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Isis Borge

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Executive Director Talenses & Managing Partner Talenses Group
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Pretensão salarial: aprenda a responder à temida pergunta dos recrutadores

Fugir do tema não pega bem, porque dá a impressão que você não sabe valorizar o próprio trabalho. Siga as dicas de uma headhunter.

Por Isis Borge, colunista de Você RH
Atualizado em 25 abr 2024, 13h56 - Publicado em 24 abr 2024, 19h01
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  • “Qual é a sua pretensão salarial?” Acredito que essa pergunta seja uma das mais temidas nos processos seletivos. Mas não há motivo para isso – e eu vou te explicar por quê.

    As empresas abrem posições com um orçamento definido. Companhias mais organizadas estabelecem, inclusive, faixas claras de salários por níveis hierárquicos, que são alinhadas entre todos os seus escritórios. 

    É natural que, ao começar um processo seletivo, muitas empresas queiram saber a pretensão salarial de quem se candidata. Essa sondagem evita o desperdício de tempo de todos os envolvidos. Não dá para correr o risco de, somente na última etapa, concluir que a vaga não será preenchida por uma questão salarial.

    O que acontece, porém, é que muitas pessoas têm receio de responder com sinceridade essa pergunta. Mas o recrutador espera que os candidatos tenham pelo menos uma ideia de remuneração. Afinal, considerando nossas necessidades básicas, todos somos capazes de definir um valor mínimo para viver dignamente. 

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    Como definir sua pretensão salarial

    Se falar sobre pretensão salarial é um problema para você, sugiro um exercício. Faça uma lista de todos os seus custos básicos de vida. Em seguida, faça outra lista de investimentos em viagens ou outras atividades que tenham a ver com o seu estilo de vida, como a prática de um esporte. 

    Busque também compreender qual é o valor médio que o mercado paga para profissionais que ocupam a cadeira que você está pleiteando. Para isso, é importante consultar pesquisas salariais: mapeamentos que consideram o setor, o porte e a localidade da empresa na qual você deseja trabalhar. 

    Ao avaliar tais pesquisas, considere que a faixa inicial refere-se àqueles com menos experiência na função ou que atendem os requisitos principais da vaga mas ainda carecem de algumas habilidades técnicas, como o domínio do inglês. Na faixa do meio, encontra-se a maioria das pessoas que ocupam a posição com algum domínio da função. 

    No topo da faixa, com os maiores salários, estão as pessoas mais experientes ou com diferenciais importantes no currículo, como especializações em universidades referência do exterior e pleno domínio de um ou mais idiomas. Ter essa noção pode agregar mais segurança na sua definição quanto a pretensão salarial.

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    Com base na análise de todos esses valores será mais fácil entender qual é o valor mínimo que você deve aceitar – e qual seria o salário ideal para você poder trabalhar com tranquilidade e motivação, sem o desespero de encontrar um emprego que pague melhor. 

    Se a sua pretensão salarial estiver muito fora dos parâmetros do mercado, naturalmente será mais difícil encontrar uma empresa que esteja disposta a lhe pagar o que você tem em mente. Nesse caso, é necessário rever o valor que você deseja e avaliar se é possível reduzir os seus custos mensais. Você também pode procurar entender quais são os requisitos requeridos para uma posição acima da sua – e se capacitar já visando uma futura promoção.

    Pacote de benefícios e outros pontos a se avaliar

    Também é importante comparar o pacote e as condições dos benefícios que a nova empresa está oferecendo, com base no que você tem ou teve em outra companhia. Um plano de saúde, por exemplo, pode ter seu valor descontado em folha de pagamento, oferecido gratuitamente ou disponibilizado pelo modelo de co-participação. Isso deve ser levado em consideração.

    Caso a empresa oferte veículo, veja quanto custa o aluguel de um automóvel do mesmo porte para somar ou excluir da pretensão salarial. Analise, também, as condições de previdência privada, vale-refeição, vale-alimentação, vale-combustível e auxílio-creche, por exemplo. 

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    Na impossibilidade de ter acesso ao pacote de benefícios nos primeiros contatos do processo seletivo, você pode dizer algo como: “se o pacote de benefícios for semelhante ao que tenho atualmente, a minha pretensão salarial é X”.

    Empresas maiores costumam ofertar um pacote salarial mais elevado e um conjunto de benefícios mais completo. No entanto, nem sempre a remuneração sozinha gera realização. É importante avaliar também a sua aderência à cultura da companhia, ao clima organizacional e ao modelo de gestão.

    Não esqueça de considerar também se a nova posição exige uma mudança de cidade, qual é o modelo de trabalho praticado e de que forma essas informações impactam na sua vida e, se for o caso, dos seus familiares.

    A avaliação precisa ser ainda mais criteriosa em posições executivas que envolvem DNO (seguro para quando o executivo assina como estatutário da empresa) e LTIs (bonificações de longo prazo que ficam retidas se a pessoa se movimentar). Em muitos desses casos, é oferecida a negociação de “luvas” e garantia de bônus para a migração. Em cargos de C-Level, os contratos paraquedas também são usuais para minimizar o risco da migração. 

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    Em todos esses casos, o que empresas e recrutadores esperam é que a pessoa seja transparente e coerente sobre as expectativas de remuneração. Eu vejo profissionais exporem bem suas pretensões salariais e se mostrarem flexíveis. Há quem diga, por exemplo, “a minha expectativa seria de um aumento de 20% com relação ao que eu ganho, mas estou aberto a entender melhor o projeto e o pacote que será ofertado”. Em casos assim, abre-se espaço para o diálogo em vez da simples exclusão da pessoa do processo. 

    Responda à pergunta – e peça ajuda, se necessário

    Em suma: no início de processos seletivos, você sempre pode dizer algo como “Com essas base nas informações que tenho até agora sobre a posição, o escopo da vaga e a empresa, minha pretensão salarial é X. Mas, claro, podemos conversar melhor sobre isso quando eu tiver mais informações sobre o trabalho e o que vocês esperam de mim à frente da função”.

    Algumas pessoas acreditam que o empregador só está disposto a pagar entre 15% e 30% a mais que o salário atual do candidato. Isso não é verdade. Há casos em que a empresa se dispõe a pagar exatamente o mesmo valor porque é o dinheiro que ela tem em caixa. Mas algumas pessoas conseguem incremento significativo na remuneração. Tudo vai depender da realidade financeira de quem contrata. 

    Na dúvida, busque aconselhamento com profissionais da sua confiança e que tenham mais conhecimento do que você no assunto. Eu, como headhunter, costumo ser bastante solicitada para isso.

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    Independentemente de qual seja o valor ideal para você, se posicione. Evitar falar sobre pretensão salarial pode ser prejudicial, pois demonstra uma baixa capacidade de você valorizar o seu próprio trabalho. Já vi muitas empresas eliminarem executivos de processos seletivos por isso.

    Pense a respeito, entenda o seu valor para o mercado e não tenha receio de falar abertamente sobre o tema. 

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