mpresas que testaram a semana de quatro dias de trabalho no Reino Unido aprovaram o modelo: 92% das 61 companhias continuam com a redução da jornada sem corte na remuneração, 4% afirmam que devem seguir com o teste antes de tomar uma decisão e apenas 4% optaram por não adotar a prática. Recentemente, o Chile também aprovou a redução da jornada de trabalho, o que dá vazão à adoção da jornada de quatro dias de trabalho
Segundo o estudo, conduzido pela organização sem fins lucrativos 4 Day Week Global entre junho e novembro de 2022, entre os maiores benefícios está o bem-estar dos funcionários. Os dados mostram que 39% dos profissionais relataram menos estresse e 71% tinham níveis reduzidos de esgotamento ao final do teste. Os níveis de ansiedade e fadiga e os problemas de sono diminuíram e a saúde mental e física melhorou.
Outros ganhos foram maior harmonia entre vida pessoal e profissional e mais facilidade para administrar o trabalho para conseguir atender aos compromissos familiares e sociais. Para 54%, a jornada reduzida tornou mais fácil equilibrar o trabalho com as tarefas domésticas. Os funcionários também relataram maior satisfação com as finanças domésticas, os relacionamentos e com o uso do tempo.
A avaliação final do projeto mostra que a receita das empresas permaneceu estável durante o período de seis meses, com aumento médio de 1,4%, ponderado pelo tamanho da empresa. Quando comparado a igual período de anos anteriores, o crescimento de receita foi de 35%, em média.
Os pedidos de demissão caíram 57% no semestre e 15% dos funcionários afirmam que nenhuma quantia de dinheiro faria com que aceitassem uma mudança para uma empresa com jornada regular.
A preparação
Antes de o projeto começar, os participantes tiveram dois meses de preparação, com workshops, coaching, mentoring e apoio de consultorias e profissionais que já tinham experimentado a prática.
As empresas, de diversos setores e portes, não eram obrigadas a adotar de forma rígida um modelo de redução de jornada diária ou a semana de quatro dias, desde que a remuneração fosse mantida em 100% e os funcionários tivessem uma “significativa” diminuição do tempo de trabalho.
Cada companhia desenvolveu uma política adaptada ao seu setor de atuação, aos desafios organizacionais, às estruturas departamentais e à cultura de trabalho. O resultado foi uma variedade de soluções, desde a sexta-feira livre até a jornada escalonada, com as equipes atuando em regimes diferentes para cobrir todos os dias. De acordo com o relatório, algumas empresas optaram por modelos descentralizados, em que cada área combinava a melhor forma; outras definiram condições para que a iniciativa pudesse se concretizar.
“As organizações estão contribuindo com dados e conhecimento em tempo real que valem ouro. Essencialmente, estão lançando as bases para o futuro do trabalho, colocando em prática uma semana de quatro dias, em todos os tamanhos de negócios e quase todos os setores, e nos dizendo exatamente o que estão descobrindo à medida que avançam”, disse o CEO global da 4 Day Week, Joe O’Connor, em comunicado.
O projeto, que tem parceria de pesquisadores das universidades de Cambridge e de Oxford e do Boston College, contou com a participação de 2.900 funcionários de 61 companhias no Reino Unido.