Durante a maior parte da história da humanidade, as pessoas não acreditavam que o mundo mudava muito ou que a mudança poderia ser algo bom. Estabilidade e segurança eram o ideal. As notícias demoravam a chegar, a tecnologia não evoluía rapidamente e poucas pessoas viajavam trazendo novidades. O trabalho passava de geração para geração. Mas, essa não é mais a realidade. A mudança é necessária e inescapável. Queira você ou não, ela vai acontecer e o que aprendemos neste último ano e meio é que precisamos ter a capacidade de nos adaptar e rapidamente.
Depois de meses de home office, equilibrando a vida de casa com o trabalho, muitas famílias convivendo 24 horas por dia, lidando com aulas escolares online e com as incertezas de um vírus desconhecido, as máscaras, as restrições sanitárias e as vacinas, iniciamos um novo período de adaptação, ainda que seja aos poucos. As crianças e adolescentes, em sua maioria, voltaram integralmente às escolas e os adultos iniciaram uma retomada ao escritório adaptado. Claro, nem todos. Muitas empresas ainda estão mantendo o home office, mas uma grande parcela das organizações começa a pensar seriamente no formato híbrido.
O home office por diferentes perspectivas
Enquanto alguns viveram esses quase dois anos de pandemia em casa como se fossem um artista criando sozinho em seu estúdio, sem interrupções, com liberdade e autonomia que o trabalho remoto proporcionou, outros se sentiram desconectados da realidade do dia a dia. Não tem sido raro encontrar profissionais que se esqueceram do propósito de fazerem o que fazem e do bem maior que o seu trabalho proporciona. Muitos sentiram falta da energia de estar em equipe, de sair de casa e de ter um apoio e supervisão mais próximo.
Os desafios dos gestores no retorno à organização
Lidar com as diferentes necessidades das equipes neste momento é um dos grandes desafios dos líderes. Será que o melhor é aderir de vez ao formato híbrido ou deixar que as pessoas escolham a forma que mais se sentem confortáveis para trabalhar? Como promover a integração com parte da equipe em casa e parte no escritório? Como não privilegiar quem está no escritório presencialmente? Afinal, é sempre mais fácil conversar tomando um cafezinho do que parar tudo para agendar uma videochamada.
É preciso ouvir demonstrando apoio
A pandemia certamente trouxe muitas questões referentes ao limite entre o trabalho e a nossa vida em casa. Levou as pessoas a se questionarem sobre o que realmente querem do seu dia a dia profissional e chegou a hora dos líderes terem conversas francas com cada membro da equipe. Ouvir cada um atentamente, demonstrando humildade, disponibilidade, presença e empatia, pois, como disse o escritor norte-americano Ernest Hemingway, “a maioria das pessoas nunca escuta”. É o momento de todos nós aprendermos o que o home office trouxe de bom para as nossas vidas, o que não trouxe de tão bom e – talvez – criar uma nova cultura nas empresas, usando essa experiência para crescermos todos juntos.
Qualquer que seja a escolha da empresa – o home office, o híbrido, a volta 100% ao presencial -, será cheia de adaptações. Não há uma resposta fácil que define o que é melhor. O fato é que líderes precisarão estar mais atentos do que nunca para lidar com as questões emocionais que essas novas mudanças trarão. Navegar por relacionamentos no escritório nunca foi fácil, mas agora precisaremos cuidar ainda mais destas relações.