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interessante estar do lado de cá, como recrutadora, fazendo o papel de intermediadora das conversas entre candidatos e empregadores. Nós torcemos para que as empresas encontrem o profissional mais adequado para a vaga em aberto, mas também procuramos colaborar ao máximo para que a experiência, tanto da entrevista, quanto da contratação e do dia a dia no trabalho, seja positiva para quem busca se movimentar ou se recolocar na carreira.
Nessa minha rotina, é comum eu presenciar alguns comportamentos que, em alguns casos, desencadeiam a reprovação de um profissional em um processo seletivo. Um deles refere-se a respostas que as pessoas dão, muitas vezes sem se dar conta do quão desastrosas elas são. Para exemplificar, eu destaco algumas muito comuns:
Pergunta do recrutador: Por que você avalia mudar de emprego?
Resposta inadequada: “Quero mudar de carreira, atuar em uma área diferente”
Se a vaga for para a mesma área de atuação ou especialidade, essa afirmação deixa claro que o profissional não gosta do que faz — é praticamente inevitável ser descartado na entrevista.
Pergunta do recrutador: Por que você sairia da empresa em que está?
Resposta inadequada 1: “Na verdade, não tenho muita certeza. Tudo vai depender de como está a minha empregabilidade no mercado, se meu salário está competitivo”
Esse tipo de colocação faz com que o potencial empregador descarte o candidato por sentir que está perdendo tempo com alguém que não é, de fato, interessado na vaga.
Resposta inadequada 2: “Porque o meu chefe é muito difícil. Ele cobra demais e tem um temperamento que não combina com o meu”
Grande parte das movimentações acontece em função do mau relacionamento entre colaborador e gestor, mas falar mal do atual líder ou da atual empresa nunca será bem visto por quem pensa em contratar você. Uma forma estratégica de falar sobre o tema é dizer que você não se identifica com o modelo de gestão e, por isso, está buscando uma nova oportunidade. Você também pode dizer que alguns pensamentos ou comportamentos do seu atual gestor vão contra os seus valores. Procure não entrar em detalhes sobre atitudes de alguém que não está na conversa para tentar se defender.
Resposta inadequada 3: “Porque, hoje, eu trabalho demais. Quero desacelerar, trabalhar menos”
Por mais que isso seja verdade e seja seu direito querer reduzir o ritmo, falar isso em uma entrevista pode ser bem arriscado. Nesse caso, para não ter que mentir, sugiro que, antes de aceitar participar de um processo seletivo, você avalie bem o perfil da empresa com relação ao nível de cobrança sobre os resultados dos profissionais.
Resposta inadequada 4: “Porque, hoje, sou um funcionário temporário e quero algo fixo”
Só dê essa resposta se tiver certeza absoluta de que a vaga para a qual está fazendo a entrevista é permanente ou fixa. Essa resposta pode ser um tiro no pé se a posição for temporária, mesmo que exista grandes chances de efetivação. Porque a empresa saberá que, surgindo alguma posição efetiva, perderá o profissional para o mercado.
Pergunta do recrutador: O que chamou sua atenção nessa posição que estamos ofertando?
Respostas inadequadas: “Não teve nada específico, mas avalio a vaga pois preciso muito trabalhar”/ “Eu me candidatei a tantas vagas que agora não sei dizer” / “O que vocês fazem mesmo?”
Na procura por uma oportunidade, é preciso pensar muito nos seus desejos, nas suas necessidades e nas suas expectativas. Mas considere também que o seu interlocutor está procurando alguém para ajudá-lo a resolver desafios no dia a dia da empresa. Então, é fundamental pensar sobre o que dizer em uma entrevista de emprego de uma forma que demonstre que a sua presença na equipe será um diferencial positivo para o negócio. E também que você está de fato interessado naquela vaga em questão.
Pergunta do recrutador: Qual é seu ponto fraco?
Resposta inadequada: “Ansiedade e/ou perfeccionismo”
Essa é uma das perguntas mais temidas pelos candidatos e, por isso, muitos optam por respostas-clichê, em vez da sinceridade. Um recrutador experiente vai perceber isso e interpretar que você carece de autoconhecimento, o que não é bom. Reconhecer os nossos pontos fracos não é ruim, desde que a informação venha acompanhada de uma ação corretiva que já está em prática. Por exemplo, meu desafio pessoal é evitar a procrastinação, mas tenho ficado mais atento para organizar melhor o meu dia, evitar distrações e cumprir prazos.
Pergunta do recrutador: Qual a sua forma de trabalho?
Respostas inadequadas: “Gosto de trabalhar sozinho”/ “Trabalho melhor sozinho”
Hoje, ter capacidade de trabalhar em equipe é um requisito da maior parte das posições abertas. É sempre perigoso se vender como uma pessoa reclusa ou individualista.
Pergunta do recrutador: Agora que estamos chegando ao final da entrevista, você tem alguma pergunta a fazer?
Resposta inadequada: “Sim. Qual é o salário que vocês estão ofertando e quais os benefícios?”
É seu direito querer saber quais serão as recompensas por trabalhar em determinada empresa. Mas quando essa é a primeira dúvida do candidato, o recrutador fica com a impressão de que nada mais interessa na vaga além do salário. De uma forma geral, a remuneração recebida é um fator importante. Mas, no longo prazo, outras questões também fazem o dia a dia em uma empresa ser gratificante, como o clima organizacional, os desafios propostos, o perfil da gestão, as oportunidades de crescimento e aprendizado, entre tantos outros pontos. Então, antes de ir para uma entrevista de emprego, faça uma avaliação sincera sobre o que você valoriza em uma oportunidade de trabalho e tenha em mente perguntas para fazer ao recrutador. Se você vir que o processo avança muito e os temas salário e benefícios não são abordados, então você pode abordar a questão de remuneração, mas nunca logo no início da seletiva.
Pergunta do recrutador: Em outras ocasiões, você já pensou em sair da empresa em que está?
Resposta inadequada: “Sim. Inclusive, cheguei a participar e ser aprovado em um processo seletivo. Mas, na época, acabei recebendo uma contraproposta e decidi ficar na minha empresa atual”
Falar que se deixou reter por uma contraproposta pode passar para o recrutador a impressão de que você guia a sua carreira apenas por questões financeiras e/ ou que não busca sinalizar e resolver insatisfações antes que elas se tornem insustentáveis. Minha recomendação aqui é: sempre busque melhores condições de trabalho e remuneração enquanto estiver interessado em permanecer dentro da empresa para nunca ter que aceitar uma contraproposta. Até mesmo porque, muitas vezes, o empregador retém um profissional com um aumento salarial simplesmente porque foi pego de surpresa com a notícia e não necessariamente porque deseja que ele permaneça.
Dar respostas inadequadas é apenas um dos erros mais comuns em processos seletivos. Mas trata-se de uma ação que merece muita atenção. Para não errar, é importante considerar que ninguém está disposto a contratar uma pessoa negativa, que fala mal de colegas, dos gestores ou da empresa, que seja muito informal, fale gírias ou palavrões, não tenha se preparado para o bate-papo ou demonstre não ter um plano de carreira. A ideia com essa preocupação, em geral, é minimizar as chances de alguém entrar no time para influenciar negativamente no clima organizacional.
Com frequência, candidatos me procuram para desabafar sobre a situação de fazer diversas entrevistas de emprego sem sucesso. Em alguns casos, esse retorno negativo está relacionado a um dos itens que citei nesse artigo. Por isso achei interessante trazer mais informações sobre as possíveis causas de reprovações.
Espero que, com esses exemplos, eu consiga ter ajudado.
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