crianças sem famílias. Assim ajudamos o Brasil e o mundo a ser lugares melhores.
Acredita que esse projeto ajudará a desmistificar a adoção?
Sem dúvida. Durante nossas apresentações sobre o programa, tivemos feedbacks de colaboradores que estão pensando em adotar e que se sentiram felizes em saber que a companhia está aberta para ajudar.
A gente encara a adoção da mesma maneira que o nascimento de um filho biológico: com apoio e facilidade para colocar o filho no plano de saúde, por exemplo. Abrimos as portas para os funcionários se sentirem à vontade. Nossos gestores também são orientados a serem flexíveis com os colaboradores que estão passando pelo momento da maternidade ou paternidade – seja biológica ou adotiva. Temos que dar acolhimento nessas situações.