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Descanso remunerado e sextas sem reunião: como a Amgen lida com a crise

Apoio psicológico e revisão das avaliações também estão no pacote de práticas que a multinacional adotou para ajudar os funcionários durante a pandemia

Por Elisa Tozzi
Atualizado em 10 dez 2020, 20h20 - Publicado em 7 out 2020, 07h00
 (Pexels / Visionpic/Divulgação/Divulgação/Divulgação)
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Três dias de descanso remunerado no segundo semestre, sextas-feiras sem reunião, apoio psicológico online e revisão das avaliações em um ano em que as metas podem sofrer para serem atingidas. Essas foram algumas das decisões da biofarmacêutica Amgen para lidar com os desafios ocasionados pela pandemia de covid-19.
Thiago Pastore, diretor de RH da companhia, explica que neste momento os profissionais estão lutando para encontrar equilíbrio entre a vida pessoal e o trabalho – duas esferas altamente afetadas pela crise e pelo isolamento social. Por isso, é papel da área de gestão de pessoas reforçar a comunicação. “O RH precisa estabelecer uma comunicação transparente, forte e contínua, visto que muitas vezes os funcionários querem receber respostas imediatas e que estão fora do nosso alcance”, diz Thiago.
Confira a entrevista completa a seguir.
Como a empresa está enfrentando a pandemia, do ponto de vista de negócios e de pessoas?
Iniciamos o home office de forma preventiva na segunda semana de março, sendo assim, estamos há mais de seis meses trabalhando remotamente e acompanhando como podemos suportar os funcionários e seus familiares neste momento. Apenas os funcionários essenciais da fábrica, que estão envolvidos em processos que contribuem para a continuidade da produção dos nossos medicamentos, estão trabalhando e seguindo um rígido programa de higienização e proteção.
Desde março estamos oferecendo uma ajuda de custo para auxiliar os funcionários com os gastos extras do home office e compramos equipamentos ergonômicos para que os funcionários possam realizar o trabalho remoto com todo o suporte necessário. Além disso, antecipamos a campanha de vacinação de gripe por meio de drive-thru e disponibilizamos máscaras e álcool em gel fortalecendo as medidas de prevenção indicadas pela OMS (Organização Mundial da Saúde).
Para identificar as necessidades, desenvolvemos um comitê multidisciplinar de crise e contratamos uma consultoria que nos dá apoio na tomada de decisão. Quando identificamos que este período seria mais longo do que a expectativa da sociedade, desenvolvemos uma pesquisa de clima focada neste momento de covid-19 para direcionar nossos esforços para manter a qualidade de vida e revisitar nossas políticas de home office e benefícios a médio prazo.


Quais foram os resultados?
A pesquisa de clima identificou que a principal necessidade do funcionário neste período é worklife balance, que é basicamente o desafio de qualquer brasileiro que está lidando com trabalho, família, crianças, estudo e insegurança que uma pandemia traz.
Como parte do plano de ação, nós estabelecemos algumas regras como não realizar reunião antes das 9h e depois das 18h, estabelecemos a “sexta-feira sem reunião”, além de oferecer serviços de atendimento psicológico e mental, como Psicólogo na Tela, um canal especial com dicas de como lidar com as crianças neste período, além de atribuir aos líderes a tarefa de ouvirem as necessidades de cada funcionário para flexibilizar a jornada de acordo com cada realidade.
E, em alinhamento com a corporação, nós concedemos três dias de descanso remunerado neste último semestre para todos os funcionários. Além disso, o tema saúde mental passou a ser uma das nossas prioridades à medida em que esta situação se estende e tivemos a oportunidade em parceria com uma consultoria externa oferecer aos nossos colaboradores rodadas de discussão para tratar deste tema e buscar a melhor forma de lidarmos com a situação do luto presencial, de stress e resiliência.
Quais têm sido os principais desafios do RH no momento?
Estamos modificando o processo de revisão de avaliação do final do ano, tendo a vista os receios sobre como a pandemia poderia impedir os funcionários de não atingirem suas metas de performance. Essa foi uma importante decisão junto com os líderes para estarmos realmente juntos aos colaboradores neste período tão difícil. Essa é uma resposta a um desafio recorrente desta pandemia. Como manter a produtividade e as metas diante de um vírus desconhecido que mudou completamente a nossa forma de viver?
É inevitável não dizer que a instabilidade socioeconômica de um período de pandemia é também um momento em que o RH precisa estabelecer uma comunicação transparente, forte e contínua, visto que muitas vezes os funcionários querem receber respostas imediatas e que estão fora do nosso alcance.
A Amgen criou um pacote de benefícios para os funcionários lidarem com a pandemia e o home office. Por que tomaram essa decisão?
 A empresa já possuía uma política de home office implementada na afiliada, o que nos deu segurança para anteciparmos o trabalho remoto duas semanas antes da oficialização da quarentena em São Paulo. Além disso, a nossa governança sempre olhou para o bem-estar do funcionário de maneira prioritária. A política de benefícios apenas seguiu as diretrizes já existentes de reavaliação e aprimoramento da qualidade de vida e da cultura organizacional da Amgen.
Como estão os planos para a retomada das atividades presenciais, especialmente para o pessoal da força de vendas?
Nosso comitê de crise e a consultoria que está trabalhando conosco monitoram a evolução da epidemia em cada cidade para nos ajudar na definição dos próximos passos a serem tomados para chegar até uma flexibilização do home office, especialmente, porque a empresa tem atuação nacional e cada Estado vive um momento da pandemia.
Para que essa decisão seja tomada com toda a transparência necessária, nós realizamos uma pesquisa para identificar quais funcionários estariam dispostos a retomar o trabalho presencial, levando em consideração os funcionários em grupo de risco e aqueles que têm filhos.  Além de ouvir os funcionários, a Amgen fez uma pesquisa com os médicos para entender a realidade de cada Estado e se eles estavam aptos a retomar este relacionamento presencial.
Além disso, assim que as visitas presenciais forem retomadas vamos aplicar um treinamento para os funcionários e já  entregamos um “kit retorno”, composto por máscaras e álcool em gel, além de uma maçaneta portátil, um termômetro digital e um guia para conduzir os encontros presenciais de acordo com as recomendações da OMS.

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