Maioria é pega de surpresa na demissão, indica pesquisa
Profissionais ouvidos pela consultoria Produtive acham que líderes não sabem demitir
eis em cada dez profissionais dispensados do trabalho acreditam que os líderes não sabem demitir. E 61,4% dizem ter sido pegos de surpresa com a decisão. É o que mostra uma pesquisa da consultoria Produtive com 417 participantes realizada em maio e julho de 2022, a que VOCÊ RH teve acesso exclusivo. “Uma saída malfeita gera uma série de dificuldades em quem deixa a companhia, até para organizar a sequência da carreira. E cria-se no mercado uma imagem ruim, de que a empresa trata mal as pessoas, não se preocupa com o desligamento, nem valoriza quem fez parte do time”, diz Rafael Souto, presidente da Produtive. Segundo ele, independentemente de a companhia estar passando por uma fase de demissão em maior escala, é essencial definir um processo de offboarding. “Isso inclui o treinamento dos líderes e a definição de como será a comunicação, quem será o responsável pela parte operacional, se a empresa oferecerá assessoria de recolocação, se o plano de saúde será estendido e toda a parte mais burocrática”, diz. Veja os principais achados da pesquisa.
Seu gestor foi claro no feedback que levou à demissão?
(1 = NADA CLARO 5 = MUITO CLARO)
1 — 35.7%
2 — 17.7%
3 — 16.1%
4 — 10.1%
5 — 20.4%
A demissão é um processo que se inicia muito antes da decisão de dispensa. Seja por motivo de desempenho, reestruturação da organização, seja por redução de custos, deve ser pensada e planejada desde o início, considerando não somente os motivos, mas também os critérios de escolha.
Você sentiu abertura para pedir mais informações sobre a decisão da demissão?
(1 = NENHUMA ABERTURA 5 = MUITA ABERTURA)
1 — 40.8%
2 — 19.2%
3 — 14.9%
4 — 9.4%
5 — 15.8%
A falta de informações sugere ausência de acolhimento e empatia. Essa situação deixa o profissional desconfortável para perguntar e confrontar sua percepção a respeito da demissão. Provavelmente, na ausência de diálogo, o funcionário se sente traído, desconsiderado e tratado como uma ameaça à organização.
Você sentiu que seu gestor estava preparado para o momento?
(1 = NADA PREPARADO 5 = MUITO PREPARADO)
1 — 43,4%
2 — 15.8%
3 — 15.3%
4 — 10.3%
5 — 15.1%
Esse despreparo pode ser percebido pela falta de informações, de proximidade e de empatia, o que acontece quando a demissão é feita por terceiros ou quando o líder não prepara o processo com respeito e cuidado, fazendo a comunicação de forma improvisada.
A forma como ocorreu a demissão foi empática?
1 = NADA EMPÁTICA 5 = MUITO EMPÁTICA
1 — 40.8%
2 — 16.5%
3 — 15.6%
4 — 11.3%
5 — 15.8%
Clareza, empatia, transparência e respeito foram os termos mais citados pelos respondentes e que ilustram a necessidade de um maior cuidado das organizações com o ciclo de offboarding.
Demissão coletiva
Muitos entrevistados relataram decepção e frustração com a impessoalidade e o descaso com o qual alguns processos de demissão coletiva foram realizados. Ao notarem o discurso padrão, disfarçado de tratamento pessoal e individualizado, têm a percepção de quebra do contrato psicológico e se sentem traídos. O funcionário não quer se sentir “mais um”, porque é único — deseja (e deve) ser tratado com respeito, uma vez que o tempo, a energia e o esforço despendidos no trabalho foram, para ele, pessoais.
A voz deles
“Não houve nenhuma sinalização antes da demissão, não teve um plano de ação, não teve um PDI [plano de desenvolvimento individual], nada que pudesse ser feito por mim para evitar a demissão. Não foram claros, alegando apenas reestruturação.”
“Falam muito em dar feedback, porém não dão. Tentam divulgar uma imagem de empresa preocupada com os colaboradores, mas não se preocupam. Ser claro e objetivo, apontar o porquê da demissão, é o mínimo!”
Fonte: pesquisa O Processo de Offboarding: o impacto do processo de demissão na carreira dos indivíduos, da Produtive (2022)