Altamente requisitados pelo mercado, os profissionais de tecnologia têm uma exigência para as empresas: preferem continuar trabalhando remotamente. Foi esse o resultado de uma pesquisa feita pela GeekHunter, plataforma de recrutamento para as áreas de desenvolvimento de softwares e DataScience, feita com 718 trabalhadores do setor. Segundo o levantamento, 78% querem continuar em home office. As empresas estão cientes desse desejo, não à toa, 44% manterão o trabalho remoto e 18% adotarão o trabalho híbrido. Para 66% dos entrevistados, trabalhar de casa aumentou a produtividade.
Para Tomás Ferrari, CEO e fundador da GeekHunter, o trabalho à distância pode ser positivo para empregados e empresas: as pessoas economizam tempo, dinheiro e podem ter ganhos em qualidade de vida e as companhias têm a chance de recrutar profissionais de qualquer lugar do mundo. Mas é preciso tomar alguns cuidados para esse estilo de trabalho funcionar. “O trabalho remoto de sucesso está intimamente ligado à construção de uma cultura organizacional que preze pelo fortalecimento dos pilares de comunicação, colaboração e confiança”, diz Tomás. Leia a entrevista completa a seguir.
Por que os profissionais de tecnologia gostam tanto do trabalho remoto?
São diversos motivos que observamos. O primeiro é ter menos distração e mais facilidade para atingir altos níveis de foco. Ao estabelecer o seu próprio espaço de trabalho, o profissional tem a capacidade de controlar o seu ambiente e pode, com isso, escolher quais distrações permitir. O segundo é a economia de dinheiro. O modelo de trabalho remoto permite aos profissionais economizar com transporte, refeição em restaurantes, roupas mais sofisticadas. Há também economia de tempo com deslocamento e interrupções, muitas vezes desnecessárias.
Outros pontos importantes são a independência de localização, já que o trabalho remoto possibilita que o profissional esteja localizado em qualquer lugar do mundo que tenha uma boa conexão de internet. E mais autonomia, já que a grande maioria dos profissionais busca o equilíbrio entre vida profissional e pessoal e flexibilidade de horários.
Quais as vantagens para as empresas contratarem profissionais de tecnologia nesse modelo?
Antes de falar de vantagens, acho importante compartilhar a visão de que contratação tech deixou de ser local e passou a ser global. Empresas que não se adaptarem ao mercado de contratação flexível ficarão fora do radar. Não é mais uma questão de escolha da empresa, mas sim dos candidatos.
Em relação às vantagens, podemos dizer que estão principalmente relacionadas à possibilidade de expandir o horizonte de atração de talentos. No modelo presencial, empresas ficam limitadas à contratação apenas de profissionais com disponibilidade para morar nas proximidades do escritório físico. No modelo remoto, as limitações reduzem consideravelmente e as companhias passam a ter a possibilidade de contratar talentos de qualquer parte do mundo. Além da construção de times de grandes talentos, estamos também falando da oportunidade de ampliar a diversidade.
Quais cuidados as empresas e lideranças devem tomar para o home office realmente dar certo, não apenas em termos de cumprimento de metas, mas de desenvolvimento de carreiras e de engajamento?
O trabalho remoto de sucesso está intimamente ligado à construção de uma cultura organizacional que preze pelo fortalecimento dos pilares de comunicação, colaboração e confiança. A comunicação precisa ser distribuída e, ao mesmo tempo, centralizada. Principalmente para empresas que atuam no formato híbrido de trabalho, a atenção deve ser no ponto de que o ambiente online deve ser o padrão. Basta que uma única pessoa esteja trabalhando de casa, todos devem trabalhar como se também estivessem remotos. Isso significa prioridade ao ambiente virtual.
Ainda relacionado a comunicação, devemos evitar ao máximo a comunicação por interrupção e eliminar reuniões desnecessárias. Poe exemplo: priorizar a troca de informação assíncrona, em que pessoas possam visualizar e interagir de acordo com a disponibilidade de tempo delas.
Em termos de colaboração, devemos fortalecer o trabalho com equipes enxutas. Quanto menor a equipe, mais baixo o nível de complexidade na comunicação e melhor a performance de colaboração focada na qualidade do resultado.
Por fim, podemos dizer que o líder é o responsável por garantir que as equipes tenham as melhores condições de trabalho. Autonomia, propósito, confiança e foco no resultado são base para o trabalho remoto eficiente. Líderes precisam criar bons desafios. Mais do que ditar tarefas, o importante explicar por que as tarefas existem.