Como preservar valores sem deixar de olhar para as inovações no horizonte?
Vicky Bloch, colunista da VOCÊ RH fala sobre os avanços e retrocessos na gestão de pessoas
Três anos atrás, uma capa da revista americana Harvard Business Review, referência em assuntos de gestão, chamou a atenção da comunidade de recursos humanos. O título da matéria dizia: “Está na hora de explodir o RH que conhecemos e construir algo totalmente novo”.
O tema referia-se à necessidade sobre a qual falo há quase uma década: trazer mais visão e pensamento estratégico para a área de recursos humanos que, em 2015, ainda era um setor fundamentalmente administrativo — até nos Estados Unidos.
De lá para cá, surgiu um fator adicional que impacta as corporações, a inteligência artificial. Com isso, a transformação do RH se torna ainda mais urgente.
É só refletir. Quantos profissionais de RH saíram efetivamente do papel de coadjuvantes para se tornarem executivos visionários que antecipam as mudanças na forma de gerir o capital humano? Quantos estão ao lado do CEO contribuindo para as decisões de negócio guiadas pelas mudanças que estão por vir, em vez de apenas reagir ao que já está em curso?
Sabemos que empresas de ponta colocam as pessoas à frente de seus processos na criação de valor e permitem que o executivo de RH exerça papel tão estratégico quanto o do CFO.
Mas a implementação desse modelo acontece em velocidade de tartaruga. Apesar de o capital humano ser considerado essencial por boa parte dos CEOs, a área de RH continua longe de alcançar importância na hierarquia corporativa.
E nesses três anos surgiu mais um desafio para os profissionais brasileiros: a reputação internacional de nosso país. Se, antes, o Brasil era reconhecido pelos escândalos de corrupção, agora parece que voltamos dez casas no jogo da evolução dos direitos humanos, do respeito à diversidade e da causa ambiental.
Com todos esses elementos em mãos, o sentimento que tenho é que os profissionais de RH nunca foram tão importantes. Não podemos permitir que as alienações e os retrocessos de governantes desviem ou influenciem a pauta dos valores já tão discutidos e estabelecidos no ambiente organizacional e na sociedade.
Ao mesmo tempo, precisamos ser capazes de olhar à frente para nos antecipar à revolução que a inteligência artificial deverá gerar no ambiente de trabalho.