Por que o ESG é a bola da vez nas empresas
Pesquisa com 200 executivos da alta liderança em 2021 mostra que 70% tiveram contato com assuntos relacionados à sigla nos três anos anteriores
ma área que está em bastante evidência no mundo corporativo é a de ESG, abreviação das palavras environment, social e governance (ambiental, social e governança). São áreas que já existiam nas empresas de forma separada e que hoje, de maneira unificada, estão na agenda das companhias como prioridade. O conceito ESG surgiu em 2004 em uma publicação chamada “Who cares win”, que pode ser traduzida para “Quem se importa ganha”. O relatório foi publicado por Kofi Annan, ex-secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em parceria com 23 instituições financeiras de nove países, visando desenvolver um guia com recomendações de como melhor integrar os problemas das áreas de meio ambiente, sociais e de governança corporativa ao mercado financeiro.
Em uma pesquisa conduzida em 2021 pelo Talenses Group com 200 executivos da alta liderança, 70% dos respondentes disseram ter tido contato com a sigla nos três anos anteriores. Ainda sobre os dados do levantamento, foi possível diagnosticar que a pressão pela implantação e estruturação de uma agenda ESG nas organizações vem principalmente de três fatores: acionistas ou investidores (opinião de 28% dos executivos); engajamento da sociedade de forma geral (28%); e obrigações regulatórias setoriais (21%).
Recentemente, eu mediei uma palestra do Marcos Rossi Martins, superintendente de Indústria, Serviços e Comércio Exterior do BNDES, na qual ele comentou que 68% da carteira de crédito do BNDES, de 238 bilhões de reais, está vinculada a projetos que apoiam a economia verde e o desenvolvimento social. Existe uma redução de taxa para as empresas que cumprirem as metas ESG. A regra é cumprir três contrapartidas e duas metas preestabelecidas para obter uma redução de 0,4% ao ano na remuneração do BNDES. Caso não haja o cumprimento, há um aumento de 1% na taxa final. Vale a pena buscar mais informações sobre isso.
O Banco Central publicou, recentemente, que as instituições financeiras serão obrigadas a contabilizar riscos climáticos em seus balanços, além de criar políticas de responsabilidade socioambiental e elaborar relatórios anuais sobre o tema. Tenho acompanhado também o posicionamento de fundos de investimentos que irão aportar mais recursos em empresas que se mostrarem engajadas em ações de ESG. Isso sem falar na sociedade, que já começa a decidir sobre compras de produtos e serviços com base no compromisso das empresas em relação à sociedade e ao planeta. O mundo começa a ficar mais atento também às práticas de greenwashing, ou seja, quando as empresas fazem falsos discursos ou propagandas de suas ações de ESG.
Caso você tenha interesse em trabalhar na área, aqui vão algumas informações. Algumas empresas têm o(a) executivo(a) de ESG abaixo do CEO ou das áreas jurídica, de finanças, de RH ou de operações. Há, ainda, organizações que mantêm a agenda dividida entre diferentes áreas sem centralizar o tema em uma pessoa. Ter alguma capacitação em ESG é importante, mas não fundamental. Quanto ao perfil, busca-se por habilidades comportamentais como comunicação, capacidade de análise, facilidade para lidar com diversas áreas, hierarquias e instâncias, organização, autogerenciamento, foco em resultados e carisma para engajar e motivar o time. No geral, a senioridade buscada é alta, pois ESG não é um simples modismo. É uma ação estratégica relevante que impacta a forma como as companhias fazem negócios e se posicionam no mercado e diante da sociedade. Ou seja, de uma forma ou de outra, é mais um importante recurso para garantir a sustentabilidade financeira de organizações de todos os portes e segmentos.
Este texto faz parte da edição 82 (outubro/novembro) de VOCÊ RH. Clique aqui para se tornar nosso assinante