Fada madrinha: 4 empresas que realizaram o sonho de seus empregados
Algumas companhias que fazem parte das 150 Melhores Empresas estão dando um passo além para se tornar inesquecíveis para os funcionários
Algumas companhias que fazem parte das 150 Melhores Empresas estão dando um passo além para se tornar inesquecíveis para os funcionários: realizam sonhos pessoais de seus empregados.
Programas desse tipo aumentam o engajamento e a sensação de pertencimento – não apenas de quem vê o anseio se tornar realidade, mas de toda a equipe que acompanha o processo.
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Da cachoeira para a praia
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Em 2018, o Grupo Cataratas estava reformulando a área de gestão de pessoas e se baseou em um dos valores da empresa — o de gerar impacto positivo — para criar o “Fábrica de Sonhos”, que realiza desejos dos funcionários. Todos os empregados com mais de seis meses de casa podem participar, a única regra é não perder o prazo de inscrição no programa, que ocorre entre fevereiro e agosto.
“Não conseguimos realizar o sonho de todo mundo, então selecionamos aqueles que têm maior impacto na vida da pessoa e da família”, diz Robson Lourenço, gerente de gente, cultura e carreira da companhia. A empresa não determina nenhum limite financeiro, e nos últimos dois anos já auxiliou mais de 30 empregados.
Pamela Oliveira Pompeo, de 29 anos, foi uma das contempladas. Funcionária do Parque Nacional do Iguaçu há sete anos, a caixa de loja é casada há uma década e tem uma filha de 8 anos. Desde o casamento, ela sonhava em fazer uma viagem para conhecer a praia, mas todo o dinheiro que sobrava era destinado à construção da casa própria.
Em outubro, conseguiu tirar o plano do papel: a empresa pagou uma viagem para toda a família ao Rio de Janeiro. Ela soube que seria contemplada durante um evento interno da companhia. “Foi uma maravilha participar do programa. E uma surpresa, porque não sabia que eles iam realizar meu sonho e ainda levariam minha família lá. Foi uma festa”, lembra Pamela.
Além da alegria, a ação gera empatia e união da equipe. “As pessoas vibram umas pelas outras. Quando a gente realiza os sonhos, acaba gerando esse sentimento de pertencimento”, diz Robson.
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Questão de saúde
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Edison Giovanni Marinho de Oliveira, de 41 anos, não imaginou que depois de emagrecer 50 quilos sofreria com sua aparência. O excesso de pele incomodava tanto que ele usava roupas de manga comprida, mesmo nos dias mais quentes do verão. A solução surgiu quando a Ufo Way, empresa onde ele trabalha como auxiliar de expedição há três anos, criou em 2017 o programa “Seu sonho de vida a gente realiza”, com o objetivo de fazer algo de cunho social.
Os funcionários interessados deveriam escrever uma carta contando qual era o desejo que mudaria a vida deles. “Recebemos 19 pedidos, os quais levamos a um comitê, e selecionamos os dez que estavam mais vinculados ao propósito do programa. Os selecionados passaram por entrevistas individuais para checar a veracidade e escolhemos dois para realizar”, afirma Fabiula Sanvido Martins, gerente de RH da companhia.
Edison foi um dos felizardos: “Por ser uma cirurgia cara, eu vi no programa a única forma de realizar meu sonho”. A Ufo Way fechou uma parceria com o Hospital São José, em Criciúma (SC), onde fica a sede da empresa, e com o cirurgião plástico Fabrício Kalô para que o empregado passasse por duas cirurgias.
A primeira, que ocorreu em 2018, foi na área das mamas. A segunda, feita em agosto de 2019, foi na região do abdômen — procedimento que só foi possível depois de Edison emagrecer mais 18 quilos.
Além das operações, a companhia também auxiliou o funcionário na dieta e na drenagem de pós-operatório. O valor total desembolsado chegou a cerca de 25 000 reais. “O investimento é alto, mas isso emocionou a empresa inteira, além de ter aumentado o engajamento e melhorado o clima. Todo mundo queria que ele ganhasse essa oportunidade”, diz Fabiula.
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Mais que uma casa
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A ideia de realizar sonhos surgiu nas reuniões em que líderes e equipes da Brasal Combustíveis discutiam como a empresa poderia melhorar a vida dos funcionários. Assim foi criado no ano passado o projeto “Fonte dos Desejos”.
“Os interessados escrevem uma carta descrevendo o desejo. Depois o gestor e a responsável pelos programas na companhia leem todas elas e escolhem as que são possíveis de realizar”, diz Alsene Beserra, gerente-geral da empresa e idealizador do projeto. Entre os 63 sonhos analisados estava o de Eurênio Calaça.
O frentista de 47 anos, empregado da Brasal há sete, desejava reformar a casa onde mora. “Desde que eu me mudei para lá, no ano 2000, eu queria fazer essa reforma, mas nunca sobrava dinheiro. Aí surgiu essa oportunidade”, afirma. Antes de escolher os finalistas, a empresa fez uma visita técnica na casa para verificar quais eram as obras necessárias, sem se preocupar com o custo.
“A gente avalia todas as possibilidades, porque existem sonhos importantes e que não dependem, necessariamente, de grandes valores”, explica Alsene. A reforma durou quatro meses e, para Eurênio, os benefícios são bem maiores do que o imóvel.
“Com certeza esse tipo de atitude ajuda os funcionários a ser mais esforçados. A partir do momento em que a empresa o valoriza, ele valoriza a empresa”, diz.
Nós sempre teremos o cinema
O Itaú Unibanco não tem um programa formal de realização de sonhos, mas quando Daniel Malker, de 27 anos e analista de investimentos da companhia, procurou ajuda para pedir a namorada em casamento, o banco não pensou duas vezes.
“A ideia era tão simpática e a história dos dois tão bonita que todo mundo quis ajudar. Nós somos uma organização feita de gente, e as pessoas se sensibilizaram com a história dele”, diz Sergio Fajerman, diretor executivo de RH do Itaú Unibanco.
Victoria Antunes, de 26 anos, a namorada de Daniel, também é funcionária da instituição e trabalha como trainee da área jurídica. No relacionamento de oito anos — do qual cinco anos foram a distância —, os dois descobriram muitas coisas em comum, incluindo a paixão pela sétima arte.
Por isso, ele já estava com todo o plano esquematizado: fazer a proposta de casamento no Espaço Itaú de Cinema, em São Paulo, durante a sessão do filme Casablanca, o preferido da namorada. A empresa reservou uma sala do local, contratou alguns figurantes e exibiu o filme, que não estava em cartaz.
Durante uma das cenas favoritas de Victoria, o filme foi interrompido e Daniel fez o pedido. “Foi uma surpresa. Eles construíram uma história que fazia muito sentido e várias pessoas do trabalho gostaram do que a empresa fez”, afirma Victoria.
Sergio lembra que, embora não exista um programa estruturado, esse tipo de iniciativa é muito benéfico. “Se você considerar que isso foi um ‘investimento’, posso assegurar que o retorno foi valioso. Os colegas de trabalho ajudaram a proporcionar uma experiência única, que vai ficar para sempre na lembrança deles.”
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