uando queremos criar uma cultura aberta para a saúde mental na empresa, começamos com o RH e as lideranças, diz Inês Hungerbühler, chefe do departamento de psicologia da Vitalk, empresa de tecnologia voltada à saúde emocional. “Se os gestores parecem ser perfeitos, tentam mostrar que não erram e não são vulneráveis, como as pessoas vão sentir que podem se abrir sobre suas falhas? A liderança precisa começar a falar sobre o que deu errado também, não só sobre os avanços.”
Para ajudar empresas e trabalhadores, a plataforma de recrutamento e seleção Kenoby desenvolveu, em parceria com a Vitalk, um guia gratuito sobre segurança psicológica no trabalho. Direcionado a líderes e profissionais de RH, o e-book Segurança Psicológica no Relacionamento com a Equipe, que pode ser acessado aqui, é uma ferramenta para enfrentar a onda de esgotamento que vem se intensificando desde o início da pandemia.
O material foi elaborado com a ajuda de especialistas e apresenta alternativas para a construção de um ambiente psicologicamente seguro, dicas e análises de comportamentos e hábitos que devem ser observados nos trabalhadores. Um ambiente psicologicamente seguro é um lugar em que o funcionário tem confiança para interagir, aprender, se expressar e sentir pertencimento. E isso é cada vez mais importante.
Em 2018, a síndrome de Burnout, ou esgotamento profissional, já afetava mais de 30% dos 100 milhões de trabalhadores brasileiros, de acordo com uma pesquisa realizada pela International Stress Management Association (Isma). Mas apenas em 2022 a condição passou a ser reconhecida como doença ocupacional, sendo incluída na Classificação Internacional de Doenças (CID) da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Segundo o guia, existem sete sinais de que as equipes podem estar emocionalmente afetadas, demandando um olhar mais atento do RH e das lideranças, e cinco reflexões que devem ser feitas para a criação de uma cultura acolhedora.
Os 7 sinais de alerta…
1. Ninguém da equipe parece questionar ou levantar dúvidas
2. Diferentes funcionários não têm participado das reuniões
3. Não surgem novas ideias nas conversas
4. Lideranças sentem receio de que a equipe não fale a verdade
5. Erros não são discutidos com frequência
6. Alta taxa de absenteísmo ou presenteísmo
7. Forte pressão por resultados
… e as 5 reflexões para criar uma cultura acolhedora
1. O erro faz parte da cultura da minha empresa? E como o erro é tratado?
2. Os funcionários se sentem confortáveis para compartilhar ideias fora do padrão?
3. Em geral, os colaboradores costumam rejeitar alguém por pensar ou ser diferente?
4. A equipe tem dificuldade para pedir ajuda?
5. Há muitos conflitos entre os pares ou as equipes?
O que o RH pensa sobre a questão
Um levantamento realizado entre fevereiro e março de 2021 pela Kenoby revelou que a falta de previsibilidade quanto à estruturação de uma área voltada à saúde mental na empresa foi uma queixa recorrente entre os 488 profissionais de RH ouvidos. Na opinião de 93% deles, falta um olhar das companhias para o tema.
Na visão de Felipe Sobral, diretor de marketing da plataforma, a mudança na estrutura do modelo de trabalho e na cultura da empresa é essencial para que os programas de saúde mental sejam efetivos. Ainda de acordo com o levantamento, quase 37% dos respondentes disseram que, se bem estruturado, um programa para a saúde mental pode beneficiar a produtividade individual e do time; 23% consideram que haverá mais engajamento nas ações internas e quase 20% acreditam que a iniciativa pode diminuir a rotatividade.
Para os profissionais que participaram do estudo, os problemas mentais podem ser acarretados pela falta de diálogo da liderança, por assédio moral e constrangimentos e falta de diálogo com o colaborador. Falta de feedbacks constantes, ausência de espaço para opiniões divergentes e metas difíceis de serem batidas também foram citadas.
Quer ter acesso a todos os conteúdos exclusivos de VOCÊ RH? É só clicar aqui para ser nosso assinante.