A entrada dos jovens da Geração Z no mercado de trabalho passa por uma série de desafios, que começam na falta de um plano educacional e profissionalizante para o desenvolvimento das juventudes brasileiras. Juventudes no plural porque o jovem brasileiro não é um perfil padrão. Ele é plural. Vem de realidades extremamente desiguais, disputando as mesmas oportunidades de ensino e de desenvolvimento para ingresso no mercado de trabalho.
Nascidos entre meados da década de 1990 e o início dos anos 2010, as pessoas dessa geração cresceram em meio a avanços tecnológicos rápidos e mudanças sociais profundas, moldando suas perspectivas e expectativas em relação ao mundo profissional.
Além de todas as dificuldades para conseguir ingressar no mercado de trabalho, a Geração Z ainda precisa conviver com uma das barreiras mais destrutíveis: a falta de credibilidade nas suas capacidades, nos seus talentos, nas suas potências. Todos os dias alguém resolve “atacar” essa geração que está cada vez mais organizada para cumprir aquilo que ninguém espera deles.
Isso tudo exige ainda mais dos jovens. Eles devem ser ágeis e sempre dispostos a adquirir novas habilidades continuamente. Além disso, a natureza globalizada da economia atual significa que eles precisam competir não apenas com seus pares locais, mas com talentos de todo o mundo. Ainda são acusados de não terem interesse por alcançar o topo nas suas carreiras e que não querem ser nada além de “nem-nem”.
Um estudo recente divulgado pela PwC aponta que a Gen Z deve se tornar 30% da força global até 2030. Governos, sociedade e empresas precisam somar esforços para garantir desenvolvimento e melhores condições para essa geração de pessoas que vai garantir o financiamento da previdência dos que estão a caminho ou já se aposentaram. Isso, especialmente no Brasil, onde estamos seguindo para um país com cidadãos mais maduros que jovens.
O Brasil já ultrapassou a marca de 54,8 milhões de pessoas com mais de 50 anos. De acordo com as perspectivas do IBGE, em 2043, um quarto da população brasileira deverá ter mais de 60 anos, enquanto a proporção de jovens até 14 anos será de apenas 16,3%. Teremos mais habitantes maduros que jovens. Precisamos abrir mais portas e exigir menos deles.
Profissionais nascidos com fluência digital
A Geração Z tem um ponto a seu favor e que os torna valiosos no mercado de trabalho, ainda que necessite de uma repaginada na forma de contratar e garantir oportunidades aos jovens. Por já nascer em um mundo digital, essa geração tem habilidades tecnológicas sólidas e uma compreensão intuitiva das mídias sociais e das tendências online. Isso os torna especialmente adequados para papéis que exigem inovação, criatividade e fluência digital. Mais que nunca, eles precisam de nossos créditos para seguir seu desenvolvimento. É nosso papel ajudá-los, formá-los e inspirá-los nessa jornada.
Além disso, os jovens da Geração Z tendem a valorizar a diversidade, a inclusão e o propósito em seus locais de trabalho. Eles buscam empresas que estejam alinhadas com seus valores pessoais e que demonstrem um compromisso com a responsabilidade social e ambiental.
Outro aspecto importante a se considerar é a preferência dos jovens por um equilíbrio saudável entre trabalho e vida pessoal. Ao contrário de gerações anteriores, que muitas vezes sacrificavam o tempo livre em prol do trabalho, a Geração Z trouxe a coragem de valorizar a flexibilidade e a autonomia em relação ao horário de expediente. Isso tem levado muitas empresas a adotarem políticas de trabalho remoto, híbrido e horários flexíveis para atrair e manter esses jovens talentosos.
É por isso que estão sendo acusados de não almejarem a liderança. Eles querem fazer diferente. Querem ser líderes sim. Já nascem com esse espírito. Mas não querem ser os líderes que temos hoje. Querem estar preparados, com conteúdo para compartilhar com seus times, sendo exemplo, ouvindo para desenvolver, junto com suas equipes, mais soluções criativas para problemas complexos que o mundo enfrenta hoje
Em resumo, os jovens da Geração Z enfrentam desafios únicos no mercado de trabalho, mas também trazem consigo habilidades, valores e perspectivas que podem beneficiar significativamente as organizações. À medida que continuam a entrar no mercado de trabalho em maior número, é crucial que as empresas reconheçam e valorizem suas contribuições, criando um ambiente que promova o crescimento, pertencimento e desenvolvimento.
Cabe a nós não atrapalhar esse processo, criando mais barreiras, mais rótulos e mais dificuldades para quem já enfrenta um mundo de injustiças.