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Isis Borge

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Executive Director Talenses & Managing Partner Talenses Group
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A entrevista de emprego em que o candidato é quem questiona

O que você faria se, diante do recrutador, fosse orientado a fazer as perguntas que quisesse em vez de responder sobre sua experiência e ambições?

Por Isis Borge, colunista de VOCÊ RH
19 jul 2023, 07h00
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    ecentemente soube que o presidente de uma empresa, em vez de entrevistar o candidato, disponibilizou todo o tempo do encontro para que o profissional interessado na vaga lhe direcionasse perguntas sobre ele, a empresa ou a oportunidade. Tratava-se de uma posição-chave. Inicialmente, fiquei um pouco surpresa. Depois, conversando com esse executivo sobre a decisão dele, percebi que a estratégia tem muito sentido.

    Recapitulando alguns processos seletivos que estão em andamento na Talenses, notei que vários executivos têm aderido a esse formato de entrevista. Alguns dão todo o tempo para os candidatos fazerem perguntas, enquanto outros usam parte do tempo para essa dinâmica. Esses líderes fazem isso, em geral, quando já estudaram bem o currículo dos profissionais em questão e já pegaram informações da pessoa com outros entrevistadores do mesmo processo. Ou seja, estão em busca de criar, aferir e aprofundar suas próprias percepções.

    Em situações como essa, em muitos casos, a escolha de quem segue no processo seletivo ou até de quem é contratado se dá com base na qualidade das perguntas que são feitas pelo candidato e na profundidade do bate-papo após esses questionamentos. Candidatos com perguntas muito superficiais ou reflexões rasas, em geral, não seguem no recrutamento.

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    Fiz uma sondagem pessoal durante conversas com gestores adeptos dessa prática, mapeei alguns fatores que estão por trás dessa dinâmica de entrevista e gostaria de compartilhar com vocês. Em geral, ao abrir espaço para que o candidato tome as rédeas das perguntas, os entrevistadores querem entender se você…

    Sabe fazer perguntas inteligentes

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    O mundo está evoluindo. Com a inteligência artificial, nós não precisamos saber todas as respostas, mas precisamos saber perguntar para obter as melhores informações. Isso é mais uma prova de que não somos mais obrigados a dominar a técnica de tudo. As habilidades comportamentais, como fazer perguntas inteligentes, estão cada vez mais em destaque.

    É capaz de ser espontâneo e autêntico

    Com essa técnica de entrevista, o candidato é automaticamente retirado da zona de conforto, do discurso decorado. É quando esse profissional tem a oportunidade de mostrar seu lado espontâneo e autêntico, e o entrevistador começa a entender melhor a pessoa por trás do “personagem candidato”.

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    Tem conhecimento amplo sobre a oportunidade

    O candidato que não se preparou com boas informações sobre a empresa, o interlocutor, o setor e os concorrentes, fatalmente fica em uma situação de desvantagem na comparação com aqueles que vão para a entrevista conscientes de todo o contexto da oportunidade. Quem sabia algo sobre o entrevistador, estudou seu perfil e conhecia suas realizações foi capaz de fazer perguntas inteligentes sobre a carreira de quem estava do outro lado da mesa, o que tende a aumentar e acelerar a conexão entre pessoas que participam de uma mesma conversa.

    Tem afinidade com a companhia e a vaga

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    Hoje em dia, os candidatos estão mais cautelosos ao escolher um novo emprego. Quando um alto executivo da companhia almejada abre a agenda para tirar todas as dúvidas dos candidatos, esses profissionais tendem a se sentir mais seguros e conectados à oportunidade. É claro que existem uns minutos iniciais de surpresa, mas com o tempo a conversa se aprofunda e o nível de afinidade entre os participantes do bate-papo se revela. Diferentemente do que pode acontecer na correria de uma entrevista padrão.

    Lida bem com imprevistos e pressão

    Muitas empresas optam por fazer essa dinâmica de forma presencial, ou seja, sem dar a possibilidade para o entrevistado fazer pesquisas de última hora pela internet, enquanto o bate-papo acontece, revelando muito sobre sua postura diante de imprevistos e pressões, contexto comum no dia a dia profissional nas empresas. Presencialmente, o candidato também tem a oportunidade de sentir melhor o foco do entrevistador em responder às perguntas.

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    É, realmente, a pessoa certa para a vaga

    Os entrevistadores que já optaram por abrir espaço para que os candidatos façam perguntas comentaram que, graças a essa nova via para apurar percepções, foi mais fácil promover um desempate justo entre os profissionais finalistas de um processo. Isso porque algumas pessoas foram bastante sagazes ao apresentar discursos contextualizados, com base no que sabiam sobre os desafios da vaga e fazendo conexões com o que já tinham feito anteriormente, por exemplo.

    Entende a importância das habilidades comportamentais

    As habilidades comportamentais continuam sendo um fator decisivo em processos seletivos. Candidatos que fizeram perguntas sobre estilo de liderança e outros tópicos relacionados às chamadas soft skills levaram vantagem sobre aqueles que exploraram somente o macro da empresa e da vaga.

    Encaro essa dinâmica de permitir que os candidatos façam perguntas aos empregadores ou entrevistadores como mais uma fase da gestão humanizada, que nós, como colaboradores, tanto pleiteamos. Mas, assim como tudo na vida pessoal e profissional, é preciso estar preparado para as oportunidades quando elas se apresentam. Então sugiro que na próxima entrevista de emprego você se prepare para o momento em que alguém te disser: “Ok, tenho mais 30 ou 40 minutos reservados para essa reunião, e eu gostaria que aproveitasse esse tempo para perguntar tudo o que você quer saber sobre mim, a oportunidade em questão e a empresa. Pergunte e eu te respondo”.

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