egundo pesquisa realizada pela Microsoft, 60% dos profissionais ouvidos no Brasil afirmam precisar de uma razão para estar na empresa quando podem exercer suas tarefas à distância. “As pessoas vão ao escritório para socializar”, diz Nayana Amorim, gerente de marketing para a divisão de Trabalho Moderno da Microsoft. Se o motivo não fizer sentido, o risco é esvaziar o trabalho presencial.
Esse vem sendo um dos motes da empresa de softwares SAP. “O grande aprendizado que tivemos na pandemia é que tem muita atividade que não faz sentido acontecer no escritório”, afirma Fernanda Saraiva, diretora de RH da SAP no Brasil. Por outro lado, a empresa ainda entende que, em determinados momentos, a presença é relevante. Por isso, a decisão foi pelo híbrido, sem regras em relação ao número de dias na companhia ou em casa.
O desafio, no entanto, era entender como isso funcionaria para cada área. Além do contato constante com as equipes em rodas de conversa, o RH desenvolveu um workshop para que cada time pudesse definir junto as próprias regras. Com um roteiro em mãos, gestores e liderados falam sobre quais são as atividades da área, do que cada uma precisa para ser mais eficiente e qual é a exigência de presença para a entrega. “Isso tira o foco da preferência de cada gestor e traz de forma mais tangível as necessidades da equipe”, afirma Fernanda.
Outra medida foi, no início, dar aos funcionários a prerrogativa de escolher qual modelo de trabalho eles queriam adotar com a empresa nos casos em que a função permitia — o que abrange quase todas as áreas. “Nossa presidente e a alta liderança também estão sempre reafirmando que não interessa onde você está, e sim quais são as entregas e o resultado”, diz Fernanda. Já os eventos institucionais, como o café com a presidente, que é feito todo mês, acontecem de forma híbrida ou presencial de forma alternada. A ideia é criar um senso de pertencimento para todos, não importa o modelo em que estejam atuando.
Para Fernanda, a política tem trazido bons resultados. A ocupação do escritório é, em média, de 25%, maior que a média global da empresa. O engajamento também vem crescendo de forma constante, chegando a 88% na última pesquisa interna. “Os ganhos mais importantes foram a questão de atração, porque a primeira coisa que perguntam é se tem modelo híbrido, e o equilíbrio entre as atividades pessoais e as profissionais”, afirma a executiva.