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A ilusão e a oportunidade da crise

É durante momentos econômicos como o atual que residem as melhores oportunidades para as empresas contratem profissionais qualificados por salários mais enxutos

Por Alexandre Attauah*
Atualizado em 5 dez 2020, 19h14 - Publicado em 9 jan 2017, 11h17

Um cenário econômico desfavorável pode ser traiçoeiro quando o tema é o recrutamento de profissionais qualificados. Ao mesmo tempo em que o momento sugere uma oportunidade para as empresas encontrarem mais talentos, uma vez que existem mais profissionais disponíveis, há a ilusão de que essa tarefa seja mais fácil.

 

O processo de desligamento de um profissional nunca é fácil. Ainda mais em cenários adversos. Se a companhia passa por dificuldades é preciso um critério para realizar o corte. Em geral, a primeira análise feita é em relação à performance profissional. Os primeiros a perderem seus postos são aqueles que estão abaixo do rendimento esperado. À medida em que a situação se torna mais crítica, a empresa se vê obrigada a abrir mão também de bons profissionais, principalmente se estiverem com salários muito elevados para o momento de mercado. Estes, porém, costumam estar em menor número do que os da primeira leva.

 

O desafio de recrutar se torna ainda mais complexo. Há maior oferta de profissionais, porém com características diversas, ou seja, desde perfis de baixa performance a executivos de alta qualificações com salários elevados e fora da realidade do cenário econômico atual. Dessa forma, quando uma vaga é aberta, os recrutadores recebem centenas de currículos que, infelizmente, não atendem à demanda.

 

Curiosamente, apesar da dificuldade de selecionar o perfil ideal em meio a elevada oferta de candidatos, é durante momentos econômicos como o atual que residem as melhores oportunidades para as empresas contratem profissionais qualificados por salários mais enxutos. Quando o mercado está desaquecido o poder de negociação passa para o lado das companhias, já que não há tantas vagas no mercado.

 

Em algumas áreas como finanças e contabilidade, que sofre maior pressão por redução de custos e resultados mais apurados, além da necessidade de poder absorver maior volume de trabalho com a menor equipe possível, é insustentável manter profissionais de baixa performance. 

 

Enquanto o mercado estiver turbulento, as empresas que souberem reavaliar as equipes da área de custos, fiscais, auditoria, cobrança e crédito, subindo a régua do desempenho com substituições estratégicas ou a partir da contratação de talentos com salários mais condizentes com o cenário, seja em posições permanentes ou por projetos especializados, estarão mais preparadas e competitivas para quando os ventos da economia soprarem a favor. Aliás, quando o mercado aquecer, os bons profissionais voltam a ter os seus salários valorizados e o custo para atraí-los também aumenta.

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Dessa maneira, é preciso olhar para os processos de recrutamento como algo estratégico para a companhia. É necessário dedicação para que ele seja realmente bem feito e eficiente para atrair os profissionais ideais para a vaga. Independente do momento do mercado, o ponto de atenção está na agilidade, sem descuidar da qualidade, para não perder profissionais talentosos para outras oportunidades. Não há dúvidas, no entanto, de que agora é o melhor momento para reforçar as equipes com mão de obra qualificada e se preparar para os desafios futuros. 

 

*Este artigo é de autoria de Alexandre Attauah, gerente sênior da Robert Half, e não representa necessariamente a opinião da revista

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