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Cuidados com funcionários e familiares marcam a gestão de crise da Copagaz

A distribuidora de GLP mapeou a saúde mental dos empregados e ofereceu aos filhos em idade de Enem auxílio para estudar à distância

Por Elisa Tozzi
Atualizado em 10 dez 2020, 20h18 - Publicado em 14 out 2020, 09h20
 (foto/Thinkstock)
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Distribuidora de GLP (o famoso bujão de gás), a Copagaz teve que se reinventar durante a crise de covid-19. Por ser uma companhia de serviço essencial, o pessoal da operação não pode parar as atividades presenciais. Mas a empresa, que tem 1.700 empregados e 2.500 revendedores autorizados em mais de 1.800 cidades, criou estratégias para manter em alta a segurança – e a moral – dos profissionais em alta.
Entre as iniciativas, houve oferta de transporte individual ou fretado para que os times operacionais não precisassem usar ônibus, metrô ou trem; mapeamento da saúde mental dos empregados; e ajuda com oferta de modem, internet, notebook e cursinho para que os filhos dos funcionários que não tivessem estrutura e estivessem se preparando para o Enem pudessem continuar estudando à distância. “Queremos que todos tenham o melhor ambiente de trabalho e que estejam sempre bem”, diz Pedro Turqueto, diretor de desenvolvimento e gestão da Copagaz. O executivo explica mais sobre o momento da companhia na entrevista a seguir.


 Como foi a adaptação da companhia às restrições sociais da covid-19?

A Copagaz precisou quase que reinventar seus procedimentos administrativos e operacionais em menos de uma semana, o que exigiu a máxima capacidade de reação de todos, com dois agravantes: somos uma empresa que fornece um produto essencial, o GLP, que não pode ter o abastecimento interrompido; e em função de muita desinformação no começo da quarentena, houve um aumento desnecessário nas compras em algumas regiões, com receio de falta de produto.
Criamos um comitê de crise integrado pela diretoria e gerencias imediatamente após as primeiras orientações e alertas das autoridades, que passou a se reunir permanentemente e a manter contatos com todas as suas bases de operação, já que naquele momento não se descartava até mesmo a decretação de lockdown em algumas cidades de alguns estados, o que iria requerer medidas radicais em toda a nossa operação.
Assim, conseguimos colocar 100% de toda a nossa sede em home office em questão de horas e nas bases operacionais adotamos todos os protocolos que foram sendo apresentados pela OMS e demais autoridades do Ministério da Saúde e das Secretarias Estaduais e Municipais, considerando que temos operações em 18 estados e no Distrito Federal.
E os cuidados com o pessoal de campo?
Afastamos todos os que pertenciam aos grupos mais vulneráveis e redesenharmos todos os postos de trabalho nas áreas de produção, além de realizar obras de adaptação nas bases – como nos vestiários e refeitórios. Houve também redesenho da logística de distribuição, o que incluiu toda orientação e apoio aos nossos revendedores – os responsáveis por entregar o botijão de gás na casa do consumidor e que têm contato direto com os clientes finais.
Ampliamos as medidas de higiene e limpeza, introduzindo novos procedimentos como desinfecção de áreas, oferta de álcool gel no máximo possível de lugares, tanto para os trabalhadores quanto para os visitantes e contratamos transporte individual ou fretado para evitar houvesse exposição a riscos no transporte público. Também estimulamos a carona solidária. Além, claro, de outras medidas como monitoramento de temperatura, testes e distribuição de máscaras.
A empresa mapeou um abalo emocional dos empregados. Como chegaram a essa conclusão?

Desde que adotamos as medidas de contingência por causa da pandemia, amplificamos os contato para compreender a realidade de cada um em uma situação absolutamente nova, para todos nós.
E foi assim que identificamos algumas demandas profissionais, desde a necessidade de dominar  determinado software para realizar o trabalho em home office até a questão emocional, tanto de colaboradores quanto de seus familiares. Notamos sentimentos como angústia e estresse, provocados por uma brutal mudança nas rotinas, pela falta de convivência com os colegas, pelo desconhecimento do que estava de fato acontecendo e pelas incertezas em relação ao futuro, inclusive entre os familiares.
Quais ações foram feitas para solucionar essa questão?
Passamos a oferecer treinamentos para equiparar todos os colaboradores no domínio de ferramentas de gestão e de comunicação, assim como outras iniciativas de capacitação. Além disso, realizamos palestras sobre a evolução da pandemia, feitas por médicos e especialistas renomados, para que funcionários e familiares pudessem dispor de informação correta, não se deixando influenciar por uma grande e indesejável quantidade de notícias falsas e alarmistas, disseminadas sobretudo em redes sociais.
Também organizamos palestras sobre temas como ansiedade e comunicação não violenta, compreendendo o ambiente de estresse e pressão, tanto no trabalho quanto em suas casas, já que o ambiente familiar também foi bastante impactado, de uma maneira geral. Organizamos uma conversa com o velejador Amir Klink, que falou sobre viver em isolamento social, pois avaliamos como bastante apropriado para a reflexão das pessoas neste momento.
Além disso, estamos oferecendo, dentro do que o digital permite, lazer e diversão. Organizamos um “arraial online”, uma live com a dupla Munhoz e Mariano e até um stand-up comedy com o Marco Luque, que interagiu diretamente com o nosso CEO Caio Turqueto. Chamamos este conjunto de iniciativas de “Levanta a Poeira”, porque queremos passar a mensagem de que tudo vai passar e que precisamos de força para superar este momento.
A Copagaz também se preocupou com os filhos em idade escolar e ofereceu benefícios para essas famílias. Por que fizeram isso e como foi a receptividade dos funcionários sobre o projeto?
A empresa tem a tradição de incentivar a educação e a qualificação de colaboradores e de seus familiares. A empresa, foi a primeira do setor a erradicar o analfabetismo entre seus empregados nas bases de engarrafamento do GLP, ainda nos anos de 1990. Identificamos, numa pesquisa, os impactos do não adiamento do Enem (até então) para filhos de funcionários que tinham feito a inscrição para o exame, mas que estavam com dificuldade de acesso à internet para estudar.
Para ajudar, contratamos um cursinho preparatório online, alugamos notebooks e modens com internet ilimitada e ainda fornecemos um kit de material didático para estes alunos, que são acompanhados constantemente para que tenham o melhor desempenho possível. Sempre primamos pela educação do nosso time, e extrapolar isso para a família solidifica o nosso compromisso com o tema.
Quais os planos da empresa para o pós-pandemia?
A diretoria da Copagaz decidiu que somente irá retomar suas atividades nos moldes anteriores – ou o mais próximo do que tínhamos como “normal” – quando houver uma vacina que garanta a segurança. Assim, continuaremos a monitorar todas as demandas e necessidades das equipes, desenvolvendo programas específicos para atendê-las. Como não sabemos quanto tempo a pandemia ainda vai demorar, cada ação será criada no momento em que identificarmos a oportunidade.
Esta mesma lógica vale para o pós-pandemia. Queremos que todos tenham o melhor ambiente de trabalho e que estejam sempre bem; mas, não sabemos como estarão, emocional e fisicamente, quando as restrições forem suspensas. Por isso, paralelamente à gestão do momento, estudamos diversos cenários para quando for a hora de “voltar para casa”, porque queremos estar prontos e saudáveis para agir com a mesma rapidez com que todos agiram e nos ajudaram a mudar e manter os níveis de produção e qualidade do trabalho, em março, no início da pandemia. É isto que nos torna mais próximos.

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