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Nas ondas do mar

Ao acompanhar de perto a produtividade dos funcionários, o Grupo De Nadai reduziu para 0,6% a rotatividade e economizou com recrutamento e demissões

Por Izabel Duva Rapoport
Atualizado em 5 dez 2020, 19h14 - Publicado em 19 jan 2017, 08h00
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  • O Grupo De Nadai, que presta serviços de refeições corporativas e hotelaria marítima, em 2013 identificou que a rotatividade da sua equipe embarcada na unidade de Macaé, no Rio de Janeiro, estava na faixa dos 4,5% nos primeiros 90 dias de trabalho, gerando uma despesa média de 156 900 reais por mês. 

    Naquela época, os gestores que ficavam em alto-mar (chamados de comissários) não tinham consciência do alto custo das demissões para a empresa. “Para eles, era mais prático substituir um funcionário instável, que apresentava queda de produtividade, do que se empenhar para recuperá-lo”, afirma Júlio Oliveira, diretor da unidade offshore da companhia. 

    O problema é que esse setor offshore precisa de uma mão de obra muito especializada, que tenha não só alto nível de conhecimento técnico mas também preparo físico e psicológico (e disposição) para permanecer semanas em plataformas de petróleo e navios, longe da terra firme. 

    Com gastos elevados para atrair, contratar e adaptar os profissionais, as organizações que pretendem sobreviver nesse nicho não podem se dar ao luxo de perder pessoas sem um bom motivo. E era isso que Oliveira precisava reverter. O objetivo era conscientizar a liderança e encontrar uma solução para reter e manter comprometido o pessoal. O Grupo De Nadai emprega 4 200 pessoas ao todo, sendo 903 trabalhadores na unidade de Macaé, com 797 embarcados e 106 baseados em terra.

    A solução

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    Os empregados do Grupo De Nadai em Macaé trabalham 14 dias em alto-mar e folgam 14 dias. A primeira medida tomada pelo diretor da unidade foi aplicar a avaliação de desempenho com mais frequência. “As análises, antes semestrais, agora são realizadas a cada desembarque”, diz Oliveira. 

    Com diagnóstico constante, a equipe de gestão de pessoas conseguia identificar mais rápido quando algum funcionário apresentava queda de produtividade e o encaminhava para a UTI do RH. Esse foi o nome dado à ação criada em 2013 para relacionar os profissionais de baixo desempenho e oferecer o apoio necessário para que recuperassem a estabilidade e voltassem ao seu nível original. 

    Os casos são tratados individualmente. Por exemplo, ao descobrir que o empregado tem problemas com a chefia ou com os colegas, o time de RH o remaneja para outro grupo. Em casos de dificuldades financeiras ou legais, a empresa pode dar um adiantamento ao funcionário ou oferecer apoio jurídico. Se o motivo da queda de rendimento for uma questão de saúde, a pessoa é encaminhada ao médico. 

    As ações se estendem aos familiares também. Um dos pontos fortes da UTI do RH, segundo Oliveira, é o plano de desenvolvimento dos líderes, treinados para recuperar o empregado ainda a bordo, sem necessidade de levá-lo à base. “Mesmo de longe, os comissários têm apoio do comitê do projeto, formado por diretores, gerentes operacionais e profissionais de RH”, afirma.

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    O resultado

    Após a adoção da UTI do RH, o Grupo De Nadai registrou melhora nos indicadores de gestão de pessoas da sua unidade de serviços offshore. A taxa de 4,5% de rotatividade nos primeiros 90 dias caiu para 0,6%, de 2013 para 2016. Hoje, em vez de gastar aquele montante de 156 900 reais por mês, a organização desembolsa em 30 dias apenas 38 258 reais para contratar e desligar funcionários. “O principal ganho foi na retenção dos profissionais”, afirma Júlio Oliveira. 

    Com o treinamento adequado, os gestores se conscientizaram de quanto custava demitir a qualquer preço e passaram a apoiar mais suas equipes. Outro benefício percebido foi a queda do número de acidentes de trabalho, de 50 para 20 ao ano. 

    Também houve melhora na saúde física e mental dos trabalhadores. No começo do programa, a equipe atendia mensalmente cerca de 30 empregados com problemas diversos e que apresentavam queda na produtividade. Graças à UTI do RH, a quantidade caiu para dez pessoas no mesmo período de tempo. 

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    Em agosto de 2016, em função dos bons resultados na operação de Macaé, a área de recursos humanos do Grupo De Nadai expandiu o programa para todas as suas operações, chegando a 4 200 empregados. As 620 unidades da empresa também passaram a olhar com mais atenção os pedidos de demissão. A ideia é que todos passem pelo programa antes de serem desligados.

    Grupo de Nadai

    Negócio: Refeições corporativas e hotelaria marítima

    Anos de atuação: 40

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    Sede: São Paulo (SP)

    Funcionários: 4 200

    Unidades de operação: 620

    Refeições por dia: 600 000

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    Faturamento de 2015: 250 milhões de reais

    Empresas do Grupo: 3 (De Nadai Alimentação – Convida Refeições | D.King)

    Unidade do projeto: Macaé (RJ)

    Funcionários atendidos: 903

    Projeto: UTI do RH

    Principais resultados: a rotatividade caiu de 4,5% para 0,6% de 2013 para 2016, gerando economia de 118 641 reais para a empresa.

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