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50% dos RHs dizem que estagiários trabalham melhor presencialmente

Pesquisa da Companhia de Estágios mostra os principais desafios na contratação de jovens. Saiba o que fazer para desenvolvê-los à distância

Por Elisa Tozzi
23 ago 2021, 07h00
Imagem mostra um homem jovem, oriental, de máscara trabalhando em um notebook
 (Paul Hanaoka/Unsplash)
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Qual é a visão dos profissionais de recursos humanos sobre os estagiários em tempos de pandemia? Foi para responder a essa pergunta que a Companhia de Estágios fez uma pesquisa com 296 líderes de RH de todo o Brasil, divulgada com exclusividade por VOCÊ RH.

Os resultados mostram que a pandemia trouxe grandes desafios para a área. Para pouco mais da metade dos entrevistados (50,3%), os estagiários trabalham melhor presencialmente do que em home office. Por isso, a adaptação dos jovens ao trabalho remoto aparece em primeiro lugar como a principal dificuldade que os RHs enfrentam. Além disso, os executivos de RH apontam como dificuldades o treinamento remoto para as atividades do estagiário e o entrosamento dos estudantes com a equipe e a cultura da empresa.

Para Tiago Mavichian, CEO e fundador da Companhia de Estágios, as empresas precisam reforçar seus canais de comunicação e treinar a liderança para lidar com os jovens no modelo remoto. Na entrevista a seguir, o especialista explica como fazer isso.

O levantamento da Companhia de Estágios mostra que a adaptação dos estagiários no home office é um dos principais desafios das empresas. Como ajudar os jovens neste momento?

Com ferramentas de comunicação, trabalho e colaboração, como por exemplo, Teams e Slack. Elas mostram os colegas on-line, facilitam a troca de mensagens, possibilitam ‘’chamar’’ alguém como se você fosse na mesa da pessoa para tirar uma dúvida. As ferramentas trarão proximidade que falta ao home office.

O contato diário com o time de trabalho também ajuda. O método agile – bastante utilizado nas empresas nas áreas te TI – tem uma série de ritos. Um deles é a “daily” ’ou reunião diária entre as pessoas da área na qual cada um fala rapidamente o que fez no período anterior, no que está trabalhando e se tem algum problema ou impedimento. Isso faz com que todo o time saiba quem está fazendo o que e permite acompanhar a evolução das demandas a cada dia. Dá a sensação de organização e evita que dúvidas, por exemplo, sejam guardadas por dias e impeçam algum tema de avançar. Funciona bem, ainda mais para quem está iniciando a carreira no home office.

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Como a liderança deve se preparar para acolher essa nova geração no modelo remoto?

Sem dúvida a liderança precisa estar preparada para ouvir e estar próxima. Os contatos precisam ser constantes, idealmente, diários. O alinhamento de expectativas e metas é fundamental.

A comunicação também. É preciso comunicar para onde vai o negócio, os planos, criar envolvimento compartilhando as notícias da semana, por exemplo, em uma reunião geral de time e, principalmente, ter espaço para ouvir as pessoas. Formulários de pesquisa, canais de dúvidas e líderes próximos farão com que problemas sejam detectados antes de virarem problemas maiores – estar próximo é fundamental – ainda mais nesse momento que é desafiador para saúde mental de todos nós.

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Também é necessário mostrar apoio. A liderança deve estar próxima e sempre oferecer apoio e se mostrar aberta. Aumenta o engajamento e sentimento de pertencimento quando o jovem sabe que pode contar com sua liderança direta.

O modelo híbrido parece ser o futuro nas empresas no pós-pandemia. Nesse estilo de trabalho, quais são os cuidados para o desenvolvimento dos estagiários?

O modelo híbrido deve facilitar a vida dos gestores. Atualmente, a gestão 100% remota se mostra bastante desafiadora como apontado pelos RHs na pesquisa. Os cuidados são os mesmos atuais. O estagiário é uma pessoa em formação, precisa de supervisão para se desenvolver.

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Claro que vai assumir responsabilidades e contribuir com as entregas. Garantir esse acompanhamento à distância é um enorme desafio que o líder tem para com um profissional e é ainda mais desafiador com uma pessoa em formação. As metodologias de organização e as ferramentas ajudam bastante no dia a dia.

As idas ao escritório serão úteis para as atividades que fluem melhor com todo time reunido – as atividades individuais que exigem concentração vão acabar ficando para o home office.

Em busca de diversidade, as empresas estão criando mais programas de estágio com foco em atração de grupos minorizados. Como garantir uma boa experiência dos candidatos em processos seletivos online, o padrão na pandemia?

São três prontos principais. O primeiro é fazer processos rápidos. Os candidatos reclamam de processos longos – é uma tortura ficar meses esperando por uma definição.

O segundo ponto é ter etapas realmente importantes: processos com muitas fases geram desistências dos candidatos. Quanto mais etapas, mais pessoas as empresas perdem. Não porque os candidatos sejam reprovados, mas porque vão desanimando quando percebem um processo eterno. Fica ainda pior quando as etapas são criadas ao longo do processo. Exemplo: no site não fala sobre um teste específico ou entrevistas extras com diretores e o candidato é pego de surpresa. Essa falta de transparência desengaja os candidatos.

Por fim, é preciso ter contato constante. A tecnologia veio para ajudar, mas o candidato pode ter uma experiência ruim se tratar com um robô o tempo todo, se não for respondido em um prazo razoável e se não tiver feedback. Comunicação constante durante o processo para demonstrar transparência é fundamental e um dos pontos mais sensíveis para a experiência de um candidato. Mais de 60% das pessoas comentam com amigos e familiares sobre os processos que estão participando. A pergunta é: o que vão falar do processo de seleção da sua empresa?

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