Para profissionais LGBTQIAPN+, o escritório não é um lugar seguro
50% das pessoas acham que as lideranças de suas empresas não estão comprometidas em manter um ambiente acolhedor para essa comunidade.
As primeiras análises da pesquisa Experiências LGBTQIAPN+ no Ambiente de Trabalho apontam dados relevantes para o entendimento do panorama de inclusão desse público nas empresas brasileiras. E o que chama mais atenção é a questão do quanto o escritório não parece um ambiente seguro: 53% dos respondentes informaram que conhecem alguém que já sofreu preconceito na empresa, e 24% afirmaram ter sido vítimas da mesma violência, motivada simplesmente pela sua identidade ou expressão de gênero, ou orientação sexual.
A pesquisa da Travessia – Estratégias em Inclusão coletou anonimamente dados de 111 colaboradores LGBTQIAPN+ de empresas de diversos segmentos e em todas as regiões do Brasil.
Vini Michelucci, sócia na Travessia e à frente das ações de diversidade para a comunidade LGBTQIAPN+, destaca que os dados revelaram uma necessidade contínua de as empresas manterem a pauta de inclusão no radar, e seguir aprimorando as ações e políticas que garantam um ambiente de trabalho saudável, seguro e produtivo para profissionais dessa comunidade.
Tokenismo. Mas o que é isso?
Um outro dado que chamou atenção na pesquisa traz um termo novo para muitos: tokenismo. 24% dos respondentes afirmaram já ter sido vítimas desse “me engana que eu gosto” no ambiente de trabalho.
“O tokenismo é uma prática superficial e simbólica de inclusão, geralmente com o objetivo de evitar críticas ou só aparentar existir diversidade, sem mudanças significativas ou genuínas”, explica Vini.
Confira as principais revelações da pesquisa
▪ 36% dos respondentes afirmaram que as empresas não promovem ações efetivas de prevenção e combate à discriminação contra pessoas LGBTQIAPN+.
▪ 50% apontaram que as lideranças da empresa ou organização não estão genuinamente comprometidas em criar e manter um ambiente inclusivo para pessoas LGBTQIAPN+.
▪29,33% não confiam nos canais internos da empresa ou organização para endereçar assuntos relacionados à discriminação, assédio ou violência contra pessoas da comunidade.
▪42,67% não entendem que as empresas ou organizações estejam preparadas para acolher denúncias ou reclamações de pessoas LGBTQIAPN+.
▪ 30,67% das pessoas desistiram de buscar suporte dos canais internos por não acreditar que os problemas seriam solucionados.
▪ 55,4% afirmaram que a empresa ou organização não possui um processo de recrutamento e seleção inclusivo para pessoas LGBTQIAPN+.
Este texto faz parte da edição 93 (agosto/setembro) da Você RH. Clique aqui para conferir outros conteúdos da revista impressa.