Um dia comum de Marco Marcelino, CEO da Serinews Intelligence Service, começa com uma boa leitura de jornal. Notícias de 50 veículos de comunicação, organizadas por palavras-chave em uma plataforma digital. Após muitas reuniões com clientes, de pequenos empreendedores a multinacionais, o expediente também termina com leitura – desta vez, de artigos publicados em revistas científicas.
Por que tudo isso? Marco é um especialista em inteligência de dados com mais de 20 anos de experiência. E afirma: nesse ramo, trabalha-se com lógica, estatística e matemática. Mas também com muito contexto e interpretação – daí a importância de se manter antenado. “Devo estar sempre um passo à frente”, explica o executivo, “e atualizar meus clientes sobre os assuntos que lhes interessam”.
A missão de profissionais como Marco é coletar e organizar um grande volume de dados, e analisá-los a fim de identificar tendências e extrair insights. Assim, eles ajudam empresas a resolver problemas complexos ou tomar decisões estratégicas – seja otimizar processos internos, personalizar a experiência do cliente ou identificar novas oportunidades de negócios.
Quem contrata cientistas de dados, em sua maioria, são empresas nos setores de tecnologia, finanças, saúde, varejo e telecomunicações – e a demanda por esses profissionais aumentou exponencialmente nos últimos anos, segundo Leonardo Berto, gerente da empresa de recrutamento Robert Half.
Isso porque investir em inteligência de dados pode melhorar significativamente a capacidade de inovação, a eficiência e, por consequência, a performance financeira de uma empresa. “[Mas] também fortalece a reputação da companhia, atrai mais clientes e investidores e consolida sua posição no mercado”, afirma Leonardo.
Estatística… e ética
Esta é uma profissão relativamente nova, e há cientistas de dados com backgrounds diversos no mercado de trabalho. Marco, por exemplo, era jornalista. Mas todos têm habilidades em estatística e programação. Alguns
ainda se destacam, segundo o gerente da Robert Half, pela familiaridade com ferramentas de visualização de dados e plataformas de big data.
Especialistas em inteligência de dados também se deparam, eventualmente, com questões éticas e jurídicas. Por isso, é fundamental ter domínio do que estabelece a legislação brasileira sobre o uso e o tratamento de informações pessoais, por exemplo. A necessidade de cautela se deve ao fato de que tais profissionais têm um grande poder em mãos ao orientar decisões corporativas.
Marco se recorda de quando uma companhia planejava fazer uma demissão em massa, mas o setor de RH o procurou. Então, ele calculou quanto tempo e dinheiro a empresa despenderia para ter o conhecimento daqueles funcionários à disposição novamente. A estimativa fez os executivos mudarem de ideia, e ninguém perdeu o emprego.
Por isso, ele afirma: “Há muitos projetos que não são exatamente glamourosos. Mas são muito satisfatórios em relação à diferença que você pode fazer”.
ATIVIDADES-CHAVE
Coletar e organizar um grande volume de dados. Analisá-los, usando algoritmos ou modelos estatísticos, para identificar tendências e extrair insights para orientar decisões e resolver problemas.
QUEM CONTRATA
Pode ser qualquer empresa interessada em melhorar o embasamento de suas estratégias. Mas principalmente aquelas nos setores de tecnologia, finanças, saúde, varejo e telecomunicações.
O QUE FAZER PARA ATUAR NA ÁREA
Não é necessário fazer uma graduação específica. Mas é fundamental estudar programação, estatística e matemática. E gostar (muito) de mexer com dados.
MÉDIA SALARIAL
Um cientista de dados pode ganhar entre R$ 14.400 e R$ 24.100 mensais. (Fonte: Guia Salarial Robert Half 2024.)
Este texto faz parte da edição 93 (agosto/setembro) da Você RH. Clique aqui para conferir outros conteúdos da revista impressa.