m 2021, o Hospital Alemão Oswaldo Cruz veio com uma novidade: um curso de formação de socorristas em saúde mental, voltado para o mercado corporativo. Foram mais de 200 profissionais de diversas áreas formados. Entre eles, 40 eram funcionários do hospital, que decidiram participar do treinamento voluntariamente. Em meio à pandemia, a formação acontecia totalmente online, com duração de 18 semanas e carga horária de 60 horas. Ela era dividida em quatro módulos com atividades ministradas por médicos do próprio hospital e especialistas convidados.
Ao longo dos módulos, os alunos passavam por temas como sinais e sintomas de transtornos mentais e impactos da alimentação, do estilo de vida e do meio ambiente na saúde emocional. Espiritualidade, musicoterapia, atividade física e mindfulness também faziam parte do escopo do curso. No último módulo, os profissionais se dedicavam à abordagem dos temas. Faziam parte dessa última etapa temas como gestão de conflitos, liderança e estratégias anti-burnout.
Até que fosse de fato colocado em prática, tinham-se passado 12 meses de pandemia, com a equipe multidisciplinar do Oswaldo Cruz notando que a saúde mental se mostrava um tema cada vez mais sensível entre os colaboradores. “A sinergia de ter a faculdade e esses especialistas internamente [de profissionais de RH até médicos], nos ajudou bastante. Eles criaram um conteúdo programático que fazia sentido para uma capacitação multiprofissional”, afirma Maria Carolina Lourenço Gomes, diretora de gente e gestão do hospital.
Depois que a grade foi posta em prática, vieram ajustes no formato. Desde 2022 o curso está mais enxuto, com 12 horas de carga horária, e focado nas lideranças. Além disso, ele pode ser personalizado de acordo com as necessidades da empresa que contratou o serviço.
O próprio Oswaldo Cruz vai incluir um pocket sobre saúde mental em sua trilha de desenvolvimento de lideranças. Ele surgiu a partir do curso de socorristas e foi adaptado para que fizesse parte permanentemente do treinamento dos 190 gestores do hospital.
Esse módulo para saúde mental terá três eixos. “O primeiro é no sentido de tirar o estigma que doenças mentais carregam; o segundo trabalha em como desenvolver ações para cuidar de pessoas adoecidas; no terceiro, abordamos fatores organizacionais que fomentam o adoecimento”, explica Maria Carolina.
A trilha inteira de desenvolvimento de gestores tem carga horária de 51 horas e é dividida em cinco partes: liderança inspiradora, diversidade, estratégia, resultados e ferramentas. A formação de socorristas está ligada à última, que busca elevar o conhecimento e a assertividade na gestão de pessoas e processos.
“Um curso como esse não funciona de forma isolada. É necessária toda uma parte de programas de acolhimento para funcionários e dependentes”, salienta Maria Carolina. A diretora explica que uma forma de medir se tudo está indo bem é olhar para o número de afastamentos por saúde mental. De 2021 para 2022, o hospital teve uma queda de 25% nessa estatística.