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Quais serão as transformações para líderes e liderados no pós-pandemia?

O mundo do trabalho depois da pandemia será diferente do que conhecíamos. Entenda os impactos para a liderança, condições de trabalho e mobilidade

Por Christine Naschberger*
22 jul 2021, 08h00
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  • A covid-19 mudou o mundo do trabalho para sempre. Mas será que o trabalho que conhecíamos acabou para sempre? Um ano e meio após o início da pandemia, e conforme parecemos emergir lentamente do pior da crise, novas tendências estão surgindo e mudando a maneira de viver a nossa vida profissional e pessoal. Destaco algumas delas.

    Liderança

    O trabalho remoto deu aos funcionários mais autonomia, confiança e liberdade. Além disso, transformou o papel dos gestores, que estão se tornando cada vez coaches e ajudando os funcionários a encontrar e desenvolver seu verdadeiro potencial. Também se espera que eles se envolvam mais direta e profundamente com as equipes.

    Recentemente, dois tipos de líderes surgiram para atender esse novo foco nas pessoas e nas relações humanas. Os primeiros são os inclusivos, que mostram empatia, são tolerantes e de mente aberta. Eles ajudam seus funcionários a serem genuínos no trabalho, alinhados com as expectativas das Gerações Y e Z e com uma força de trabalho cada vez mais diversificada. Os segundos são os líderes-servidores, que valorizam as opiniões dos outros. Eles são facilitadores que encorajam e apoiam o crescimento e desenvolvimento dos membros da equipe. Também elogiam e dão feedbacks valiosos à sua equipe.

    Condições de trabalho

    A maioria dos funcionários desfrutou de uma liberdade renovada durante o teletrabalho e muitos podem achar difícil voltar a um regime pré-pandêmico.

    Vários estudos têm mostrado que a falta de flexibilidade das empresas em relação ao teletrabalho resultará em uma onda de demissões, e um dos principais critérios na procura de um novo emprego será o estilo de trabalho flexível. As empresas que desejam atrair e reter talentos precisarão seguir o exemplo e oferecer horários dflexíveis.

    A forma como as empresas utilizam o espaço também mudará, uma vez que o teletrabalho traz a possibilidade de poupar espaço no escritório. As empresas adotarão uma abordagem baseada em atividades para otimizar os espaços. O trabalho baseado em atividades permite que os funcionários escolham entre uma variedade de configurações, dependendo das atividades que realizam num dia de trabalho. Os funcionários estão constantemente mudando de um local de trabalho para outro e isso provou empoderá-los. Empresas como Lego, Microsoft, Publicis ou Accenture adotaram um estilo de trabalho baseado em atividades.

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    Cultura organizacional

    A cultura organizacional foi afetada pela pandemia, pois a maioria dos funcionários estava fora da sede e é muito desafiador criar um sentimento de pertencimento quando os membros da equipe estão geograficamente dispersos, sentados em casa frente ao computador. Desde o início da pandemia, a maior parte da integração tem sido “figital” (uma mistura de físico e digital). Para os recém-chegados, tem sido difícil absorver a cultura organizacional de sua nova empresa e experimentar um sentimento de pertencimento.

    A pandemia expôs a fragilidade humana. Por causa do isolamento, solidão e medo de pegar a covid-19, muitas pessoas sofreram emocionalmente e até vivenciar traumas. Além disso, o teletrabalho significou que a vida profissional e a vida pessoal se fundiram, ocasionando uma perda de privacidade. Lidar com a fragilidade humana por meio da expressão de emoções no trabalho se tornará mais importante do que no passado. Os líderes terão de mostrar empatia e considerar suas próprias emoções, bem como as de sua equipe.

    Mas não é apenas a saúde mental que foi afetada pela pandemia, muitos aspectos da saúde física também foram afetados. O trabalho remoto fez com que os funcionários se tornassem mais sedentários, e isso foi acompanhado por um aumento no consumo de alimentos e álcool e, inevitavelmente, ganho de peso para muitos. Ou a famosa fadiga do Zoom.

    O desafio nos próximos meses será uma mudança de uma perspectiva individual para uma perspectiva coletiva e os líderes precisarão conduzir essa transição. De acordo com um estudo da Deloitte de 2017, 63% dos funcionários acreditam que seus chefes são responsáveis ​​pelo propósito no trabalho, e 26%  afirmam que o significado em seu trabalho está relacionado à cooperação e ao trabalho em equipe. A atribuição de objetivos é uma responsabilidade coletiva e não cabe apenas à empresa criar um ambiente de trabalho significativo; cada funcionário é responsável por criar significado e pode ser um embaixador significativo para a empresa.

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    Mobilidade

    Finalmente, a mobilidade e as viagens precisam ser consideradas. A pandemia significa o fim da viagem de negócios para sempre? Bem, talvez não totalmente, mas as organizações precisarão reavaliar seriamente sua política de viagens à luz das mudanças. Sistemas de videoconferência como Zoom, Cisco Webex e Microsoft Teams se tornaram a norma durante a pandemia e é muito improvável que desapareçam completamente. É provável que muitas empresas limitem as viagens, o que será benéfico tanto para as finanças quanto para o meio ambiente.

     ***

    A pandemia foi uma virada de jogo nas nossas vidas profissionais e pessoais. Algumas das mudanças que vivemos vieram para ficar. Outras podem acabar. Mas e a famosa saudação francesa ‘la bise’ (o beijo) no trabalho? De acordo com uma pesquisa recente do Ifop (Instituto Francês de Opinião Pública) sobre os rituais de saudação no trabalho, 79% dos entrevistados disseram que beijar colegas provavelmente será um hábito afetado. Será substituído por uma saudação de cotovelo? Só o tempo irá dizer…

    * Professora da Audencia Business School

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