Os novos acionistas da Renault
Novo diretor de RH, Daniel Tucci fala sobre o recém-lançado plano de ações para funcionários e a consolidação do trabalho remoto no grupo
m 1998, quando a montadora francesa Renault iniciava suas operações no Brasil, Daniel Tucci concluía sua primeira experiência em recursos humanos, como trainee da American Express. Desde então, o administrador com mestrado em filosofia passou por companhias como Claro, Santander, Nike e GE até chegar, em 2019, à fabricante de veículos, como diretor de gestão de talentos para a América Latina. Em outubro de 2022, assumiu a direção de RH da Renault no Brasil, em um momento em que o setor automobilístico passa por profundas mudanças. “É preciso diferenciar o que é tradição do que é tradicional”, diz. “Tradição é o orgulho de pertencer, a história da marca. Tradicional se refere a práticas que já estão aí há algum tempo e que não necessariamente nos ajudam a avançar.”
O desafio
O aperfeiçoamento da eficiência energética dos motores a combustão e o crescimento do mercado de carros elétricos no Brasil trazem novas necessidades também para a gestão de pessoas, como a de atrair e engajar talentos diversos, inclusive da área de tecnologia. Uma das medidas adotadas pela multinacional é a consolidação do modelo flexível de trabalho, com 29% do total de profissionais no país atuando à distância. Considerando apenas o administrativo, são 79% nessa configuração. “O trabalho remoto é um fato e vai continuar — queremos, inclusive, expandi-lo cada vez mais”, afirma. “Não ter um programa de trabalho flexível é estar desalinhado com as expectativas atuais dos profissionais brasileiros, independentemente do segmento de atuação.”
Outra prática é a criação de um plano de participação acionária, o Renaulution Shareplan, para mais de 110 mil funcionários em 29 países, incluindo o Brasil. Lançada em novembro de 2022, a iniciativa pretende triplicar o número de colaboradores acionistas no grupo, chegando a 10% do capital social até 2030. Cada um receberá gratuitamente seis ações com preço de referência fixado em 31,46 euros e terá facilidades e desconto de 30% para a aquisição de uma quantidade maior, pagando 22,02 euros por ação. O limite para a compra equivale a 25% da remuneração bruta anual do empregado.
Para se tornar elegível à oferta, era preciso ter pelo menos três meses de casa entre 1º de janeiro de 2021 e 12 de dezembro de 2022, data de encerramento das inscrições no programa. “Ao se tornarem sócios, os funcionários se sentem parte do negócio”, diz Daniel.
Para divulgar o plano aos mais de 6 mil colaboradores no Brasil, as áreas de recursos humanos e de comunicação fizeram uma força-tarefa que envolveu todos os meios: aplicativo corporativo, e-mail, mídia impressa, palestras, reuniões gerenciais e orientações nas fábricas.
O Renaulution Shareplan faz parte de um novo posicionamento estratégico da Renault, divulgado em 2021, que prevê recuperar a geração de caixa e as margens de lucro até 2023, investir na renovação de produtos até 2025 e, a partir daí, focar o modelo de negócios em mobilidade e tecnologia.
Esta reportagem faz parte da edição 84 (fevereiro/março) de VOCÊ RH. Clique aqui para se tornar nosso assinante