O tempo passa e continuo presenciando uma confusão de conceitos entre coaching, counseling e mentoring. Quanto mais o uso dessas ferramentas se populariza — e se vulgariza —, mais importante se torna reforçar seus significados para facilitar a vida de quem precisa desses serviços. Usarei como base as definições do livro Coaching Executivo — Uma Questão de Atitude (editora Alta Books), que lancei em 2012.
O Google define counseling como “uma palavra inglesa que significa aconselhamento”. É um processo de interação entre o profissional especializado e o cliente, utilizado para uma tomada de decisão, como um novo cargo, uma expatriação, a estruturação de um plano de desenvolvimento ou o desenho de um projeto de carreira. O foco é o indivíduo e seu
autoconhecimento.
Já o mentoring é traduzido como “tutoria”, “mentoria” ou “apadrinhamento”. Consiste em uma pessoa experiente auxiliar outra menos experiente. É normalmente o papel de um especialista que se dispõe a partilhar com alguém o assunto de sua especialidade, ou de um profissional mais vivido que se propõe a ter conversas estruturadas nas quais repassa seu conhecimento. Dividir com alguém mais jovem como enfrentou uma crise ou uma grande mudança de carreira, por exemplo, pode ser de enorme valia também para o mentor. Em empresas familiares, contar com a palavra dos representantes dos valores e da cultura corporativa é fundamental para quem está chegando.
O coaching, por sua vez, indica uma atividade de formação pessoal na qual um instrutor (coach) ajuda seu cliente (coachee) a evoluir em alguma área da vida. Há duas formas de tratar esse termo. A primeira, o coaching funcional, é vinculada à atividade inerente do líder com seus liderados. É função do gestor acompanhar, instruir, treinar e avaliar seus subordinados em feedbacks construtivos. A segunda é ligada a um processo individual para apoiar a liderança, conduzido por um consultor especializado. O coaching é recomendado em situações como mudanças de perfil da função do executivo, adaptação a novas culturas ou um novo momento da empresa, como reestruturações organizacionais.
Muitas vezes, o termo coaching é aplicado livremente, e até irresponsavelmente, para descrever qualquer atividade de aconselhamento. Esse uso indiscriminado da palavra dificulta o trabalho de quem atua seriamente no ramo e prejudica quem contrata o serviço. Por isso, é fundamental que os RHs conheçam como usar essas três ferramentas.
*Psicóloga, sócia da Vicky Bloch Associados e professora nos cursos de especialização em RH da FGV-SP e da FIA