A Azul se posiciona como uma companhia aérea de baixo custo para o cliente desde sua fundação, em 2008. Contudo, quando se trata de investir no desenvolvimento de seus 10 500 funcionários, a empresa não economiza. Em 2013, criou a universidade corporativa, um espaço de 6 000 metros quadrados equipado com cinco simuladores de voo que recriam cabines de aviões Airbus, ATR e Embraer; uma sala de Live TV (118 televisores, a mesma quantidade disponível em uma aeronave Embraer 195, que transmitem em tempo real o conteúdo que passa a bordo); além de 15 salas de aula, um auditório e um laboratório de manutenção de peças.
Localizada em Campinas, no interior de São Paulo, a UniAzul conta com um time de 70 pessoas, inclusive um quadro próprio de instrutores responsáveis por mais de 140 cursos. Mas o tempo que os “tripulantes” (como são chamados os empregados na Azul) passavam longe de suas tarefas por causa dos treinamentos realizados em São Paulo virou um problema.
Além do custo de produtividade e deslocamento, eles tinham de se ausentar de casa. “Gostamos de levar nossos funcionários para a UniAzul, mas a distância da família poderia ser incômoda para alguns deles”, diz o vice-presidente de clientes, Sami Foguel, responsável pela área de recursos humanos. Foguel queria melhorar a eficiência dos programas evitando ocupar a infraestrutura da instituição com questões básicas.
A solução
A saída foi a educação a distância. Uma equipe pedagógica analisou os cursos oferecidos pela UniAzul às áreas de aeroportos e de manutenção, a fim de identificar os conteúdos mais simples que poderiam ser ministrados virtualmente. Um fornecedor formatou os cursos online.
A implantação do ensino a distância mobilizou equipes de tecnologia, infraestrutura e manutenção, uma vez que salas com computadores foram montadas em 105 bases da Azul no país para que os profissionais fizessem os cursos durante o expediente.
Os primeiros módulos começaram em junho de 2015 para 4 000 funcionários. Para os técnicos de manutenção, o material online engloba processos de aspectos técnicos das aeronaves. Já para os funcionários dos aeroportos o foco são o atendimento aos consumidores e o uso de sistemas aeroportuários. Pelo computador, por exemplo, eles revalidam o que aprenderam no curso sobre artigos perigosos e de conscientização e sensibilização a clientes com necessidade de assistência especial.
Todos os treinamentos são mandatórios, e os empregados atestam o conhecimento em provas, com uma nota mínima para aprovação, após cada módulo. “Com essa metodologia, o material de aula chega às localidades de maneira ágil, padronizada e com a mesma consistência dos treinamentos ministrados presencialmente”, afirma Foguel, que considera o ensino a distância complementar aos treinamentos presenciais.
O resultado
Hoje, a Azul conta com 23 cursos online — número que deverá ultrapassar as três dezenas em 2017, quando a educação a distância for estendida aos funcionários dos setores de cargas, bagagens e atendimento a clientes no pátio. Como consequência, as aulas presenciais caíram de 171 para 148. “Conseguimos direcionar a UniAzul para treinamentos vivenciais e estamos investindo cada vez mais nisso. Em 2017, vamos construir outros dois ambientes de simulação, sendo um deles voltado para situações comuns nos aeroportos, como check-in, embarque e filas”, afirma Sami Foguel.
Em 2015, a Azul realizou 33 000 treinamentos, uma média de três cursos por funcionário. Até novembro de 2016, foram 29 000 treinamentos, 6 000 deles a distância. Nesse período, os simuladores de ambientes ficaram ocupados por 18 000 horas. Graças ao ensino online, a Azul diminuiu em 29 000 horas o deslocamento de funcionários, gerando uma economia de 1 milhão de reais — principalmente com custos de hospedagem.
Além da redução de custo, o treinamento virtual melhorou o índice de satisfação dos clientes. Segundo o vice-presidente, 74% dos consumidores que responderam à pesquisa de janeiro a novembro de 2016 atribuíram nota 9 ou 10 aos serviços da Azul, por isso foram classificados como “promotores da marca”. “Um índice similar ao atingido por produtos como iPhone e iPad”, afirma Foguel.