Como a OLX aumentou em 37% o número de mulheres na área de tecnologia
Empresa criou projeto depois de perceber que as candidatas em processos seletivos, apesar de mais raras, estavam alinhadas com o que a empresa desejava
baixa presença de mulheres em tecnologia ainda é um desafio para a equidade no setor. No Brasil, elas ocupam apenas 20% dos cargos da área, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. No segmento de engenharia em tecnologia, esse percentual é ainda menor: entre 8% e 10% de mulheres.
A solução
Esses dados levaram a OLX Brasil, empresa de comércio eletrônico, a adotar políticas para aumentar a participação feminina no quadro de funcionários. Em janeiro de 2021, a companhia passou a adotar vagas afirmativas para a área, que tinha apenas 16% de mulheres. Na hora de contratar, ao menos uma das opções deveria ser mulher.
Ao notar que as candidatas, apesar de mais raras — uma vez que entre os formandos em engenharia apenas 15% são mulheres —, estavam alinhadas com o que a empresa desejava, a gestão contribuiu para que o projeto ganhasse corpo. “O engajamento da alta liderança foi primordial para o sucesso e a agilidade da iniciativa”, diz Christiane Berlinck, diretora de recursos humanos da OLX Brasil.
Ao longo de 2021, outras medidas foram desenhadas, como o programa Geração Elas em Tech, de contratação de estagiárias mulheres para a área de engenharia. Quase metade já foi efetivada. “A ideia é formar uma base de mulheres e desenvolver esses talentos”, afirma Christiane. Outra ação foi o Almoço com Elas, que acontece a cada 15 dias com as profissionais e a líder da área para discutir os desafios e celebrar os avanços.
Além disso, a OLX mexeu no bolso dos funcionários. A diversidade de pessoas nas equipes foi atrelada às metas e aos indicadores da companhia. Agora, o aumento da participação de mulheres nas posições de gestão da área de engenharia e de outros grupos impacta diretamente o bônus. “No começo, alguns gestores resistiam à contratação de grupos diversos por causa da demora para encontrar esses candidatos. Eles existem, mas de fato demora mais para finalizar os processos. Por isso, tivemos que mudar essa cultura”, diz Christiane.
O uso da tecnologia também ajudou a compreender os desafios, já que a empresa criou um dashboard para mapear o público feminino. “Passamos a observar os indicadores, como volume de contratações, desligamentos, promoções e salários, e a fazer comparações com o público masculino para verificar a velocidade das transformações”, diz a executiva de RH. Dessa forma, o tempo de resposta para mudanças ficou menor, e as ações para correção de rumos começaram a ser praticamente semanais.
O resultado
Na área de engenharia da OLX Brasil, a participação de mulheres cresceu 37% em um ano. Em setembro de 2021, a empresa contava com 79 engenheiras. No mesmo mês de 2022, o número chegou a 108. No mesmo período, o aumento do quadro geral de funcionários da área foi de 15% — de 414 para 476.
Para 2023, a meta é manter o percentual de 29% de mulheres na área de engenharia e tratar da disparidade salarial entre gêneros, que começa já no processo seletivo para as vagas: na hora de dizer a pretensão salarial, as mulheres geralmente pedem menos. E essa tendência deverá ser considerada pelo RH. “Será necessário aumentar o quadro de colaboradoras da área, e vamos aprimorar nosso recrutamento”, afirma Christiane. “Também estamos na fase de diagnóstico para encontrar as janelas de correção salarial. Felizmente, na última leva de reajustes já começamos a ver equidade, com mais mulheres ganhando aumento salarial do que homens. Mas não vamos fechar os olhos e esperar correção ao longo do tempo. Seguiremos agindo.”
Esta reportagem faz parte da edição 83 (dezembro/janeiro) de VOCÊ RH. Clique aqui para se tornar nosso assinante