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Mercado começa a acolher profissionais com Síndrome de Down

Confira os desafios desse mercado para empresas e profissionais

Por Lygia Haydée
Atualizado em 5 dez 2020, 19h13 - Publicado em 4 jan 2018, 04h00
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  • Aos 26 anos, Jéssica Pereira se tornou a primeira empreendedora com Síndrome de Down do Brasil. Ao lado da irmã e do cunhado, a paulistana abriu o Bellatucci Café, no qual, além de fundadora é chef de cozinha. O investimento de 70 000 reais possibilitou colocar em pé o sonho de ter o próprio negócio. “Ainda falta oportunidades para que essas pessoas se sintam úteis de verdade e produzam de forma real”, diz Priscila Della Bella, irmã de Jéssica.

    A empreendedora é uma exceção apesar de a lei de cotas para pessoas com deficiência (PCDs) ter completado 26 anos em 2017. A regra exige que empresas a partir de 100 funcionários tenham um percentual de pessoas com deficiência em seus quadros (a porcentagem varia de acordo com o tamanho das companhias. O assunto ainda gera discussão, pois muitas vezes os profissionais deficientes são contratados apenas para cumprir tabela, não sendo desenvolvidos como deveriam. Foi esse, inclusive, um dos motivos que fez com que Jessica quisesse abrir o próprio negócio. “Ela já havia trabalhado em uma drogaria, mas se sentia inútil, não se via produtiva”, diz Priscila.

    Por isso, um dos maiores desafios das organizações é entender que pessoas com Síndrome de Down possuem habilidades positivas para as companhias. “São sensíveis, comprometidas e encaram com seriedade o trabalho”, diz Rosana Daniele Marques, gerente de gestão de pessoas da Crowe Horwath, empresa de consultoria e auditoria.

    Inclusão eficiente

    Para que esses profissionais sejam bem recebidas e cresçam internamente, a inclusão deve ser feita com cuidado. O primeiro passo é tratar quem tem Síndrome de Down com o mesmo respeito com que os outros empregados são tratados. Depois disso, é necessário não os classificar como “incapazes”.

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    Essa é a proposta da EY, consultoria e auditoria com sede em São Paulo. A multinacional usa, por exemplo, um processo de recrutamento comum para atrair profissionais com qualquer tipo de deficiência. “Não é um projeto social. Esses profissionais compartilham dos mesmos processos dos outros empregados, são responsáveis por seus trabalhos e avaliados pelas suas entregas”, diz Elisa Carra, diretora RH para o Brasil e a América Latina, na EY.

    Mariana Cerbelheira é uma das funcionárias com Down que têm o crachá da EY. Ela está há quase cinco anos na empresa e já atuou como auxiliar de secretária, assistente de expedição, assistente de recrutamento e seleção. Hoje, na área de treinamento, Mariana acredita que deveria haver mais gente como ela no mercado de trabalho. “A maioria das organizações não recebe pessoas com deficiência intelectual. Muitas não creem no nosso potencial e nos tornamos invisíveis”, diz.

    A inclusão só dá certo com equipes e líderes bem preparados. “É fundamental que um profissional especializado converse com a equipe que receberá o novo empregado para criar um ambiente adequado e propício para a adaptação da pessoa com deficiência”, diz Rosana. NO entanto, deve-se também ter clareza de que esses funcionários precisarão de tempo para se adaptar. “Deve-se acompanhar o processo de adaptação dessas pessoas para que elas compreendam quais são suas atividades e responsabilidades”, afirma Rosana.

    O mais importante, no entanto, é que a inclusão de pessoas com Down seja um valor para as companhias. Só assim esse pessoal terá os mesmos direitos e deveres dos outros empregados. Para isso, o RH deve definir quais são as oportunidades dentro da empresa e pensar nas vagas que podem incluir quem tem essa deficiência. “Quando você estiver definindo o perfil da posição, abra um pouco a sua cabeça. Tudo o que tem uma rotina estabelecida ou um escopo de trabalho bem definido é uma boa opção. Para eles, regra dada é regra executada”, afirma Elisa.

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