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Visibilidade trans e oportunidades de carreira

Danielle Torres, sócia de Risk Management da KPMG, propõe uma reflexão no Dia da Visibilidade Trans

Por Danielle Torres, sócia de Risk Management da KPMG*
Atualizado em 29 jan 2022, 15h07 - Publicado em 29 jan 2022, 07h00
Danielle Silva está sentada de perna cruzada em um jardim,
 (Alex Silva/Divulgação)
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Janeiro é o mês da visibilidade trans e gostaria de iniciar este diálogo reconhecendo os expressivos avanços conquistados pela comunidade no ambiente corporativo. Não faz muitos anos, por exemplo, minhas palestras eram focadas em temas básicos para a contratação de profissionais trans – como uso de pronomes e nome social. Hoje, o aspecto de superação de minha jornada recebe destaque quase exclusivo na minha fala, inspirando carreiras de uma forma ampla.

Importante lembrar do que se trata a já mencionada visibilidade trans: nada mais é do que incluir o direito do convívio e a inserção na sociedade de maneira natural, sem desrespeitos. Seja se candidatar para uma vaga de trabalho, e se sentir acolhida para realizar o processo seletivo, seja frequentar uma academia, restaurante, shopping, ou qualquer ambiente que assim desejar. Pode parecer algo trivial o que descrevo, mas a ausência de oportunidades profissionais, somada ao preconceito, tornam essas simples atividades cotidianas um desafio para muitas pessoas trans.

Por essa razão que, quando tenho contato com empresas que ainda não possuem pessoas trans em seu quadro de funcionários, tal fato me chama a atenção. Considerando a quantidade de profissionais trans capacitados e em busca de oportunidades, logo surge a pergunta: o que falta para elas conquistarem uma posição?

Por outro lado, para aquelas que já conquistam uma vaga, precisamos refletir se são oferecidas condições equitativas para o progresso de suas carreiras na organização. E, mais importante, se poderão crescer e explorar seu potencial de maneira desejável e agregador para as companhias. Já dialoguei, por exemplo, com profissionais que acreditam que a inserção trans termina na contratação. Entendo que se faz preciso ampliar a visão de maneira a pensarmos nas carreiras de tais profissionais no longo prazo e, inclusive, em posições de liderança.

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Tal iniciativa demanda a existência e manutenção de um ambiente profissional propício para que mais pessoas trans se desenvolvam além das posições de entrada, e se sintam à vontade para seguir uma trajetória de constante aprendizado. Essa é uma reflexão que tenho levado adiante em meus inúmeros diálogos com as empresas.

Todos nós que ocupamos uma posição de liderança podemos pensar sobre o quanto os processos de avaliação e progressão de carreira de nossas organizações ou departamentos estão, de fato, alicerçados em princípios igualitários. Como exercício, podemos responder a seguinte pergunta: todos os profissionais possuem a mesma chance de progressão incluindo, naturalmente, as pessoas trans?

Somente desta forma, acredito que, em algum momento da minha carreira, eu possa celebrar o mês da visibilidade trans com a tranquilidade de que somos todas vistas de maneira plena e a partir de nossas competências, de forma a sermos integralmente valorizadas pelas profissionais que somos.

*Danielle Torres é sócia de Risk Management da KPMG e foi incluída na lista da Bloomberg entre as 500 pessoas mais influentes da América Latina em 2021.

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