São Paulo (SP) – Multinacional de bens de consumo, a Unilever é dessas empresas que têm uma gama extensa de benefícios e serviços de primeira para o funcionário, mas que convive com reclamações sobre salário, pressão de trabalho e burocracia. Os empregados dominam bem o modelo de gestão e a estratégia de negócios e adoram trocar ideias sobre o assunto.
Mas, numa conversa, sempre aparece algum defeito. Esse nível de crítica reflete um aspecto positivo, que eles mesmos ressaltam: a Unilever é do tipo “escolinha”, que contrata gente competente, dá treinamento e expõe todos a uma dinâmica de trabalho globalizada, com estratégias mundiais e contato com pessoas de diversas partes do planeta.
Essa dimensão internacional é uma das coisas que mais agradam. Só no ano passado, foram expatriados 73 profissionais. O caminho inverso também ocorre — nos corredores brasileiros se ouve muita gente falando inglês e espanhol. Associada a um salário que os funcionários consideram na média do mercado, a imagem de escola de profissionais traz um problema: o assédio aos empregados.
“Perdemos muita gente e a empresa não faz questão de segurar quase ninguém, isso é um entrave para a continuidade do trabalho”, diz um gestor. Oficialmente, a política é essa. A Unilever se esforça apenas para manter os profissionais ditos de alto potencial. “Estamos sempre sob ataque de concorrentes, não dá para segurar todos”, diz Marcelo Willians, vice-presidente de recursos humanos.
Em 2011, a Unilever decidiu acabar com a terceirização de agentes de vendas, o pessoal que fica nos supermercados mantendo os produtos da fabricante nas gôndolas e lutando por espaço melhor do que o dos concorrentes.
Foi um grande esforço: em três meses, 2.000 pessoas deixaram de atuar como indiretos e ingressaram na folha de pagamento da companhia. A repercussão entre esse pessoal de base foi ótima. “Acabou a distinção entre empregados e terceiros que faziam o mesmo serviço”, diz um dos novos contratados.
PONTO(S) POSITIVO(S) | PONTO(S) A MELHORAR |
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São elogiadas as iniciativas de promoção de bem-estar, como o home office, o berçário de São Paulo e a adoção da licença-maternidade de seis meses. | Os funcionários reclamam que a empresa tem um processo decisório lento. Dizem que já melhorou, mas que os concorrentes são menos burocráticos. |