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No Boticário, os chefes serão treinados para lidar com doenças mentais

Para desmistificar e oferecer ajuda, os líderes do Grupo Boticário receberão treinamentos sobre bem-estar psicológico. Empresa já oferece terapia online

Por Elisa Tozzi
Atualizado em 3 fev 2021, 10h24 - Publicado em 29 jan 2021, 15h03
Fachada de loja sustentável do Boticário
 (Grupo Boticário/Divulgação)
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Com mais de 4.000 lojas e 12.000 funcionários espalhados pelo Brasil, o Grupo Boticário deparou com um problema sério ao desenhar seu programa de saúde mental: grande parte das cidades brasileiras não tem psicólogos. Com vontade de oferecer apoio a todos os empregados, a fabricante de cosméticos adotou, então, o tele atendimento numa parceria com a Vittude, empresa de psicologia online. Com essa prática, a companhia já teve cerca de 1.700 atendimentos virtuais.

Além disso, o Boticário também está preparando, em 2021, um treinamento para que os líderes identifiquem os sinais de alerta de doenças mentais em suas equipes. O objetivo é que os chefes tenham mais conhecimento e possam orientar os profissionais na busca por tratamento.

Renata Simioni, gerente de saúde corporativa do Grupo Boticário, conversou com VOCÊ RH sobre o tema.

O que as empresas podem fazer para desmistificar os cuidados com a saúde mental?

Nosso papel é estar presente na vida dos colaboradores e atentos ao que é relevante nesse momento. A saúde mental é um tema prevalente no mundo, com índices ainda mais altos no Brasil. Dentro do Grupo Boticário, investimos em três pilares: identificar os casos críticos e acolher precocemente para tratamento; dar acesso de qualidade através de plataforma online e equipe interna de referência (psicólogos, psiquiatra, assistente social); criar ações coletivas, como rodas de conversa mediadas por psicólogos, lives com especialistas e conteúdos diversos.

Em 2021, nosso foco será na liderança para entender melhor o tema, identificar oportunidades pessoais e estar preparado para lidar com os casos do seu time.

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Qual é o papel das lideranças no monitoramento e no cuidado da saúde mental?

Nesta frente ainda temos um caminho importante para evoluir. É uma construção. Já entendemos a importância de tratar esse tema e de como preparar as lideranças para reconhecerem que a saúde mental faça parte da grade de desenvolvimento e preparação de atuais e novos líderes. Em 2021, matriculamos uma jornada de treinamentos de saúde mental dentro da plataforma de educação corporativa para líderes, o que trará mais consciência para o tema.

O programa do Grupo Boticário já teve mais de 1,7mil atendimentos e a parceria com a Vittude parece ter estimulado os funcionários a procurarem ajuda. Quais são outras maneiras de estimulá-los a tratar ou falar sobre o tema?

Temos realizado rodas de conversa mediadas por psicólogos e entendemos que esses foram os melhores espaços coletivos para estimular os colaboradores a falarem sobre o tema. Além disso, lives e conteúdos com especialistas da área e sessões de bem-estar de 15 minutos (já tivemos mais de 15.000 visualizações).

A plataforma Vittude nos proporcionou muito mais acesso a psicólogos, principalmente, quando olhamos para a população que não está concentrada nas grandes operações e também toda nossa população que entrou em home office logo no início da pandemia.

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De forma complementar para saúde mental, temos telemedicina implementada em toda a companhia para garantir acesso de qualidade a médicos, quando é possível ser feito de forma não presencial. Ampliamos também as condições de os colaboradores terem uma segunda opinião médica com profissionais de referência nacional ou internacional. O propósito é ajudar as pessoas a ampliarem suas informações e o nível de confiança no diagnóstico e, assim, evitar procedimentos e tratamentos que podem ser desnecessários.

A pandemia trouxe à tona a discussão mais forte sobre saúde mental, por que isso aconteceu?  

Acredito que a saúde mental ganhou mais pauta de discussão porque colocou as pessoas num local comum de fala. Todos viveram as restrições de forma parecida: distanciamento social, pouco ir e vir e muitos sentimentos comuns como ansiedade, medo e tristeza.

Isso ajudou muito as pessoas a se identificarem umas com as outras e trazerem à tona o que sentem e como sentem. Fica mais fácil falar de ansiedade quando todo mundo sente a mesma coisa que você! O estigma e o medo da vulnerabilidade quando o outro não está passando pelo que eu estou passando é muito comum e bloqueia as pessoas de pedirem ajuda por vergonha e por medo de serem julgadas. Vamos investir muito em comunicação ao longo do ano todo para que o tema não saia da pauta.

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