Nesta terça-feira, 27 de agosto, começa uma edição muito especial do CONARH, o evento mais importante do Brasil no que diz respeito à área de recursos humanos. Este será seu 50º ano de congresso, e que chega com números superlativos de crescimento. Enquanto, no ano passado, houve 32 mil profissionais circulando pelos estandes e palestras, agora esse número beira os 40 mil. Para se ter uma ideia do aumento do interesse no congresso, em 2018 eram 17 mil pessoas. Desta vez, as inscrições se esgotaram em um mês.
Para Paulo Sardinha, presidente da Associação Brasileira de RH (ABRH), realizadora do evento, esse crescimento passa justamente pelo quanto a área tem se tornado estratégica para as empresas. “Nos anos 1980, a gente fechava a porta da rua e cuidava das mesmas coisas internas: organograma, recrutamento e seleção, cargos e salários. Hoje, embora o RH esteja dentro das empresas, ele abrange o que existe no mundo lá fora. Fala de responsabilidade social, comunicação e muitos outros temas.”
Segundo o presidente da entidade, a qualidade do trabalho de recursos humanos no Brasil não deve nada ao que há de melhor no exterior. “O Brasil tem de se orgulhar dos seus profissionais de RH. Eu viajo com frequência para os Estados Unidos, países da Europa e da América Latina, e constato que o que as empresas praticam aqui é igual ou até melhor, em alguns casos, do que observo lá fora. Antigamente, só a gente trazia profissionais de RH do exterior para cá. Agora há um fluxo de brasileiros ‘expatriados’ para diversas partes do mundo. Já há diretores de RH e CEOs representando a nossa forma de fazer gestão de pessoas nesses lugares”, aponta o executivo.
Palestras sobre inteligência artificial
Boa parte das palestras desta edição do CONARH aborda questões ligadas à inteligência artificial. E não é à toa: os RHs estão cada vez mais procurando a melhor forma de integrar essa tecnologia em suas atividades. Para Sardinha, a IA não é uma ameaça real aos empregos, e as palestras provavelmente vão deixar isso mais evidente.
“Nos anos 1980, a gente discutia se os robôs iam tomar o lugar dos profissionais. Falava-se de fábricas escuras, nas quais não precisaria ter luz acesa, porque só haveria robôs trabalhando. Como sabemos, nada disso aconteceu”, afirma o executivo. “Será a mesma coisa com a inteligência artificial. A IA tem uma característica que é a linearidade. Você dá meia dúzia de palavras e ela desenvolve um texto, uma compreensão muito objetiva, que é linear. Já o pensamento humano oscila em diferentes direções. Essa nossa capacidade múltipla é única das pessoas, e isso se reflete no trabalho do RH.”
No entanto, o presidente da ABRH acha que as organizações precisam rever a forma como interagem, de maneira geral, com as tecnologias, porque elas estariam sobrecarregando as pessoas. “Você fica preso a responder às redes sociais, às mensagens do WhatsApp, verificar o que é fake news sobre sua empresa… Essa é uma questão que a gente vai discutir no CONARH. Porque as tecnologias vêm nascendo com a promessa de facilitar a vida do trabalhador, mas estão nos fazendo dormir menos, trabalhar a qualquer hora do dia, de fim de semana… Isso é algo que precisa ser repensado.”
Confira aqui a programação completa do CONARH, que vai de 27 a 29 de agosto, no São Paulo Expo.
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