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Produtividade sustentável: se sobrecarregar por amor ao trabalho é um erro

O conceito criado pela jornalista Izabella Camargo mostra que o mito do "eu dou conta" só prejudica a saúde mental. Aprenda a ser sustentavelmente produtivo

Por Izabella Camargo*
Atualizado em 27 jul 2021, 13h41 - Publicado em 1 jun 2021, 13h47
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  • Consumo sustentável, desenvolvimento sustentável, economia sustentável… Quantas vezes você já ouviu a ideia de sustentabilidade? Impossível saber, certo? Em alguns contextos o equilíbrio entre disponibilidade e exploração de recursos é tão utilizado que o termo nem causa mais tanto impacto. Mas, na essência, uma ação sustentável é uma ação consciente. Então, se queremos um planeta ecologicamente duradouro, já passou da hora de pensarmos na forma como estamos trabalhando – de pensarmos na “nossa” produtividade sustentável.

    O que é a produtividade sustentável?

    Parece simples demais ou deveria ser, mas produtividade sustentável é a capacidade de trabalhar sem causar danos à saúde e aos relacionamentos. Na prática é não apelar para remédios, anestésicos, estimulantes – exemplos de combustíveis insustentáveis – e não deixar o estresse e a falta de tempo desencadearem comportamentos agressivos e outros desequilíbrios emocionais que vão deixando nossas relações mais confusas e difíceis.

    Porém, sem ocupar seu tempo com estatísticas, pela quantidade de farmácias nas esquinas da maioria das cidades do país, você acha que as nécessaire de remédios estão ficando mais vazias ou mais cheias? Levando em conta as pessoas que você conhece, as atividades de fora e de dentro do trabalho estão em equilíbrio ou você sente que há um descompasso na agenda?

    Antes da pandemia já éramos o país mais ansioso do mundo, o segundo mais estressado e a depressão já configurava entre as três principais causas de afastamento no trabalho. A síndrome de burnout também pode nos tirar de cena e já atinge mais de 30 milhões de brasileiros. Para mim, esses números já são suficientes para percebermos que tem algo errado e que o estilo de vida de muitos profissionais está equivocado, insustentável. Por isso, iniciei o movimento pela produtividade sustentável em 2020. Percebi que estamos normalizando o anormal, negligenciando consequências perigosas para nossa saúde, quando não paramos para pensar em como estamos produzindo.

    Então, me diga, a forma como você está trabalhando é sustentável? É saudável por quanto tempo?

    Se você ama o que faz e quer continuar fazendo o que ama sem afetar sua vida de maneira nociva, você vai precisar pensar e agir considerando a sustentabilidade da sua produção. E mesmo que você ainda não ame o que faz, mas quer ter saúde para procurar um trabalho que ame, você também precisa viver um estilo de vida sustentável. Senão, felicidade e longevidade não passarão de ilusão.

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    “O excesso de confiança que temos de que ‘daremos conta, custe o que custar’ pode te fazer parar na carreira”

    Pense nas consequências das suas ações

    O que está em jogo na produtividade sustentável é a consciência das consequências de suas ações para a manutenção diária da sua saúde, para a continuidade de seus desejos profissionais e pessoais, sem ter interrupções como a que eu tive com a síndrome de burnout, ao ultrapassar meus limites, me inspirando naquela heroína feminina que usa um maiô azul e vermelho.

    O excesso de confiança que temos de que “daremos conta, custe o que custar” pode te fazer parar na carreira, da mesma maneira que ficamos pelo caminho em uma estrada quando não paramos para abastecer o tanque do carro acreditando que “vai dar pra chegar”.

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    A produtividade sustentável é um convite para você refletir sobre seus comportamentos a partir da atualização de identidade, considerando quem é você hoje, e não quem era no início da carreira ou com as condições de saúde do passado. Se você não parar voluntariamente para analisar seu estilo de vida e para ajustar seu ritmo de trabalho, pode ser que tenha que fazer isso quando a saúde enviar mensagens mais drásticas em que terá que parar de forma involuntária.

    A mudança está nas suas mãos

    Ninguém poderá atualizar sua identidade por você. Nenhuma empresa ou departamento. Quando você perceber suas características e necessidades atuais, você terá mais clareza sobre os ajustes que precisa fazer na sua rotina para seu autocuidado, aquilo que só você pode fazer por você, o único combustível sustentável para o motor da vida, e que será essencial para continuar desempenhando seus papeis com entusiasmo e sentido.

    As perguntas principais da atualização de identidade estão relacionadas ao sono, respiração, alimentação, exercício físico e momentos de lazer, condições essenciais que vamos negligenciando quando não nos incluímos na própria agenda. Conforme você for se interessando mais por você, esses questionamentos podem chegar em outras áreas que te ligam a vida, mas que estão sendo negligenciadas. Identificando suas necessidades do presente, ficará mais fácil abandonar os comportamentos tóxicos que podem comprometer a saúde mental. Tema do nosso próximo encontro!

    * Izabella Camargo é jornalista, palestrante, autora do best-seller Dá um tempo! Como encontrar limite em um mundo sem limites. Instagram: @izabellacamargoreal

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