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O que as mulheres podem fazer para parar de ganhar salários mais baixos?

É comum que as mulheres recebam de 10% a 20% menos para exercer a mesma função de colegas homens. Veja como negociar um salário igualitário

Por Christine Naschberger*
8 mar 2021, 13h44
Mulher negra sorrindo ao ler um documento.
 (Pexels / Anna Shvets/Divulgação)
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As disparidades salariais de gênero são uma realidade global. Em muitos países, as diferenças são de 10% a 20% para a mesma função e a mesma carga horária. Segundo o relatório sobre Desenvolvimento Humano das Nações Unidas, o Brasil ficou em 92º lugar entre 159 países em ranking de igualdade de gênero. Em relação a salário, os homens ganham aproximadamente 30% a mais que as mulheres de mesma idade e nível de instrução, quase o dobro da média da região da América latina (17,2%). Como explicar essas desigualdades? Como uma mulher pode negociar melhor um aumento salarial?

A desigualdade salarial entre homens e mulheres pode ser explicada dessa forma: mais mulheres trabalham meio período e escolhem setores (por exemplo, educação, saúde, indústria hoteleira, etc.) e funções (marketing, RH, comunicação, etc.) que geralmente pagam menos.

Mas como explicar a diferença de 10% a 20% para o mesmo trabalho? Os motivos para essa disparidade salarial podem ser que as mulheres negociam menos, em quantidade e qualidade de negociação: apenas uma em cada oito mulheres negocia seu salário contra um em cada dois homens.

A desigualdade salarial entre homens e mulheres começa cedo, logo após a formatura. Estatística mostra que as recém graduadas esperam receber 15% a menos do que os homens pelo primeiro salário. Os homens tendem a negociar da seguinte forma: “Não considerarei este trabalho se o salário for abaixo de US$ 40.000”, enquanto as mulheres tendem a dizer: “Estou ganhando US$ 30.000 no momento. Idealmente, gostaria de obter um pouco mais. ”

Outro motivo vem do empregador: os recrutadores estão oferecendo um salário mais baixo às candidatas devido aos estereótipos de gênero. Eles acham que as mulheres não trabalham só por dinheiro mas por outros motivos. Na maioria das vezes, as pessoas que transmitem estereótipos de gênero nem estão necessariamente conscientes disso.

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As disparidades salariais entre homens e mulheres variam de acordo com setores e países. Alguns se saem melhor do que outros. Por exemplo, os países escandinavos e a Islândia têm uma cultura igualitária e políticas governamentais que incentivam (e permitem) que os homens se beneficiem de uma licença parental generosa. Lá, a igualdade profissional entre mulheres e homens nas empresas está bem respeitada.

Algumas empresas também decidiram ser mais transparentes e trabalham mais para reduzir as disparidades salariais: algumas empresas do Vale do Silício resolveram publicar suas escalas salariais para atrair mais talentos femininos.

O que as mulheres precisam saber para negociar melhor aumentos salariais?

Em primeiro lugar, as mulheres precisam estar cientes da importância de uma negociação salarial. Elas precisam ir atrás dessa negociação. Existem quatro etapas para negociar um salário. Uma negociação bem-sucedida começa com uma preparação cuidadosa:

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1. Conheça o seu valor: você precisa saber quanto você vale; quais são seus pontos fortes e capacidades? Como valorizar a sua experiência? Quais são as suas conquistas, os seus resultados, o seu desempenho? Você precisa saber se vender.

2. Compare seu salário e benefícios: entenda o valor do seu trabalho. Para isso, persquise quanto os concorrentes pagam por um emprego igual ou similar. Dê uma olhada nas ofertas de emprego: elas podem te dar uma faixa média de salário. Pergunte aos membros do seu network. Pergunte a ex-alunos da sua universidade ou faculdade de administração! Obtenha o máximo de informações.

Você também precisa ter uma visão ampla: pense no pacote de remuneração total e não apenas no seu salário. Que tipo de benefícios você pode negociar? Tem remuneração variável (individual ou coletiva)? A empresa providencia um carro para você? A organização tem esquemas de ganho ou participação nos lucros? Existe um esquema de aposentadoria? Quais são as oportunidades de treinamento e desenvolvimento? E quanto ao avanço na carreira? É possível trabalhar de casa? Quais são os horários de trabalho e quantos dias de folga tem? Etc. Lembre-se que você deve ter uma margem salarial de 15% a 20% na hora de negociar. Quando fizer essa lição de casa, você está pronta para negociações com flexibilidade. A negociação é uma situação win-win (na qual todos ganham).

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3. Conheça sua estratégia: em primeiro lugar, você precisa estar de bom humor para negociar. Você deve ser confiante e positiva não apenas para si mesmo, mas também para os outros. Se você não está se sentindo bem ou está irritada, é melhor adiar o momento da negociação. Existem duas estratégias de negociação: 1. Seu salário-alvo está no nível mais baixo de sua faixa salarial; 2. Seu salário-alvo está no meio de sua faixa salarial;

4. Pratique: depois de uma boa preparação teórica, você precisa praticar. Você pode organizar um role play com um bom amigo para simular uma situação de negociação salarial. Se você estiver confiante, pode iniciar imediatamente uma negociação salarial com um recrutador ou com seu gerente. Após a entrevista, analise o que deu certo e o que deu errado. Que tipo de melhorias você vê? Para uma negociação bem-sucedida, você também precisa adotar a atitude “certa”, ou seja, ser firme, ter uma postura positiva, mostrar que você está mirando o longo prazo e manter a calma.

 * Professora de administração e recursos humanos na Audencia Business School

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